Maionese - epilogo.

Mal entram em casa e já abrem a primeira garrafa do vinho, um merlot, enquanto colocam as outras na geladeira para mais tarde.
O conteúdo da garrafa foi sorvido em pequenos goles, mas rapidamente enquanto cozinhavam as batatas.
Abriram a garrafa do riesling quase devidamente gelado enquanto cozinhavam as cenouras.

-Por que não cozinhamos as cenouras e batatas juntas?
-É... Verdade! Será que poderíamos ter posto os ovos juntos?
-Acho que sim... Com casca ou sem?
-Sei lá... Pode até ser, mas não teríamos desculpas aceitáveis pra tomar os vinhos.. (risos).
-Perfeitamente, mais uma taça deste vinho branco dos deuses.... Saúde!

Algum tempo depois os legumes estão cozidos, devidamente picados e misturados uns aos outros em uma travessa grande.
Então tem lugar o dialogo que abre este texto, e continua...

-Põe o creme de leite então... – ela recomenda.
-Agora está aqui... Mistura tudo. – ele acata.
-A maionese também...
-É... Põe logo... Cadê o cheiro verde?
-Ih esquecemos esta coisa... Se bem que nem sei o que é... Vou ver na sua geladeira... Hei! Quem mordeu esta cebola?
-Que cebola? Na geladeira só tinha uma maça velha...
-Não é maça... É uma cebola roxa!
-Por isto então estava com gosto ruim... Prova pra me dar razão...

E sob efeito dos vinhos ela também dá uma grande mordida na cebola.
A língua arde, lógico, e então ela toma mais um gole do vinho branco, no gargalo mesmo...

-Amor... Aqui diz que o cheiro verde é indispensável, pega alguma coisa verde ai na geladeira...
-Tem uma folha de couve...
-Serve... Tráz ai... E por favor, pica bem fininha...
-Tá...

Joga a couve picada dentro da mistura e aproveitam para abrir o vinho alemão de nome impronunciável.

-Aqui na receita ta falando para picar a salsicha tipo Viena e colocar na mistura... – ela lê.
-Nós não compramos salsicha nenhuma, mas na geladeira tem hambúrguer, é tudo carne moída mesmo... Pega lá, por favor... – diz ele com leve tom de embriagues na voz.

Ela vai até a geladeira e pega um hambúrguer congelado, o desembrulha e tenta cortar com uma tesoura, não consegue...
Como está congelado mesmo, ela o bate o hambúrguer na pia e ele se quebra em vários pedaços, dando idéia de quanto tempo já estava no congelador.
Tráz os cubinhos que ele prontamente joga dentro da travessa, congelado mesmo...

Já não há uma só gota do vinho alemão de nome impronunciável, ela então volta à geladeira e pega a garrafa do lambrusco para que ele abra.
Então ele segura a garrafa com a mão esquerda e com a direita gira a rolha para abrir o espumante.
Porém o vinho não está suficientemente gelado e estoura como champagne de fim de ano, caindo grande parte dentro da travessa com a maionese... Nenhum dos dois liga e acabam por terminar com o conteúdo da garrafa no gargalo mesmo.
Dormem, ou melhor: Desmaiam. No domingo o almoço transcorre de forma normal, nem aumentou e nem diminuiu o respeito familiar por ele.

A sua cabeça dói ligeiramente e ele sente um peso estranho no estomago.
O prato que trouxe permanece intocado até o fim da refeição, quando todos levantam da mesa.
Alguns vão ajudar na limpeza, outros vão jogar truco.

-Mãe, por que ninguém tocou na minha maionese?
-Vieram poucas mulheres, e como você sabe, elas vivem de dieta, nunca tocariam na maionese...
-E os homens?
-Ah... Em churrascos estes ai só querem saber da carne e da cerveja, todo o resto é sumariamente ignorado. Mas foi legal você trazer, mostrou que ao menos se importa...

Ao fim do domingo volta para casa com a travessa intacta da iguaria que levou, descobre que esqueceu de colocar as ervilhas na receita. Dá de ombros enquanto joga o conteúdo da travessa no lixo.

Na segunda feira de manhã leva o lixo para fora, e segundo os vizinhos até os cachorros da rua evitaram chegar perto de sua lixeira naquele dia.

Comentários

Remédios a bela disse…
KKKKKKKKKKKKKKK Que horror, que gororoba danada.
Abraços...
kkkkkkkkkkkk...também depois de toda esta mistureba imaginem como esta MÁ-IONESE estaria?

Texto muito engraçado Groo, parabéns...

...mas será que alguém ainda tem dúvidas do por quê o prato ficou intocado?
Unknown disse…
jajajajjaa, é a maionesse do inferno!!! imagina comer maionesse sem ervilha, mais foi por issso que ninguém quis tocar a iguaria!!
Anselmo Coyote disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Anselmo Coyote disse…
Pô!!! Que gente maldosa. Observem que depois que caíram algumas - apenas algumas - gotículas minúsculas, desprezíveis mesmo, de vinho na maionese eles adormeceram. Claro. Esperavam o quê? Foi intoxicação... aquela cebola roxa que morderam. Cebola roxa gelada é um veneno, todo mundo sabe.

Naturalmente, vencidos pela intoxicação, adormeceram e esqueceram de pôr a maionese na geladeira. Isso foi a gota d'água. Eis o problema.

Aliás, sejamos justos, a maionese estava divina (v. a foto).

Portanto, nada a ver esses comentários maldosos.

Abs.

PS. dizem que o vizinho bisbilhoteiro, de madrugada, ouviu, sem entender bem, o seguinte diálogo:

= guerida, vozê bõe a baiodese na zeladeira?
- glaro, amor... zó vou deganzar um boguinho.
- beu bél, zê pôs a baiodese na....
- zá vô borrrrr.....zzzzzzzzz
Tohmé disse…
Caramba, se tivesse ervilhas, "tudo ficaria diferente".


QUE NOJO........
Marcos Antonio disse…
mas que gororoba!rsrsrsrsrsrsrs

putz q nojo q isso deve ter ficado!rs
Anônimo disse…
kkkkkkkkkkkkkkkkk, e será que o cheiro verde ia adiantar alguma coisa? rsss
Manu disse…
Hahahahahahaa... Adorei isso!^^

abs!
Felipão disse…
hauhauhauhuauauaha

como disseram ai, e lá o cheiro verde ia adiantar alguma coisa...

fantástico, Groo

hahahahahaha
EHHEE n sei e eu encaro essa maionese....KKKK