Quando comecei o blog, este foi um dos primeiros textos originais que publiquei, fica aqui re-publicado como homenagem aos cinquenta anos que Ayrton Senna faria neste dia 21, se estivesse vivo.

Naquele dia dez de Outubro de 2006, Senna acordou mais cedo do que costumava acordar aos domingos. Afinal era dia de Gp Brasil de F1, e mesmo aposentado desde 1995 quando desiludido com a fragilidade dos carros Williams resolveu que era hora de parar.
Havia perdido dois campeonatos, 94 e 95 para um alemão até então desconhecido que pilotava um carro com nome de grife de roupas, mas que se revelara um excepcional piloto ganhando o mundial sete vezes, sendo cinco seguidas, ele já se sentia deslocado no circo.
Os rivais já não eram tão desafiantes, já não havia mais Prost, Mansell, e pior: Piquet já havia parado, 0 que impossibilitava Senna de dar o troco daquela ultrapassagem que tomara na Hungria em 86.
Em suma já não tinha tanta graça.
Mas acompanhava a F1 de casa, em Tatuí onde ficava a sede de suas auto-escolas que se espalhavam em filiais e franquias por quase todo o estado de S. Paulo.
Dos antigos amigos mantinha contato com Berger, com Barrichello. Atendia sempre que podia ao Reginaldo Leme e até quando não podia a Luiz Fernando Ramos, o Ico.
Respondia aos e-mails de Eduardo Correa e vez por outra mandava suas colaborações ao site Gptotal.
Só guiar é que não fazia mais.
Escapara ileso do acidente na Tamburello em 94 e continuou o campeonato com garra e coragem. Ouviu de Prost um sincero:
“-Se fosse comigo eu parava no dia seguinte e nunca mais entrava num carro na minha vida...”.
E de Piquet um irônico:
“-Se fosse comigo eu parava no dia seguinte e nunca mais entrava num carro na minha vida...”.
E de Piquet um irônico:
“-P... tinha de ser na mesma curva que eu?”.
Naquela manha sentou-se em frente ao enorme aparelho de TV de sua sala de estar cercou-se de muitos quilos de salgadinhos, batatas fritas e outros venenos comestíveis; um punhado de latas de cerveja, afinal ele também era filho de Deus - e não Deus, como queriam crer alguns fãs - e gritou para sua esposa que estava por perto.
“–Benhê, não me incomoda agora não que vai começar a transmissão da corrida...!”
E ela respondeu meio que alienadamente:
“-Mas de novo Ayrton... Você vê corrida todos os fins de semana... É formula 1; é A1Gp; é formula Indy; é Formula mundial; é cart e até o super-classicos você assiste... Assim não agüento...”.
“-Mas amor, a velocidade está no sangue...”.
“-Ayrton... os super-classicos nem correm muito.”
“-Benzinho... mas tem uns carrinhos lindos e até alguns bons pilotos...”.
“-Desisto, fica ai com este ronco de motor na orelha, vai...”.
E ele assiste tudo...
Os treinos livres da manhã, o warm up, os especiais antes da prova, e finalmente a largada.
Viu Felipe Massa disparar na frente tomar a ponta e não mais perder até a bandeirada final, como ele mesmo cansou de fazer quando corria pelo mundo afora.
Viu Felipe Massa disparar na frente tomar a ponta e não mais perder até a bandeirada final, como ele mesmo cansou de fazer quando corria pelo mundo afora.
A briga principal era entre o alemão e um espanhol, então atual campeão mundial que lutava pelo bi.
O alemão vencera em Monza e lá mesmo anunciara sua aposentadoria e agora precisava vencer o GP Brasil e torcer para que o espanhol não pontuasse...
O alemão vencera em Monza e lá mesmo anunciara sua aposentadoria e agora precisava vencer o GP Brasil e torcer para que o espanhol não pontuasse...
O carro do espanhol era um foguete, mas, o alemão era o alemão. Então...
Largou em décimo, em poucas voltas já era o quinto, furou um pneu quando ultrapassou o italiano companheiro de equipe do espanhol. Caiu pra ultimo... Veio se recuperando, passando um por um.
Senna não piscava, passou por Barrichello.
Senna não piscava, passou por Barrichello.
Senna não mais mastigava.
Mais uma ultrapassagem. Senna dava outro gole na cerveja de olhos arregalados.
No fim da reta de largada na entrada do ‘s’ que leva o nome do brasileiro o alemão encosta no muro, se espreme todo e da um come num finlandês que faz Senna jogar salgadinhos e cerveja para o alto e gritar. “-É gênio, troca o nome deste ‘s’ pra “S de Schumacher!”.
Quando acabou corrida e o hino nacional foi ouvido o alemão não estava no pódio, mas nem precisava estar.
Chegou em quarto, ofuscando o titulo do espanhol.
No sofá emocionado ainda ouviu o alemão dizer que estava feliz por ter sido Felipe Massa o primeiro brasileiro a vencer no Brasil depois de Senna.
Então Senna ergueu sua lata de cerveja em tom solene e saudou o alemão:
“-Este é do c...”.
Então Senna ergueu sua lata de cerveja em tom solene e saudou o alemão:
“-Este é do c...”.
Comentários
Belo texto,um Ayrton bem diferente daquele imaginado por tantos.
abraço
Mais impossível ainda é ver um texto de Ron Groo chamando Barrichello de... Barrichello?!?
Que delicia de texto Groo. Parabéns...Vc tem talento de sobra. Acho até que você esta qrendo ser o Schumacher das penas.
ABRAÇOS....
Parabéns ao SENNA e ao Groo por ter criads CENAS, das quais não imaginaríamos acontecerem com o SENNA!
abs.
Alysson Prado "Balo"
Assino embaixo, em cima... assino tudo.
Abs.
Falando nisto vc viu o Kobayote na corrida? Pena que ele não tem um carro decente.
Beijos...
Amelhor forma de lembrar o nosso campeão.
abs
Tb tava sentindo sua falta.
O Kobayote ainda vai decolar... mas com aquele chumbo no pé vai demorar um pouco. Mas, aguarde... qualquer dia desses ele nos surpreenderá.
Abs.
tá ahi um Senna humano, real, palpável (para de pensar sacanagem, groo!)que eu gostaria de ter conhecido. groo, este é o segundo melhor texto que já li neste blogs, depois daquele da primeira corrida, e entra para o teu top ten.
hoje Devia ser feriado no brasil, em homenagem ao ayrton.
eterno ayrton senna
...saudade... :(
Beijos,Ron.