Bizarrices promocionais


Filmes comerciais são (ao menos na TV aberta) a melhor parte da programação. Para o bem e para o mal.
Alguns como aquele que apresentava crianças com a síndrome de down brincando em um parque de diversões sob a trilha sonora do Radiohead (Fake Plastic Trees) são verdadeiras obras de arte.

Em contra partida, há alguns que parecem terem sido feitos pelo cunhado esperto do dono da empresa.
Exemplo clássico? Qualquer propaganda dos refrigerantes Dolly, mas ai não vale... O produto em si já é uma coisa extremamente suspeita e não teria filme promocional que lhe emprestasse alguma dignidade. Sendo assim: está de bom tamanho.
Porém há um que tem tudo para se tornar um clássico da bizarrice promocional e o produto é até sério: os sabonetes antbacterianos da marca Lifebuoy.

Para começar, nunca entendi a grafia da marca, mas até ai vamos deixar como licença poética para não complicar mais.
O filme em questão é mais ou menos o seguinte:
O cenário sugere uma festa em uma escola, duas mães adentram uma sala que aparentemente é um consultório médico com suas crianças. Notou que há um consultório em uma escola e funcionando em um dia de festa?
A sugestão fica ainda mais forte quando as vozes de alguns figurantes são ouvidas dizendo: “-Ih! Vão perder a feirinha”.
Fez sentido até aqui? Não? Então se prepare porque a coisa piora.

Ao entrar na sala o médico sequer olha para as crianças e logo vaticina: “-Infecção na pele e infecção intestinal.”.
Um verdadeiro Dr. House no diagnóstico, mas espere. Ele ainda continua.
“-São duas infecções diferentes, mas as duas podem vir do mesmo lugar!”.
Diante da incredulidade das mães, o médico continua: “-Das mãos!”.

Ok, não é novidade e nem espanta a informação de que mãos sujas realmente podem causar infecções tanto nas mãos quando internamente, mas acompanhe a seguir...
“-Uma forma de tratar as infecções rapidamente e com segurança é usando o sabonete Lifebuoy!” – diz o médico entregando aos garotos duas barras do sabonete e os fazendo lavar as mãos.
Como que por milagre, os dois garotos saem para aproveitar a feirinha escolar saltitantes.
Mas como assim?
Um entra com a pele avermelhada e coçando, lava-se com sabão e melhora. Pode parecer estranho, mas é o procedimento. Pode-se duvidar da rapidez dos resultados, porém, fica ai na conta da tal licença poética que usaram para a grafia da marca.
Mas e o outro? Ele não estava com infecção intestinal?
Primeiramente nem devia estar na festa da escola já que os sintomas do que ele tinha são diarreia e vomito.
O médico mandou que ele apenas lavasse as mãos, não lhe deu sequer um Dramim ou um Imosec para cortar os sintomas. Chego a ficar na duvida se o moleque mordeu um pedaço do sabonete, mas...

E você? Qual comercial lhe desperta ardentemente a vontade de não comprar um produto nunca mais na sua vida?

Comentários

Unknown disse…
A Seda lançou uma linha chamada "seda Teen" ou algo parecido. Eu tenho uma molequinha em casa que, tirando uma piscina em dia de calorão, não morre de empolgação quando a mandam tomar banho. Tomar banho e dormir é tempo desperdiçado pra crianças. Mas ela estava naquela idade em que pensava que ser adolescente é o ápice da vida. Aí a bobona aqui pensou "vou comprar o seda teen e ela vai gostar de lavar o cabelo teen". Até que eu vi o comercial na tv, que se dedicava a ridicularizar os velhos (acima de 20 anos...) que estavam brincando como se fossem teens. E no filmete que vi, duas moças brincavam naquele tapete de dança pra videogame. No dia anterior, eu e minha cunhada tínhamos brincado nesse tapete. Desisti da compra. Afinal, o público alvo de qualquer-coisa-teen é a criança, o pré-adolescente, e quem paga as contas dele são as "velhas" do filmete! Comigo, não! Desconfio que a linha foi descontinuada...

O do sabonete, pensei a mesma coisa: o garoto comeu!
Tem um comercial de uma marca de leite chamado Hércules, que a propaganda parece que vai revelar algo sobre o sentido da vida. Fica num discurso envolvente em busca da verdadeira felicidade, quando enfiam uma família na mesa do café da manhã tomando o leite. Você fica com a sensação de "O leite é aq resposta para todos os meus problemas?", pelo menos é isso que os publicitários devem ter pensado.
Anônimo disse…
Ha tinha até uns papéis higiênicos com vitaminas .....
Manu disse…
Um comercial desses, que eu acho meio tosco é dessas tiras dilatadoras nasais (que agora não lembro o nome) mas que mostra um casal dormindo e o cara roncando. A mulher bate nele com o travesseiro e joga um balde de água. Até aí é engraçado, até surgir a filha do casal com a tira nas mãos e diz em uma péssima dicção "papai, vc está roncando"...
Fiquei pensando que empresa de caça talentos foi essa que disponibilizou uma menina tão manhosa e sem emoção na voz.
O slogan final é, algo do tipo durma sem roncar e a menina diz: "e a mamãe feliz!"

Sério, é triste.
Fora esses filmes de queda de cabelo, controle de cabelos brancos sem química, e cintas para emagrecer, claro...
Paulo Levi disse…
Conheço bem esse tipo de comercial. Normalmente essas porcarias são veiculadas por imposição da matriz nos EUA (ou em qualquer outro país), que faz questão que a versão brasileira seja igual às da Colômbia, da África do Sul, da Turquia etc. Ou a agência local cumpre as ordens, ou perde o cliente.

Além disso, esses anunciantes têm um verdadeiro fetiche pelo formato problema - solução, que é das coisas mais chatas que existem em propaganda, e não tem o menor pudor em fazer afirmações idiotas e mal intencionadas como o "100% Melhor Proteção" que se lê na embalagem.
Marcelonso disse…
Groo,

Pra mim, ultimamente os publicitários brasileiros estão devendo.

Não consigo ver a graça que todos acham naquela propaganda das caveiras tomando cerveja...

abs
Rubs disse…
Comentarei sobre um filme de alto orçamento, bem elaborado, que todos acham engraçado, mas que, a despeito disso, carrega um "ato falho", uma incompatibilidade, uma contradição com a própria proposta que a imagem do produto deseja passar: o filme dos esqueletos.

A pretensão da agência é passar a imagem de que a cerveja é tão saborosa que nada mais importa; que seria possível passar a inteira vida a saboreá-la e até após a morte, se isso fosse possível.
Os bons vivants ficam ali, sem nada fazer até se tornarem esqueletos.

Pois isso é verdade. É exatamente este o ponto. Quem identifica a felicidade na exterioridade, no lazer e no prazer da saciedade de apetites e, sobretudo, na inatividade, acaba por se desumanizar gradativamente.
Ao contrário da expectativa do senso comum,a felicidade é "atividade" produtiva que resulta no bem para o agente e para os outros.
Pode-se passar, sem dúvida, a vida a beber e a deleitar-se. O preço é tornar-se morto-vivo.
A propaganda se trai ao mostrar que a maioria das pessoas são mortos-vivos, em razão da escolha de seus alvos.
É verdade que ninguém percebe isso. Mas quem percebe, fica mais alerta e evita exatamente o que se espera: consumir a cerveja compulsivamente.
Não que isso seja inteiramente errado. Mas deveria ser um prêmio, dentre outros, a ser desfrutado no descanso merecido e necessário após um trabalho duro.
A inatividade é a melhor receita para a infelicidade. E os graus mais intensos de infelicidade sempre vêm acompanhados pela completa incapacidade para agir.
Mas cada um é soberano para fazer da vida o que bem entender.

À bientôt.
Anselmo Coyote disse…
"Virou zona de novo...", acabei de ler. Ia comentar brevemente depois de ler o post e os comentários dos colegas, todos muito apropriados. MENOS UM. E esse UM sabe que é dele que estou falando porque sabe que sou preguiçoso e por isso mesmo só fala em trabalhar, trabalhar e trabalhar. Ah... vá trabalhar, Rubs Cascata, e o faça por nós dois, por favor. Passar bem.

PS.
Por aqui, en las Minas Generales, é veiculado o de um cemitério que diz: Parque (tal), um lugar lindo de morrer.

Abs.