A cidade tem problemas - como toda cidade tem- mas também tem aquilo que de mais bonito uma cidade pode ter. Acima de belezas naturais, de belezas arquitetônicas, São Paulo tem a beleza humana, que mesmo escondida sob toneladas de concreto e asfalto é muito, mas muito visível.
Feliz aniversário São Paulo, minha cidade.
Na Freguesia do Ó, um casamento em dia de chuva...
Janeiro sempre chove muito em São Paulo e a frente da igreja está alagada.
Córregos que cortam a região teimam em retomar partes do terreno.
O lixo jogado nas ruas indiscriminadamente ajuda muito, e não é a cidade que joga o lixo lá... É?
Na porta da igreja o casal de noivos olha desolado o panorama.
Demorarão um pouco mais para poder aproveitar a lua de mel. Com a chuva e o alagamento a festa já era mesmo...
Um dos padrinhos sorri quando vê um caminhão e um trator se aproximar da entrada da igreja.
-Um presente! Chamei um caminhão e um trator para tirar vocês daqui...
-Sem pensar duas vezes sobem na pá do trator e vão sãos e secos, até a caçamba do caminhão, único veiculo capaz de se locomover com alguma segurança nas ruas alagadas.
Se alguém ainda não sabe, a Liberdade é o bairro onde se concentra a colônia japonesa em São Paulo. Quase todos os estabelecimentos são de descendentes nipônicos. Bares, mercados, restaurantes. Lojas etc.
Como fome, depois de penar a manhã toda atrás de um emprego, senta-se ao balcão de um destes botecos e é atendido por um jovem japonês.
-Tem café?
-Tem sim...
-Um café puro pra mim, por favor...
É servido.
-Já tem açúcar?
-Já....
-Tem coxinha?
-Não...
-Tem kibe, bolinho de carne, bolovo? Pastel?
-Não... Acabou.
-Que que é este negócio ai na estufa?
-Tempurá.
-Hum... Bonito. É frito?
-É sim...
-Me dá um...
É servido.
-Hum... É bom! Que isto no meio?
-Legumes... Tempurá é uma fritada de legumes, falando a grosso modo.
Ao mesmo tempo, no fundo do bar dois velhos riam muito, e falavam em japonês.
-Cê fala japonês?
-Não muito...
-Mas entende?
-Só um pouco.
-Do que eles estão rindo tanto...
-Deixa eu ouvir o que dizem ai falo do que estão rindo...
Os dois velhinhos continuam a falar e rir contagiando o desempregado.
-Estão falando de você...
-De mim?
-Estão dizendo que nunca viram ninguém comer tempurá com café... E estão perguntando se você faz o mesmo com sushi...

Acostumado a almoçar nos diversos restaurantes existentes no Bom Retiro, não havia um só que não conhecesse.
Desde o bar do Clovis e seus contra filé com fritas gigantescos até o Buraco da Sara, onde se come o melhor da comida kosher de São Paulo.
Mas nunca, em tempo algum sentiu vontade de comer no restaurante coreano do Liu Kim, o Happy dog. Dizem que coreanos comem cachorro e daí a servi-los no almoço é um pulo...
Mas naquele dia exatamente não conseguiu chegar a tempo para comer em nenhum lugar que não fosse o Happy.
Como o que não tem remédio, remediado está entrou no simpático estabelecimento coreano.
Com surpresa percebeu que a casa era do tipo self service, e que a comida servida não tinha nada de exótico.
Foi muito bem atendido e se fartou.
Na saída passou no caixa para acertar a conta, no balcão um saquinho de papel exalava um odor fortíssimo.
-Tinha de ter algo estranho... – pensou – Olha onde deixaram o saquinho com lixo.
Pagou a conta e de passagem pegou o saquinho para jogar fora.
-Hei! Pala, pala... Minha comida! – veio gritando uma senhora do fundo do bar...
Parou para ver o que acontecia e percebeu que a gritaria era com ele.
A velhinha coreana o alcançou antes que pudesse por o saquinho dentro de uma lata de lixo.
-Não joga fola não... Cheilo luim, mas comida boa...
Feliz aniversário São Paulo, minha cidade.
Na Freguesia do Ó, um casamento em dia de chuva...
Janeiro sempre chove muito em São Paulo e a frente da igreja está alagada.
Córregos que cortam a região teimam em retomar partes do terreno.
O lixo jogado nas ruas indiscriminadamente ajuda muito, e não é a cidade que joga o lixo lá... É?
Na porta da igreja o casal de noivos olha desolado o panorama.
Demorarão um pouco mais para poder aproveitar a lua de mel. Com a chuva e o alagamento a festa já era mesmo...
Um dos padrinhos sorri quando vê um caminhão e um trator se aproximar da entrada da igreja.
-Um presente! Chamei um caminhão e um trator para tirar vocês daqui...
-Sem pensar duas vezes sobem na pá do trator e vão sãos e secos, até a caçamba do caminhão, único veiculo capaz de se locomover com alguma segurança nas ruas alagadas.

Como fome, depois de penar a manhã toda atrás de um emprego, senta-se ao balcão de um destes botecos e é atendido por um jovem japonês.
-Tem café?
-Tem sim...
-Um café puro pra mim, por favor...
É servido.
-Já tem açúcar?
-Já....
-Tem coxinha?
-Não...
-Tem kibe, bolinho de carne, bolovo? Pastel?
-Não... Acabou.
-Que que é este negócio ai na estufa?
-Tempurá.
-Hum... Bonito. É frito?
-É sim...
-Me dá um...
É servido.
-Hum... É bom! Que isto no meio?
-Legumes... Tempurá é uma fritada de legumes, falando a grosso modo.
Ao mesmo tempo, no fundo do bar dois velhos riam muito, e falavam em japonês.
-Cê fala japonês?
-Não muito...
-Mas entende?
-Só um pouco.
-Do que eles estão rindo tanto...
-Deixa eu ouvir o que dizem ai falo do que estão rindo...
Os dois velhinhos continuam a falar e rir contagiando o desempregado.
-Estão falando de você...
-De mim?
-Estão dizendo que nunca viram ninguém comer tempurá com café... E estão perguntando se você faz o mesmo com sushi...

Acostumado a almoçar nos diversos restaurantes existentes no Bom Retiro, não havia um só que não conhecesse.
Desde o bar do Clovis e seus contra filé com fritas gigantescos até o Buraco da Sara, onde se come o melhor da comida kosher de São Paulo.
Mas nunca, em tempo algum sentiu vontade de comer no restaurante coreano do Liu Kim, o Happy dog. Dizem que coreanos comem cachorro e daí a servi-los no almoço é um pulo...
Mas naquele dia exatamente não conseguiu chegar a tempo para comer em nenhum lugar que não fosse o Happy.
Como o que não tem remédio, remediado está entrou no simpático estabelecimento coreano.
Com surpresa percebeu que a casa era do tipo self service, e que a comida servida não tinha nada de exótico.
Foi muito bem atendido e se fartou.
Na saída passou no caixa para acertar a conta, no balcão um saquinho de papel exalava um odor fortíssimo.
-Tinha de ter algo estranho... – pensou – Olha onde deixaram o saquinho com lixo.
Pagou a conta e de passagem pegou o saquinho para jogar fora.
-Hei! Pala, pala... Minha comida! – veio gritando uma senhora do fundo do bar...
Parou para ver o que acontecia e percebeu que a gritaria era com ele.
A velhinha coreana o alcançou antes que pudesse por o saquinho dentro de uma lata de lixo.
-Não joga fola não... Cheilo luim, mas comida boa...
Comentários
São Paulo tem suas mazelas e tudo mais, por outro lado é uma cidade única e muito interessante.
Confesso que moraria lá, mas é sempre muito passar alguns dias nessa terra repleta.
abs
PARABÉNS São Paulo querida do meu coração .... minha amada cidade natal .....
PS. a trilha sonora não poderia ter sido outra, praticamente a única banda nacional que eu realmente gosto ... !!!!!!!!
Foi nessa cidade louca que nasci, cresci, por uns tempos sumi, mas que na verdade NUNCA abandonei. Amo este lugar.
Você meu amor sabe a cada aniversário, apontar o cotidiano doido (e cheio de humor) desse povo que escolheu este lugar para viver e crescer aqui.
Um espetáculo.
Parabéns São Paulo.
Bjs
Muito bom. Eu nem lembrava mais do bolovo... hahahaha.
Apesar do lixo, do trânsito, do transporte público que mais parece uma lata de sardinha, esta é a minha cidade. Então... parabéns, São Paulo!
O seu comentário la no blog foi demais... "moda restart"... genial!
Abraço!
Acho que hoje na Liberdade tem tudo , menos japones...eles se mandaram para dar espaço a outros asiaticos...
Mas eu pude comer por lá nos anos que os japas mandavam...era muito bom!
Abraço!!