Devaneios sobre o artista que se foi


-Não to entendendo o que estão querendo fazer com a morte deste rapaz ai...
-Que rapaz? O MJ?
-É... Este ai mesmo... Tentam nos empurrar goela abaixo uma genialidade que não consigo enxergar.
-O cara era um pop star, talvez o ultimo pop star vivo.
-Não agora...
-É... Agora ele não é mais o ultimo pop star vivo...
-Ainda acho que o McCartney é maior que ele, sempre foi...

-Nada... Só por que o cara era um beatle?
-Não! Obra por obra a do velho Macca é mais, digamos... Substanciosa né?
-Não acho... O MJ tinha aqueles vídeos clipes legais... Tem aquele com os monstros; aquele das gangues; tem também aquela outra em que ele fica mudando de cara e de cor...
-Cê lembra das musicas?
-Não. Só dos clipes.
-Ah... Claro.

-Mas o que importa é que agora que ele morreu vai virar ícone.
-Do que?
-Ah cara... Do funk.
-Este lugar já tem dono: James Brown.
-Então do soul...
-Que tal Marvin Gaye ou Otis Reding. Até mesmo o Al Green.
-Da musica pop então?
-Nada... Musica pop todas são. Com exceção dos eruditos né? Então não dá pra dizer que existe ícone em um negócio tão multifacetado.
-Como assim?
-Tudo é pop. Pop vem de popular. E rock é popular, funk é popular, soul é popular, jazz é popular... Tá vendo? Entendeu?

-É má vontade com o cara... Ce não gostava.
-É... Não gostava e não vou gostar agora que morreu. Sempre achei sua musica sem sal. Ou eram falsamente épicas ou verdadeiramente chatas. Se for para falar de black music prefiro os que citei antes.

-Ah, mas ele dançava pra caramba! Você não pode negar isto.
-É não posso, mas você também não vai poder negar que não se vê a dança quando se põe o disco ou o CD para ouvir. Ou seja, minha tese de que sua música não se sustenta sem as imagens é forte.

-E os shows? Todo aquele aparato tecnológico, as pirotecnias, as coreografias e tal...
-Ah cara... Nem ia falar, mas tudo isto me parecia muleta para desviar a atenção da fraqueza do que realmente importa em um show que é a música. E ainda podemos por na conta do defunto todos os tipos intragáveis que se apresentam com musicas ridículas e muita pompa em shows megalômanos e vazios. Gente que sobe ao palco para fazer playback com uma corriola de dançarinos, explosões, luzes e nenhuma canção realmente boa de verdade. Se não fosse MJ estaríamos livres de porcarias como Madonna, Britnei, milhares de cantores de pseudo rithm´n blues ou de baladas mela cuecas tipo Bob Brown, Coolio, Rick Martin...

-Tá legal... Já entendi. Na tua opinião não tinha nada que preste na obra dele.
-Os primeiros dois minutos da introdução de “Billie Jean”. Em minha concepção ele foi o primeiro artista a entender que era possível vender musica ruim com clipes bem feitos.
-Que seja... Ainda assim eu gosto muito.
-Que bom... Afinal o que seria do branco se todos gostassem do amarelo né?


Comentários

Felipão disse…
Ah, sim. Tem quem não goste. De qualquer forma, não dá pra dizer que o maior vendedor de discos do mundo seja um cara que não tenha lugar na história da música. Houve comoção no mundo todo... Vi entrevistas de admiradores em países áraes, China, Israel, Austrália... em tudo que é canto lamentou-se. Acho que só os Beatles conseguem a proporção histórica dele...
Unknown disse…
kkkkk! direto no alvo!!!

pois é, acho que quem devia de ser chamado genio é aguele neguinho do bronx que fazia a pirotecnia e os efeitos do palco... mais desse neguinho (que não teve dinheiro pra pegar vitiligo..) ninguém vai fazer matéria quando morrer
Anônimo disse…
Groo direto ao ponto msm, parabéns. Eu sou do time que não vou criticar o MJ pela superfciliadade da carreira dele, nem msm pelas besteiras que ele fez afinal desde cedo teve sua cabeça atropelada pela fama e talz.. Parabéns Groo.
Cezar Fittipaldi disse…
Onde eu assino? Excelente análise. Vivemos na era da aparência da falta de substância, do vazio. Paul sim, tem obra e currículo e olha que poderia ter parado nos anos 60. Detesto shows pirotécnicos e vazios. Agora, Ottis é covardia....rs
Christian Camilo disse…
haha
surprendente.
Mas cara. algumas musicas do mj era legais pô.
vc nao gostava desta:
http://www.youtube.com/watch?v=ZorRGrDiMsA&feature=player_embedded

Gro, te adicionei no msn
posso mandar as perguntas pra aquele email mesmo?
abração!
Christian Camilo disse…
ps- eu não era santista
era bugrino!!!
depois virei são paulino (daqueles que foram na onda mesmo, de raí)

Quando chegou a era Rogério Ceni eu brochei tanto com a arrogancia dele que prefiro ser bugrino.
Loucos por F-1 disse…
Eu nunca me interessei pelas músicas dele, mas quando eu era mais novo adorava ver ele fazendo o moonwalker. Ficava igual um mané tentando fazer e nunca conseguia...hahahaha

Abraço!

Leandro Montianele
Daniel Médici disse…
Posso falar na condição de quem não é do tempo dele e não gostava muito do cara. Acho MJ um ícone, justamente porque fez o álbum mais vendido de todos os tempos (com a ajuda de Quincy Jones, claro). Gostar ou não gostar vai de cada um, mas ele é de uma época em que a vendagem era o parâmetro: a música era extremamente dependente das gravadoras (e isso inclui de BeeGees a Led Zeppelin), eram elas que diziam quem era bom ou não, quem era tendência ou não.

Quanto aos videoclipes... vivemos na sociedade do espetáculo, não? O espetáculo não se faz sem imagens, já dizia Guy Debord em 67! A inserção de imagem na música foi o auge de seu componente espetacular, e se o moonwalk não pode ser comparado à Sagração da Primavera, ele quis dizer alguma coisa para seu tempo. Ver o declínio e morte de Michael Jackson é ver o declínio e morte de muito do que já fomos um dia, mesmo que por oposição. Vê-lo em toda sua crueza caricatural é um árduo exame de autoconsciência para nós. Mesmo que inconsciente...
Anônimo disse…
Groo, vou discordar de você. Claro que gosto não se discute e não está nesse ponto minha discordância, é evidente que todos tem o direito de gostar ou não do que quiserem.

Mas subentender que o cara foi um "nada além da introdução de Billie Jean" não faz o menor sentido, com todo o respeito.

Posso até concordar com você que se não fosse ele, não existiria Madonna, Britney Spears e tantos outros lixos que poluem as rádios e TV's do mundo todo, mas não foi Michael Jackson que fez o contrato desse bando de gente ruim com suas respectivas gravadoras e agências. Além disso, também posso concordar com você que Jackson pode não ser ícone máximo de nenhum gênero musical, mas não dá pra dizer que a música dele era ruim e sem qualidade, não. Em nenhum aspecto. Se o que veio depois dele é um lixo, ele não tem culpa de as gravadoras terem optado por contratar lixos.

Só mais uns pequenos detalhes:
- O cara não fazia shows em estádios lotados utilizando playback, nem para a voz e nem para o instrumental. Qualquer um que entenda um pouquinho só de música pode notar isso ao ouvir músicas dele ao vivo. Inclusive você pode encontrar vídeos dele em 2001, cantando ao vivo, com a mesma voz de quando tinha 25 anos - aos 42 anos de idade. E não, não é playback, porque a música está um tom abaixo da original.

- O cara não precisava da imagem pra sustentar seu sucesso. Não se esqueça de que ele começou a fazer sucesso com cinco anos de idade, nos anos 60, e em 2009, sua morte causou a comoção que causou. Me mostre um artista que tenha conseguido isso. Nenhum. Me mostre um artista, então, que tenha conseguido pelo menos 1/3 disso, só com imagem. Nenhum, também. Porque se coroas de 40 anos sentiram sua morte, muita gente que nasceu nos anos 90 também sentiu.

- Ouça Michael Jackson cantando com 7, 10, 15 anos. Ninguém conseguiria cantar daquela maneira, com aquele soul, sem pelo menos uns bons 5 anos de aula de canto. E Jackson com 10 anos cantava daquela maneira.

- O cara veio na contramão em vários aspectos: na dança, na produção musical, na produção de videoclipes, na produção de shows, no repertório, na popularização da música negra através de uma roupagem mais moderna para as épocas em que fez sucesso. É o segundo artista que mais vendeu discos na história e é dono do álbum que mais vendeu em todos os tempos, marca que não será superada.

Tem muito mais coisa. Mas nada disso seria feito "só com imagem", como você supôs. Muito menos só com a introdução de Billie Jean.

É como eu disse em meu blog: goste-se ou não, o cara era um gênio da música, porque não se consegue tudo isso que foi dito aqui apenas com imagens e danças. Até porque sua dança não foi inventada: Elvis dançava, James Brown dançava...

Pode-se até não gostar, mas não há como negar que o cara foi acima da média, sim. Isso é incontestável, já que contra fatos não há argumentos.
Groo, não vou nem comentar nada sobre o MJ, até porque todo mundo já esgotou o repertório e eu sou consumidor de quealquer porcaria mesmo, sou assim: entrou no ouvido eu gostei, pronto!! está ótimo, tirando funk axé music e aqueles insuportáveis 200 pagodeiros e seus conjuntos de nomes originalíssimos o resto se eu gostar eu encaro.

Mas aqui prá nós Groo sem querer ser FDP mas já sendo: nada mais providencial para impulsionar de novo uma carreira descendente que uma providêncial morte, né? pena que tem muitas contra indicações e alguns problemas incontornáveis, principalmente para o dublê de cantor e presunto, não tenho dúvidas que se não fossem esses "probleminhas" essa opção seria usado por muitas estrelas decadentes que andam por aí....

P.S. Já que esse fator chave que acabei de descrever realmente impulsiona a carreira de qualquer cantor decadente, me deu uma vontade irresistível de comprar uma 12 de repetição e dar uma impulsionada na carreira de alguns artistas que infestam e infectam nossos ouvidos, sugiro a você que é o mediador e escriba do pedaço que faça um post aceitando sugestões dos possíveis candidatos....

PS.2 ( ou x-box, tanto faz....) Desculpe o humor negro, mas não resisti....
Ron Groo disse…
Hugo... Pode discordar a vontade, é pra isto que o texto ta ai.

A morte de MJ causou comoção sim, afinal é a primeira morte de um pop star com alguma relevancia na era da "full information"

O que não engulo é esta coisa de querer por como icone um sujeito que nada mais fez que requentar formulas antigas de black music, com qualidade duvidosa e muita pirotecnia.

A morte, como bem disse o Ruben Gonzales, impulsiona qualquer carreira já estacionada.

Havia uma piadinha do Glauco, muito à carater com seu personagem Doy George, calcado em Boy George que era mais ou menos assim:

O empresário de Doy entra na sala de ensaios e avisa que as vendagens da banda cairam 70 por cento.
Doy então olha pra banda e pergunta na lata: "-Tem alguem ai afim de dar uma morridinha por overdose?"

E acho que posso sim dar uns pitacos sobre a qualidade da musica de MJ sem me passa por irrelevante.
Afinal dos 35 anos de vida passe ao menos vinte enfiado em ensaios dos mais diversos como baterista, e não bastasse ainda fui me especializar em jazz.
Daí dá pra ter uma noção do que é musica de qualidade sustentavel e do que é produto de marketing direto.
Ou não?

Ps. E não é só MJ não... Pegue os ultimos shows do Pink Floyd e veja a quantidade de pirotecnia era usada para apresentar as composições mais recentes do grupo, que obviamente não se comparam a sua epoca auge. E veja se não faz sentido a teoria de que é necessário algo mais para desviar o foco da música quando esta é ruim...

Quanto ao talento de cantor que você o imputa já aos 10 anos de idade e sem cinco anos de estudo de canto, bem amigo... Dê uma boa ouvida em todos os cantores negros relevantes dos EUA. De Aretha a Beyonce. De Etha James e Otis Redding, e veja que todos vieram do mesmo lugar: A igreja Batista americana. E todos já cantavam aos 8 anos de idade com vozes mais poderosas que a do menino Michel.

Digo e repito. MJ é produto da era do Video.
Pergunte o Stevie Wonder que não pode ver os clipes se ele prefere o Mj ao Al Grenn?

Mas Valeu... Era isto que eu queria, que as opiniões em contrário aparecessem. Afinal é pra isto que expomos as nossas, não é?
Anselmo Coyote disse…
Se a Ivete Sangalo fosse americana...
Brun@ disse…
Groo.
Eu amo música e os anos 80, logo a perda do Michael para mim é sim significativa. Não pela morte em si, pois todos iremos cada um ao seu tempo, mas pelo drama que levou o sujeito ao último estado que por sua vez o levou a morte.

Aos que não reconhecem ou nunca se simpatizaram pela sua figura e trabalho, é tudo uma questão de gosto musical, cada qual marca uma época de uma forma eu penso.

Curto muito Thriller, choro com Man In The Mirror e vejo a minha infância passar vendo They Don't Care About Us e Black or White, vi o filme Moonwalker sexta no SBT e sabe há quanto tempo eu não o via desde a primeira vez que a mesma emissora exibiu? Aproximadamente uns 10 anos.

Porém, vou resumir o meu pensamento com palavras alheias na falta de poder escrever coisa melhor com as minhas:

"Chame o cara do que quiser, julgue suas ações, seus julgamentos, e julgue-o de qualquer forma e em qualquer idioma que você quiser.

Mas, Michael Jackson foi o melhor. Não havia ninguém melhor. Nunca haverá alguém melhor. As pessoas não tentam mais. Você pode pegar qualquer perdedor que não sabe cantar e tem um bom sorriso e vender discos e transformá-lo numa estrela.

Apenas olhe para QUALQUER UM nos charts atualmente.

Hoje nós perdemos parte da história da música, uma lenda, e o maior artista da música pop que jamais teremos. As coisas que Michael criou em 'Thriller', 'Off The Wall' e 'Bad', jamais serão igualadas. Por ninguém."

http://whiplash.net/materias/news_874/091396-poison.html

Lembrando é claro, que por conta do livre arbítro e democracia ainda posso ser taxada de idiota por defender a imagem do "produto da era do vídeo", mas não ligo. Não é a primeira e nem a última vez que dou a cara a tapa expondo uma opinião, e a que mais conta (a minha).
Anônimo disse…
Claro Groo, e é justamente por isso que eu concordei com você em vários aspectos, não discordei integralmente, eu só não fui radical a ponto de dizer que o trabalho do cara se resume apenas a clipes, pirotecnias, imagens e a introdução de Billie Jean. É isso que eu acho que é exagero e radicalizar, entende?

Eu quis dizer que a fama dele se deve também a isso, mas não somente a isso. E não diria que ele "requentou" fórmulas antigas, diria que ele melhorou essas fórmulas. De qualquer forma, o princípio é o mesmo: elas serviram como base.

Sobre Aretha Franklin e os outros nomes brilhantes da Motown, claro que não dá pra comparar com Michael Jackson. Perto destes nomes, Michael era apenas bom, não há o que discutir. Mas de qualquer forma, como abortei muitos aspectos sobre fama, vendagem, popularidade e etc, nenhum deles superou Michael nesse ponto. Mas é evidente que não dá pra comparar Michael com Stevie Wonder, de quem também sou realmente fã.

Quanto a você ter experiência como baterista, e etc... prefiro não entrar nesse mérito, porque embora eu tenha apenas 23 anos ante os seus 35, a primeira vez que subi em um palco para me apresentar foi com 7 anos de idade, mesma idade em que comecei a fazer aula de piano clássico, que fiz por 6 anos... entre os 7 e os 22 anos fiz apresentações quase ininterruptas e tive uma porrada de bandas de rock, como guitarrista, ou baixista, ou tecladista. Fiz dois anos de aula de canto, parei porque não tinha mais saco. E parei com a carreira porque o meio da música é um ambiente que quanto mais você conhece, mais sente nojo. Além disso, não tinha mais saco pra ficar passando pelo crivo de gente que acha que entende de música julgando meu suposto talento, acho que não preciso disso fazendo um som apenas pra mim mesmo e pra quem se interessar em ouvir. Passei a me focar apenas em jornalismo, a partir de então. Já fiz pelo menos umas 15 gravações como músico. Então acredite, tenho conhecimento de causa pra falar o que estou falando. Só não preciso ficar expondo isso, porque já expus demais durante a minha vida, tô abrindo essa exceção aqui porque já que você falou da sua experiência, acho que também posso falar da minha.

Eu realmente acho legal esse debate, especialmente quando ele é feito em alto nível, como está sendo. E especialmente porque este é um daqueles debates sem fim, uns defendendo a qualidade de MJ e outros diminuindo-a, mais ou menos como acontece com quem defende e quem contesta Senna. Será que há uma verdade absoluta no meio disso tudo? Talvez não haja, mas que é gostoso debater, ah, isso é! hahaha

Abraço, cara!
Ron Groo disse…
Obaaaaaaaaaaaa o Hugo também é musico...
Então... Topa uma jam session?

Tá tudo certo Hugo, os pontos de vista tem de ser conflitantes para haver discussão e interação.

Eu particularmente prefiro o Freddie Mercury como frontman ao MJ, mas devo lembrar que Freddie, quando raramente descia do seu pedestal de diva da musica preferia ao MJ a si mesmo.

Tá tudo em casa meu camarada!
Anônimo disse…
As pessoas dizem que ele era "incompreendido", mas talvez a palavra fosse "incompreensível".

Ou não..

-|T|-
Marcos Antonio disse…
mesmo não sendo fã das músicas dele, acho que ele foi importante,mas só explodiu graças ao Quincy Jones, que pra mim é um gênio. Mas ele teve seus méritos,mas depois de "Bad" ,com um brilhareco em "Black or White" ele não foi nem a metade do cantor que foi, viveu da sua fama, deixou que isso fosse maisor que sua música. Isso o matou musicalmente.