Antes era pior... 17: Imparcialidade e isenção

Jornalista isento, imparcial...
O que hoje é um mito e uma grande mentira, já teve lugar na vasta história do jornalismo feito no Brasil.
Mas, segundo Nelson Rodrigues, foi um só.
E olha que o próprio Nelson é oriundo de uma família de jornalistas. Do pai a irmã mais nova.
A história é a seguinte: em 1949 o Diário Carioca promoveu na linguagem jornalística brasileira uma verdadeira revolução adotando uma técnica americana que uniformizava os textos (como se todos fossem escritos por uma única pessoa, ou melhor, como se aquela sintaxe representasse a voz do jornal e não dos diversos jornalistas envolvidos em sua feitura) e implantava nas redações a figura do “copy desk”  que nada mais era do que um redator encarregado de enxugar as matérias de verbos demasiados e literatices em geral.
As primeiras linhas das matérias teriam obrigatoriamente de ser objetivas. O nome disto era “lead” e ali deveriam ser respondidas as perguntas: “quem? ”, “quando? ”, “onde? ”, “por que? ”  e “como? ”
Esta revolução foi implantada pelo jornalista Danton Jobim, que era diretor do jornal e por Pompeu de Souza, seu redator chefe, e logo se espalhou por outros periódicos.
A ideia era limar das manchetes (e do corpo da notícia) qualquer resquício de paixão que pudesse dar a entender que aquilo era algo parcial.
Nelson, literato por natureza, achou aquilo um empobrecimento da notícia e logo apelidou os tais “copy desks” e seus “leads” de: “os idiotas da objetividade”.
Ele sabia que aquele papo de “isenção” e “imparcialidade” era uma grande patacoada, que com “lead”, “copy desck” ou sem nada disto, os jornais eram e seriam para sempre, em suas palavras “-...imparciais de araque! ”.

Cobrado sobre esta posição, Nelson disse que nem todos os jornalistas eram parciais.
E disse mais... Falou também que havia um único jornalista que ele conhecia muito bem e que este sim era totalmente isento e imparcial.
Seu nome era Otto Lara Resende.
Chamado a explicar o porquê pensava assim, Nelson mandou na lata: “-Otto é o único capaz de ver os dois lados de uma questão.”.
O que nunca explicou era o porquê de pensar assim.
Durante uma disputa entre os jornais O Globo e o Diário de Notícias por conta de algumas histórias em quadrinhos, Otto, que trabalhava para os dois periódicos, chegava pela manhã na redação do jornal dos Marinhos e escrevia um editorial (com lead e passando pelos copy desck) desancando o Diário violentamente.
Saia da redação ao meio dia, almoçava em um pé sujo próximo e seguia para o jornal de propriedade de Assis Chateaubriand, onde redigia uma ainda mais violenta resposta ao Globo.
Inquirido se aquilo era verdade, Otto sempre negava, mas Nelson atribuía a negativa à uma “-...gigantesca e mineira modéstia! ”.

Comentários

Anônimo disse…
HA ! Como conservador, e tricolor - sadio ! -, sou nelsonrodriguiano desde garotinho. O meu Fluminense é algo interessante. Cheio de títulos, é execrado pela imprensa 'esquerdo- popumassista( clubes de massa. Nada a ver com Zacarias o Lentinho)', o tricolor das Laranjeiras tem como patrimônio, caro, a sua elite torcida de geniais em todas as atividades sendo o Nelson o Zeus deste panteão de personalidades. Temos Fernandona, Berto Gil Berto e o Chic Buááááárgh de Paris... e tantos outros. Muitos esquerdóides nas fileiras tricolores, vá entender. Mas muitos esquerdóides são da elite. Como enganam e o povão, trouxa, cai. E um presidente que revolucionou a FIFA ! Em todos os sentidos, se é que me entendem, e que nunca ajudou o Fluzão ser campeão mundial. Só ser campeão da terceira divisão do Campeonato Brasileiro. Legal. Ah, se fosse o framengo do povo...
Daqui a 500 anos, falarão de Nelson Rodrigues.
. Mas jornalista NÃO pode ser imparcial. Para eles( o senhor?), inteligência, expertise ! Para mim, covardia. Tem que mata a cobra, mostrar o pau(êpa !) e a cobra( êpa !). O padrão Red Gloob polititicamente correto de qualidade - e nefasto para os mais indefesos - é mediocrizante. Devo apenas, senhor Groo, alertá-lo que as manchetes poderiam ser 'imparciais' mas os jornais da época, não eram ! O 'Última Hora', de Samuel Wainer, era de esquerda apoiando Jango. Toda canalha estava lá ! O Correio da Manhã era de direita e apoiou a revolução de 1964 como muitos outros. E, antes, anos 1940, 1950, mesmo com Vargas, o pau comia nas ruas do Rio de Janeiro. A coisa foi até os anos 1990 sendo O Globo, de direita, Jornal do Brasil, de esquerda. Lia O Globo. Tomada de posição. Agora são tooooodos politicamente corretos, de esquerda. Fabiana. Socialistas fabianos. Uma pobreza intelectual só. Mas faz parte para o emburrecimento geral da nação ser assim. Salvo-nos a INTERNET ! Não contavam com essa, né ? Último jornal que li faz mais de 1 ano... Comprei para ler os classificados. Não aconselho aos mais jovens lerem jornais, revistas, hoje. Se for ler, meu jovem, duvide, sempre do que está escrito, principalmente sobre política. Use a Internet. Aconselho, primeiramente, entender de política e ideologia através dos livros. Professor falou em 'mundo melhor', vá a Che Guevara. Stalin. Mao. Ha... Gramsci é uma boa pedida para se livrar logo de esquerdices.
. O.L.R. ! 'O mineiro só é solidário no câncer...'. Perdeu o amigo.
Fácil para mim entender. Encima do muro era. Um projeto de tucano. Otto era aquele cara amigo de todos( e quem é amigo de todos, na realidade, não é de nenhum) e adorava ver as pessoas na... bem. A frase está aí. Imortal.
O problema é que Nelsão era uma antena fortíssima para captar as maldades humanas que, como sempre, aparecem bonitinhas( e são ordinárias). Essa é para ficar atento. Uma mulher que traiu o marido, por quê ? 'Porque eu não aguentava vê-lo colocando a dentadura no copo antes de dormir. Todas as noites vendo aquilo...'. Era um desrespeito à esposa e o chifrudo nunca notou ! Uma humilhação para ela. Fizesse no banheiro, oras ! Fica a história. E o conselho...
O.L.R. era, era... canalha. Mineirin espertin, sô !
Um conservador( reacionário, se quiser) é foda ainda mais do quilate do Nelsão ! Não há esquerdismo politicamente correto que a gente não veja putaria embutida. A vida como ela é, maaann ! Pode por um blues aí. Por isso eu digo aos mais jovens ! Leiam sobre o Conservadorismo ! E Nelson Rodrigues.
HA !


M.C.
Anônimo disse…
'Fácil para mim entender'. Parece um índio ! Mim fazer, mim comer !
'Fácil para EU entender'.
Ou 'fácil para mim, entender'. Faltou a vírgula. Acho. Mesmo assim, estranho.
Mas não sou bom em português. Mas ainda escreverei um livro !


M.C.
Anônimo disse…
Puxa, senhor Groo. Pessoalzinho sem graça este que nem lê um texto mais complicadinho....


M.C