Salve Ismael Silva! (só porque deu vontade de escrever)

A história do samba é recheada de personagens fascinantes.
Noel Rosa, Cartola, João Nogueira e suas poesias, Adoniran, o melhor retratista que a cidade de São Paulo já teve. Paulinho da Viola, talvez o mais elegante de todos. O aristocrático Mário Lago, Clementina de Jesus, Dona Ivone Lara entre outros...
Porém há um que transcende o fascínio e se torna, além de personagem histórico, exemplar: Ismael Silva. Negro, pobre, sambista e gay.

Nascido em Niterói em 1905, era filho de um cozinheiro e de uma lavadeira, mudou-se de Niterói para o bairro do Estácio de Sá logo após a morte do pai.
Até ai nada demais, vários sambistas (quase sua totalidade) vem de famílias humildes e ou desfalcada.
Escreveu seu primeiro samba aos quinze anos e não parou mais.
Para sobreviver vendia suas composições a pessoas que não escreviam uma só palavra nas letras ou melodias, mas eram preferidas pelos donos de gravadoras e editoras musicais por terem melhor posição social.
Seu mais famoso “comprador” talvez tenha sido Francisco Alves, o rei da voz, o que o ajudou a se tornar conhecido no meio. Uma mão acabou lavando a outra.
Ajudou a fundar o bloco precursor das escolas de samba modernas, o Deixa Falar que desfilou pelas ruas do Rio entre 1929 e 1931 ajudando a definir o que acabou sendo conhecido como: Samba do Estácio.

Também foi preso e condenado a cinco anos de prisão no fim da década de 30 por ter atirado em outro frequentador da boêmia carioca.
Libertado após dois anos por bom comportamento se tornou recluso e só retornou à cena em meados dos anos cinquenta após ter seu “Antônico” gravado com grande sucesso.

Parceiro de, entre outros, Noel Rosa, Ismael foi descrito por Chico Buarque como a maior inspiração para sua obra, seu verdadeiro “pai musical”.
Ismael ganhou busto de bronze e virou nome de praça no Rio, o que é pouco em comparação ao tanto que deu a cidade e ao samba.

Comentários

Anônimo disse…
Justo.
Bela homenagem a um sambista muito original.
E eu achando que o sr. era só do rock

Rodrigo