Os vermes da grande maçã

Montado no inicio dos anos sessenta, o grupo peregrinou por diversas casas noturnas de Nova York, sendo expulso da maioria delas, até que em um destes shows o Velvet Underground foi descoberto por Andy Warhol, papa da arte pop e comandante da Factory, misto de ateliê e boate.
Eis a gênese real, o ponto de partida para uma das mais influentes bandas do rock da história.
Mas provavelmente você não os conhece...
Não se preocupe, provavelmente você gosta de algum artista que certamente foi influenciado por eles.Curiosamente, Andy presenciou uma destas expulsões na noite em que os contratou.
Após tocarem “Black death angels song”, o empresário da banda subiu ao palco e ordenou que eles nunca mais tocassem aquela musica, mas bastou o homem descer do palco para Lou contar até três e tocar “Black death” novamente.
Em tempo, a canção é só um monte de barulhos desconexos e com uma letra declamada como se fosse uma poesia. Fala de morte.
O nome da banda foi tirado de uma revista pornográfica sadô masoquista, e as letras de Lou Reed têm forte influência de poetas malditos - como Delmore Schuwartz - ou sujos - como o beatnick William Burroughs - seguindo conselhos de Wahrol que lhe dizia para manter sempre palavras sujas e agressivas em suas canções. Somando isto ao rock em estado puro, quase monolítico fica fácil perceber porque não conseguiram alcançar o sucesso à época.
Outra “contribuição” ao grupo do dono da Factory foi a entrada de Nico.

Misto de modelo, atriz e cantora alemã que cantava duas canções nos shows e passava o resto da apresentação imóvel, de pé ao lado de Lou. Tão fria e glacial que era ironizada até pelo pessoal do grupo que, dizia ser a única banda que tinha uma estatua em sua formação.
Com eles o VU gravou apenas o primeiro disco: “The Velvet Underground and Nico”, que tem a capa desenhada por Warhol. E que por mais que hoje se diga que é genial não vendeu nada.
O disco tem temas pouco convencionais para o ano de 1968, conhecido como o verão do amor. Muito para lá de sombrios.
De: Vícios (Heroin e I'm waiting for the man, que era autobiográfica e conta como Reed se sentia ao esperar seu "personal traficante"); prostituição (There she goes away), sexo em todas suas variantes (Vênus in furs, Run, run, run), morte (Black death angels song) e até temas mais barra pesada como amor (Femme fatale, All tomorow parties).
Como consequencia do fracasso comercial houve o rompimento de Andy e sua Factory com a banda. E obvio, Nico foi dispensada.
A banda também perderia o multi instrumentista John Cale por brigas com Lou Reed, e seguiria seu calvário lançando mais três discos sob a batutaagora exclusiva do ‘principe do valium’ e fazendo trocas em sua formação.
Boas canções não faltaram como "Pale blue eyes", "Candy says", "Who loves the sun" sem nenhuma repercussão imediata.
Os shows quase sempre foram uns fracassos de publico, não tendo mais que trinta ou quarenta pessoas presentes, e foi assim durante todo o tempo em que estiveram na ativa com a formação original..
Só que quem viu John Cale (baixo; viola; teclados e voz), a senhorita Mo Tucker (bateria - que tocava de pé - e voz), Sterling Morrison (guitarra) e Lou Reed (guitarra e voz) em palco naqueles tempos, invariavelmente montou um conjunto ou se meteu com musica de alguma forma.
E não é exagero dizer que quase todos eles fizeram trabalhos altamente relevantes.
Dos Stooges de Iggy Pop até Morrisey e seu The Smiths, passando pelo Jesus and Mary Chain dos irmãos Reed.
De David Bowie e depois todo o pessoal do punk, pós punk, góticos e até chegar ao Prodigy de Keith Flinth. Acha pouco?
Pois não é.
Ninguém escapou à influencia do Velvet Underground.



Velvet Underground - Femme Fatale

Comentários

Unknown disse…
velvet é uma dessas bandas Cult que estão por detrais da maioria das bandas atuais, mais na verdade ainda não escutei música deles.

achava que Baudelaire também era influencia para eles. é verdade isso?
Anônimo disse…
Caro Ron:

É um grande prazer visitá-lo e ler aos últimos posts ao som de um ótimo fundo musical.

As visitas ao seu espaço são sempre muito profícuas, pois aprendo bastante com você!

Pelo jeito perdi a última polêmica sobre Barichello. Então permita colocar mais um pouco de lenha na fogueira. Já estou ansioso para ler o seu livro. Ontem soube por meio do programa Fantástico que estaria ele escrevendo uma espécie de autobiografia. E me sentiria lisongeado se fosse convidado para tomar um whisky ao seu lado, pois o cara parece ser do tipo de pessoa agradável para um bate-papo.

Como piloto, acho que cumpriu o seu papel. Lembra-se da época em que Eddie Ervine teve todas as chances e não soube aproveitá-las? O mesmo não se pode dizer de Barrichello porque ele não teve a chance. Sempre foi o número 2 na Ferrari. Uma crítica que faria seria em função de não ter tentado mudar a história com uma mudança de equipe. Ficou confortável no posto de número 2 contabilizando os milhões.

Todavia, essa foi uma opção pessoal.

Assim também, respeito todas as suas críticas a ele. Elas têm fundamento e expressam uma opinião.

Como disse, sempre aprendo alguma coisa mais quando visito a sua página. Mesmo tendo o seu link em Feeds, nem sempre chego em tempo para comentar em dia.

E muitíssimo obrigado pelo "Lord"! É de uma delicadeza impar.

Abraços.
Ron Groo disse…
FaALC, Charles Baudelaire eu creio que não, mas outro Charles, o Bukowisk eu tenho certeza de que sim. Influênciando até o modo de vida dos caras.
Obrigado!.

Lord Marcus, este livro - se sair - vai ser um compêndio de todas as bobeiras que o boquirroto disse: "Piloto 1B", "sacaneado", "um brasileirinho contra o mundo", "força de contrato". Isto se o livro sair, porque diz a piada que o livro do Schumacher tem de sair primeiro.
Quanto a Eddie Irvine, não foi por falta de esforço. Não vamos esquecer que ele lutou contra o unico homem que enfrentou o alemão de igual para igual no auge das forças: Mikka Hakkinen. E isto não é pouco.
Obrigado pelos elogios, sempre.
Marcos Antonio disse…
Grande Velvet,maior que o velvet foram a spessoas que estavam na platéia e formaram grandes bandas...
Não conheço nada da banda, mas assim dos artistas que vc citou influenciados por ela, só mesmo o pessoal dos Smiths eu gosto. Será que isso quer dizer alguma coisa?:P
Expedito Paz disse…
Há alguns anos, tinha uma colega de trabalho que era fã do Velvet. Daí ela torrou minha paciência pra que eu ouvisse, me emprestou os CDs... fui ouvir, achei muito, muito, muito chato. Talvez, um dia, quem sabe, eu dê uma nova chance a eles. Afinal, teoricamente eu estou mais velho e talvez aceite melhor as esquisitices deles. Ou então admito que, com a velhice, minha mente está cada vez menos aberta a novidades, sejam elas realmente novas ou não.

E a Nico era bem bonita.