
De carro levariam apenas uma hora e dez para chegar até o aeroporto de Guarulhos.
Tempo suficientemente seguro.
Sem surpresas as nove e quinze estavam lá.
Saltam do carro e ele vai até o balcão da empresa aérea solicitar uma cadeira de rodas.
Fora levar sua sogra que embarcaria para o Paraná.
Uma demora anormal para que fosse providenciada a cadeira e só conseguem chegar ao check in as nove e trinta e cinco.
São avisados então de que o embarque já tinha sido finalizado há cinco minutos e que a sua sogra não poderia embarcar.
Depois de reclamar – sem resultado – de que ainda havia tempo suficiente para o check in e o embarque resignou-se. Teria então de ir à loja da empresa remarcar a passagem.

-Bom dia...
-Bom dia. Em que posso ajudar?
-Vim aqui fazer a remarcação da passagem.
-Ok. – e pede a passagem para verificação – O próximo vôo decola as dezoito e trinta.
Ainda eram dez da manha.
-Dezoito e trinta?
-Sim e há uma diferença de trezentos e cinquenta reais a ser paga.
-Trezentos e cinquenta reais? Perdemos o vôo por problemas com funcionários de sua empresa! Tem algo errado ai!
-Não senhor. Faço isto todos os dias...
-Não me chame de senhor... E eu não vou pagar esta diferença, e nem quero que ela embarque às seis da tarde.
-Então o senhor pode ir ao check in e ver se nosso supervisor pode lhe ajudar.
-Como é o nome dele?
-Ricardo.
Desce correndo até o check in, exatamente de onde tinha vindo.
Ao chegar lá é informado que o tal Ricardo estava na loja.
Com a respiração já pesada de raiva pede que então avisem pelo intercomunicador que ele voltaria até a loja para falar com o tal Ricardo. Avisado ele não sairia de lá.
Sobe de novo até a loja, bufando, e nota que atrás de si vem dois funcionários da Infraero.
Ao chegar novamente a loja vê um japonês enorme atrás de um balcão. O crachá confirma, aquele era o Ricardo.
O cara era grande e mesmo com certo receio decidiu que colocaria para fora o stress caso não fosse atendido.
-Sim. O senhor é?
Fala seu nome e explica o ocorrido.
-Senhor, nós não podemos fazer o check in depois de finalizado o...
-Não me chame de senhor! – e explica novamente o caso.
-Senhor... – e sai de trás do balcão para melhor conversar. Revela-se menor, bem menor que seu interlocutor, que então se enche de coragem.
"-Neste eu bato!" - Pensa ele e começa a falar outra vez.
-Não me chame de senhor! – e mais exaltado ainda. De novo explica o caso.
-Senhor...
-Senhor é o ca***ho! Por acaso esta vendo cabelos brancos na minha cabeça?
-Não...
-Tá vendo rugas no meu rosto?
-Não, mas...
-Acha que meu p** só sobe com aquele remédio azul?
-Não... Quer dizer... É... Ah! Assim o senhor me confunde! Dá aqui esta passagem.
Volta para o balcão, checa listas no computador e dá uns telefonemas. Volta e diz que não será preciso pagar diferença nenhuma, mas infelizmente só poderá embarcar sua sogra em um vôo às duas e quarenta da tarde.
-Não há outro horário disponível... - diz quase se desculpando - Só que este vôo sairá do aeroporto de Congonhas. Não posso fazer mais nada além, senh... Digo... Errr...
-Tudo bem... Não precisa dizer mais nada. Eu vou até lá, se é o melhor que pode fazer. Volta ao check in e explica a situação a sua sogra.
No caminho é cumprimentado pelos dois funcionários da Infraero, que não disfarçavam o riso.
Voltam ao estacionamento e embarcam no carro rumo a Congonhas, bairro da cidade de São Paulo.
Ao chegar ao aeroporto são surpreendidos por uma manifestação contra a ampliação do aeroporto e as possíveis desapropriações que isto poderá gerar.

Ao parar o carro no setor de desembarque reservado aos táxis já eram esperados por três funcionárias da empresa aérea que tratam de cuidar de todos os detalhes do vôo e da estada de sua sogra no aeroporto até a hora do embarque. E ainda faltavam ainda mais de três horas.
Mais tarde recebeu uma ligação da sogra dizendo que nunca tinha sido tão bem tratada em um aeroporto em toda sua vida.
Respirou fundo e pensou: “-Mas encurtei pelo menos três anos da minha esta manhã...”.
Comentários
.....he, he
As vezes eu me felicito por não freqüentar aeroportos sabe? Nessas horas fico feliz por ser um coitado que só viaja de ônibus =)
O japonês talvez tenha uma admiração secreta por um dos dois funcionários da Infraero...
-|T|-
"Acha que meu p** só sobe com aquele remédio azul?"
hahahahaha
Abraços
Abraços
HUAHAUHAUAUHUHE
Muito bem escrito, Groo!
O importante é que sogra viajou tranquila,sinal de que valeu todo o esforço. Com sorte,deve ter dado até pra emagrecer durante a aventura...
Abraço.
Conforme a resposta a um dos comentários, a história não é ficção.
Mas mesmo que o fosse, remete para a realidade de nosso dia-a-dia. Uma coisa dessas exigiria indenização.
Nos fazem de otários em tantas situações...
Cara, é nessas horas que eu defendo o anarquismo viu, ao menos no Brasil... pq aqui não adianta, não tem jeito, é cada um por si, mesmo. Sempre que a gente depende dos serviços dos outros, nunca recebemos um tratamento decente. Se é pra ser assim, o mais certo é que sejamos oficialmente donos das nossas leis, não?
http://brf1.blogspot.com
É uma pena que as coisas, nao só no Brasil mas em qualquer parte do mundo, só funcionen assim...rs
Bom, uma pena pra quem é xingado pq pra gente que ouve(lê) a história depois...aheuahuehauehuahe
Adorei o comentário do Marcus:
"Isso é que é amor pela sogra!"
rs
ciao antonio
i see you.
Ainda bem que a sogra sentiu-se bem.
Desculpe o sumiço meu velho... O bicho tá pegando por aqui!
Grande abraço!
SAVIOMACHADO