Quando o stress fala mais alto

Alguns problemas não deixaram que eu colocasse algo inédito aqui hoje, mas creio que poucos se lembram deste texto. Boa leitura e não deixe de comentar.

O cara chegou em casa exatamente as 5 e 30hs da tarde, tomou um banho e foi para frente da TV jogar vídeo game.
O dia tinha sido horrível: muitos ‘pepinos’ no trabalho, problemas com o transporte público que usa... Estava mais que justo que pudesse ter algumas horas de diversão até que chegasse sua esposa vinda do trabalho e ele tivesse de deixar o joystick que usava para dirigir carros de F1 por pistas do mundo todo.
Esta era sua maior diversão.

Toca o telefone:
- Alô?
- Alô! Amor? Já em casa que bom... Pode me fazer um favor?
- Claro amor... Tudo! - disse ele sem muita convicção, queria jogar.
Sua esposa era revendedora de uma marca de cosméticos. Tinha um monte de clientes fixas e fiéis e às vezes pedia para que ele buscasse os pedidos e para repassar a empresa pelo endereço da internet. Era simples e este era o caso agora.

- Ce pode, por favor, pegar o pedido da nossa cliente do centro, juntar com os outros e fazer a encomenda? Só falta o dela e a data limite é hoje...
- Claro... E onde está o pedido da mulher do centro?
- Em cima da mesinha no quarto...
- Ta bom... Beijos.
- Beijos...
Ele foi lá pegou um envelope com um papelzinho dentro.
Um envelope enorme com meia folha de caderno? Já achou um desperdício.
Estava com a paciência meio curtinha, e quando estava assim não era muito boa companhia.
Pegou o papelzinho, ligou o computador acessou a página e começou a passar o pedido.
Até o item setenta e três tudo ia bem, mas o próximo -que era o que estava no papelzinho dentro do envelope - o intrigou.
Pegou, leu e releu. Achou estranho, mas mandou assim mesmo: Um ‘alargador de cútis’.

Mas que porcaria seria um ‘alargador de cútis’?
De qualquer forma tem de tudo nestas revistinhas de cosméticos, logo deve ser algo de uso feminino mesmo.
Escreveu o item lá, tocou pela ultima vez no ‘enter e fechou a planilha.
Podia agora voltar ao vídeo game, aos carrinhos e as pistas...
Toca de novo o telefone... Aí já se irrita um pouco.
- Alô!- Amor? Já passou? Deu tudo certo?
- Deu! Já foi... Beijos. - Tá ocupado?
- Tava... Beijos.
- Beijos então.

Sentou-se, pegou o controle, se acomodou e quando ia jogar, toca o telefone.
- ALÔ!
- Alô, por favor, a senhora – e disse o nome - está?
- NÃO!
- Sou da empresa de cosmético e estou com problemas no pedido que ela acabou de passar.
- Ah! Não foi ela, fui eu... Então eu posso ajudar.
- Ótimo. Tenho um problema com o item setenta e quatro. Não tem código e eu não consigo entender o que foi pedido. Aqui diz um ‘alargador de cútis’. É isto mesmo? O que é um ‘alargador de cútis’?
- Olha, eu não sei, só passei o que tinha aqui no papel e mandei... Só isto.
- Senhor, eu vou precisar que o senhor me diga onde esta isto no catálogo ou me dê o código.
- Eu não vou procurar nada, a senhora que ache ele no seu catálogo, que deve ser mais completo que estes que temos aqui... Logo, a senhora que ache que porcaria é esta. - já perdendo o restinho de paciência.
- Senhor eu não quero ser rude nem deselegante com o senhor, mas foi o senhor quem fez o pedido, portanto o senhor é quem deve saber do que se trata.
- Não sei que p**ra é um ‘alargador de cútis’! Vocês vendem o treco, que nem sei como é, nem sei se existe e eu que tenho de procurar?
- Senhor, se não me disser o que é não posso fechar o pedido e vocês não vão receber os produtos.
- EU NÃO ESTOU NEM AÍ... O PROBLEMA É DE VOCÊS!
- O senhor está estressado...
- A SENHORA E ESTA M**DA DE ‘ALARGADOR DE CÚTIS’ É QUE ESTÃO ME DEIXANDO ESTRESSADO!
- O senhor está sendo grosso e eu não sou paga para ouvir isto! – e desliga o telefone.

O cara já estava muito bravo, já respirava até com certa dificuldade, senta novamente em frente à televisão, pega o controle e vai começar a jogar quando chega sua esposa e pergunta se tudo correu bem e recebe como resposta uma explanação exaltada sobre todo o episódio.
Ele cada vez mais alterado.
Ela vai até a mesinha do computador, pega o envelope, lê o papelzinho e decifra:
Um ‘alongador de cílios’.Melhor nem falar nada...

Comentários

Fernando Mayer disse…
Fala a verdade Groo....

Foi você o protagonista da história vai...pode falar afinal se a letra tava estranha é possível mesmo confundir.

Mas que é engraçado isso é...rsrsrsrs
KKKKKKKKKKKKKK...
CADERNO DE CALIGRAFIA AINDA EXISTE PRA SALVAR HOMEM DO FIM, SENDO QUE NO FINAL DAS CONTAS QUEM PRECISA É A MULHER!(PS: a da estorinha aí...acho que até no maldito catálogo tinha um pr vender)

rs...MUITO ENGRAÇADO ESSE POST...
TO RINDO ATÉ AGORA..
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

PARABÉNS GROO, SEMPRE SUPERANDO AS NOSSAS EXPECTATIVAS!
Marcelonso disse…
Mestre Groo,

É verdade,nem sempre tudo é o que parece ser,quantas vezes temos listas com itens indecifráveis.
O sujeito tava na boa pô!!!


abraço
Felipão disse…
hahahahhahahah

lembrei....

uhauahuahuhauhahua
Manu disse…
Hahahaha adorei!
Esse treco, q tem nome de "alongador de cílios" parece mais um instrumento de tortura. É muito estranho...

abs!^^
Fábio Andrade disse…
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha [/risadas eternas]
Daniel Médici disse…
Pelo conto girar sobre um ato falho, pela carga meio freudiana deste e pela falta de compreensão entre os personagens, esse texto me lembrou um dos meus preferidos de Woody Allen, chamado Conversations with Helmhotz (não tenho o nome dele traduzido). Sim, isto é um elogio ;)
Remédios a bela disse…
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Demais Groo.
Lembrei até de um fato: Como ainda sou nova e quase não uso maquilagem, até porque com a correria dos estudos não me sobra tempo. O máximo que uso é um gloss básico para não ficar tão pálida. Sempre que saio com meu namorado(20 anos mais velho e sem muita paciência com futilidades, coisa que vai se perdendo com a idade. Creio)peço a ele que coloque no seu bolso o meu indispensável gloss, que ele insiste em chamar de brilho Rsrsrs. Groo, você não imagina a bagunça que isto faz Rsrsrsrs.
Olha, Este mundo capitalista da muito trabalho. Inventam de tudo hoje em dia. Fico cansada só de imaginar. Ainda bem que sou Remédios a Bela. Rsrsrsrsrs
Gabriel Souza disse…
Hahaha... me acabei de rir aqui, Groo.

Concordo com o Fernando Mayer, acho que você é o protagonista desta história...

História, aliás, que ilustra bem o cotidiano de muitos.

No começo, pensei que estivesse contando minha história.

"O dia tinha sido horrível: muitos ‘pepinos’ no trabalho, problemas com o transporte público que usa..."

Meu dia foi assim ontem... hahahaha

Abraço!!