Sobre Barrichello

Alguns homens são feitos de aço. Antes quebrar que vergar.
Estes não se sujeitam. Fazem o caminho por onde devem trilhar abrindo as picadas a facão se necessário.
Não é o caso de Rubens Barrichello.
E agora que está às portas da aposentadoria vejo a necessidade de um pequeno balanço sobre ele.
Sempre peguei pesado. Sempre fiz troça de quase tudo que viesse dele, porém admito. Poucos sujeitos têm o currículo do velho Barrica e muitos morrem de inveja.
Ele foi direta ou indiretamente responsável pela manutenção do interesse do Brasil pela F1 após a morte de Senna.
Nós os aficcionados por corridas não contamos. O grosso da população gosta mesmo é de futebol.
Corridas? Apenas se o ‘nosso’ piloto estiver ganhando.
Rubens era o que tínhamos de melhor após o fatídico Primeiro de Maio de 1994.
Era visto com um piloto de muito futuro e após o acidente, infelizmente para ele, passou a levar nos ombros a torcida de um povo muito mal acostumado a ter geração após geração um piloto campeão mundial.
Ele acabava de chegar à categoria, aos olhos dos torcedores era o piloto que poderia suceder Senna se não na genialidade, que é quase impossível, ao menos na continuidade da tradição em ter pilotos vencedores.
Foi assim desde Emerson que passou o cetro a Nelson Piquet, que por sua vez deixou o cetro para Ayrton que aproveitou e tomou para si logo o manto e a coroa.
Quando chegou a vez de Rubens, este deu azar, muito azar.
A começar pelas equipes onde passou já que a Jordan ainda engatinhava e só veio a se tornar uma equipe emergente após sua saída (sem maldades aqui) e a Stewart era mais um sonho e um capricho de Jackie do que uma equipe de futuro. Tanto que foi comprada pela Ford passando a se chamar Jaguar, mas nunca sendo um bom carro de fato.
Assinou com a Ferrari e deu de cara com um dos maiores gênios que este esporte já teve. Não havia como nem imaginar que Rubens pudesse ser mais do que foi na scuderia vermelha.
Ainda assim fez sua parte em coisas boas.
Venceu de forma brilhante seu primeiro GP na categoria em Hockenhein tendo partido da décima oitava posição e se não bastasse ainda venceu nas pistas históricas de Monza, Indianápolis e Silverstone.
E claro, fez coisas horríveis e risíveis como o episódio da Áustria em 2002, das milhares de desculpas esfarrapadas, do segundo lugar em Indianápolis 2005 em que havia apenas seis carros na pista e quatro nem eram carros competitivos de verdade, das ‘sambadinhas’ no pódio que mais pareciam ataques epiléticos e de ser ‘apenas um brasileirinho contra este mundo todo’.
Por todas as vezes que ele vergou para não quebrar dentro da equipe.
Na Honda não houve sua esperada ressurreição.
Tem homens que são feitos de bambu... Vergam para não quebrar.
Este é o caso de Rubinho.
Que a aposentadoria - se vier - lhe seja agradável!

Comentários

Fábio Andrade disse…
De acordo, Groo.

Barrica jamais teve aquela estrela de Senna ou obstinação de Schumi. Foi um cara que não aconteceu.

Claro, jamais teria a intenção de pôr a culpa dos problemas do Rubens no acaso, no imponderável. Acredito que boa parte dos problemas enfrentados na carreira do Rubinho se deveram a essa postura irritante do "verga mas não quebra". Talvez se tivesse "chutado o balde", Barrichello poderia ser um cara menos escrachado aqui no Brasil. Afinal, tudo o que o brasileiro quer é alguém que tenha vibração, que pulse, que mexa com os brios de todo mundo. Rubinho, definitivamente, não tem essa característica.

A postura de coitado e de vítima do destino também não ajudaram. E Rubens corre o risco de sair de cena de forma pouco gloriosa.
Groo...

Minha vô sempre me dizia:

"Sorte do Jogo, Azar no amor!"

Não sei se tem haver... mas, quando vejo o Rubinho lembro desse ditado!

Há meu ver, os grandes homens são estes tais Bambus!!! A Ferrari teve competência, pois teve uma equipe bambu...

A carreira deste cidadão brasileiro deve ser analisada com bastante sensatez, pois muda todo um sentido de o que é ser Vencedor!!!

Até mais...
Teté M. Jorge disse…
Eu vejo o Rubinho que nem aquele professor: se formou pra dar aula, gosta do que faz, mas não tem a menor vocação, luz, presença, garra.

Sei lá. Vai entender a cabeça da teca...

Beijos.
oliver disse…
Acho que a F1 vai perder um grande motorista.

E só.
Daniel Médici disse…
Entre aqueles que adoram desfilar opinião, Barrichello sempre mereceu descrédito. Entre os pilotos, jovens e das antigas, sempre foi um dos melhores na pista.

Faço parte do primeiro time, mas costumo desconfiar da opinião de meus pares.
Anônimo disse…
Eu só acho que se o Barrica realmente for aposentado, deveria ser avisado antes e assim ter uma "aposentaoria em pista" digna.

Avisar o cara, depois do GP Brasil é foda!
Felipão disse…
Compartilho de mesma opinião, Ron, até pq, o Barrica conseguiu chamar a atenção para ele, até mesmo nos programas humoísticos..

Pelo menos ficou o recorde de maior participante da catgoria..
Excelente post sobre Rubinho!

Ele não é a porcaria que muitos dizem que ele é, mas tem um baita currículo e poderia ter sido campeão se não trombasse com o Schumacão no auge. Ele chamou a atenção da F1 para si, pena que de um modo que o deixou, como nos vários comentários aqui,mais na parte humorística do que na esportiva.

Ame-o ou deixe-o, Rubens não será esquecido!
Unknown disse…
Gosto do Rubinho é um piloto sensato e centrado mas só pegou pedreira desde a morte do Senna ele acabou não sendo o que nós queria- mos que ele fosse, mas cumpriu seu papel na história da F1acho que deveria correr na ALMS.

abs.
Felipe Maciel disse…
A Priscilla tá certa...

Aliás, de um jeito ou de outro, será uma aposentadoria sem dignidade, caso se aposente mesmo neste ano. Rubens merecia sair como o Coulthard, ou seja, por livre e espontânea vontade. A retirada forçada seria uma pena.
Marcos Antonio disse…
Talvez seja um final digno pra um piloto que sempre se acovardou em momentos importantes da sua carreira.Foi um grande piloto,mas podia ter sido mais.Podia ter sido um piloto campeão,mas no máximo conseguiu ser um lampejo de bom piloto em alguns momentos.
Caro RON:

Barrichello - em minha opinião - é uma espécie de Patrese redivivo, bom acertador de carros e excelente escudeiro. Tem seu valor, sem dúvida, mas está longe de figurar em qualquer lista de pilotos inesquecíveis do automobilismo mundial.
Ron Groo disse…
Você compreendeu o que eu quis dizer Fabio, completamente. Rubens de tanto vergar acabou desgastado e desacreditado. Valeu!

É Cristiano, mudaria se ele fosse vencedor. Ele acabou sendo como diz Eduardo Correa em seu livro: Um "móveis e utensilios da F1".

A imagem é perefeita Teca, é bem por ai mesmo.

Pela primeira vez Mestre Oliver (Ave!), acho que não é maldade sua. Eu mesmo ja o chamei de 'motorista' um monte de vezes. Só que sou obrigado a admitir. É um motorista que venceu em Monza! E isto conta um pouco para aliviar.

Bom Daniél, eu desconfio sempre. Já ouvi até o Nelson Piquet já deu umas cutucadas nele. E o Nelson entende um pouco deste negócio né?

Concordo Priscila, se até o fóssil do Coulthard pode ter esta dignidade de sair da pista quando quiz. Rubens também deveria. Questão de justiça e até de igualdade entre os dois. Em todos os sentidos.

Ah! Felipão, em minha opinião este recorde é coisa de piloto mediocre salvo raras exessões. Vide o anterior: Patrese.

JC Ele tem lá sua parcela de culpa sim. A postura de bambu que citei contribui.

É Joel, uma boa pedida. Na ALMS talvez ele se desse melhor. Ou na Indy quem sabe.

Fecho com você Maciel, ele deveria escolher quando parar. Mas que a escolha fosse logo. Tipo... Este ano , talvez. Mas sem pressão, apenas pedindo o boné e reconhecendo que pra ele não dá mais.

"Lampejos", foi esta a palavra que me faltou durante a feitura do texto, valeu Marcão!

Ribeiro, por todo o histórico dele. Talvez não seja suficiente ter sido o melhor escudeiro, o melhor segundo piloto. Todo mundo, acho que até ele sonhava com mais. Só que como disse. Ele vergou muito.

A todos meu muito obrigado