Mini contos

Entrou sorrateiramente.
Pé ante pé quase, quase imperceptível.
Parou.
E colocando as costas em uma coluna, com o revolver em punho encenou a mais clichê das posições dos filmes de mocinhos e bandidos.
Queria aproveitar um momento de descuido, mas não teve paciência.
Ao saltar no meio dos malfeitores não matou apenas o personagem, assassinou também a bilheteria.

O sinal ficou verde.
Pos o carro em movimento trocando marchas e acelerando.
Pensou que algo estava errado já que o carro não deslanchava.
Subiu o viaduto a pulso e quando atingiu a parte mais alta do elevado um caminhão emparelhou.
O moleque que ocupava o banco do passageiro, provavelmente o ajudante colocou a cabeça pela janela e gritou: “-Solta o freio de mão, seu burro!”.
E olha que pela cara do moleque nem idade para dirigir tinha.

Ela: Viveu até os oitenta anos com saúde invejável. Comia alga.
Ele: Morreu aos trinta e cinco. Comia Olga
É que ela, que se chamava Helga descobriu.
E Olga? Nunca mais foi vista.

No ultra-som era menino.
Nasceu e era menina.
Cresceu na dúvida.
Hoje sabe que é mulher, foi sua namorada quem a convenceu.

A música sempre fez parte de sua vida. Durante toda ela tocara trombone.
Até casou-se com uma musicista.
É verdade que depois de alguns anos de casados começaram a não se dar muito bem
Ao morrer deixou em testamento que tocassem em seu velório “When the saints go marching in”, mas com ressalvas:
“-Oboé não, oboé não é instrumento musical e sim de tortura.”.
Sua esposa não compareceu ao funeral.

Desde criança adorava animais.
Estudou zoologia. Também se formou biólogo.
Prestou concurso para trabalhar no Zoológico Nacional.
Aprovado em segundo lugar, nunca foi chamado.
Hoje é bicheiro no bairro da Lapa.

Comentários

Manu disse…
Muito bons!!!!