Conto de páscoa.

Fiquei sem tempo de criar um novo, então vai este que tinha feito. Afinal, infelizmente, páscoa é igual todo ano...
Provocavam-se o tempo todo.
Os amigos estranhavam e achavam que um dia aquelas peças que pregavam um no outro acabaria em uma briga mais séria.

Sempre se aborreciam um pouco, ficavam alguns dias sem se falar, mas nem assim deixavam de comemorar as datas festivas como o natal; dia dos pais; das mães e até o dia dos namorados. Sempre se provocando mutuamente.
Na páscoa não poderia ser diferente, ela queria uma forma de provocá-lo e ele idem...
Na manhã de Páscoa ele acordou, foi escovar os dentes e lembrou que a viu com dois ovos de páscoa pequenos.

Achou que desta vez não seria sacaneado.
Talvez tendesse a pensar que foi sacaneado no tamanho dos ovos, que ele achou realmente pequenos. Quase duas balas de chocolate.
Logo ele que tinha comprado um enorme, quase dois quilos de chocolate.
Saiu pela casa a procurar os seus dois minúsculos presentes.
Não achou nada... Voltou para cama de onde ela não tinha saído.
Ele deitou resmungou e logo dormiu de novo.
Ela aproveitou e se levantou para procurar aquele enorme ovo de chocolate que ele fez tanta força – em vão – para que ela não visse.

Pé ante pé e vasculhou a casa toda.
Nada.
Voltou para a cama e dormiu também.
Mais tarde ao acordarem quase simultaneamente sorriam um para o outro se perguntando:

-Cadê?
-Cadê o que? – continuaram em uníssono.
-Os chocolates! – disse ele.
-E o meu? – cobrou ela.
-Coloquei no local onde você não pensaria em procurar. Em um local que no fundo até parece com certa parte de sua anatomia...
-Que curioso, fiz à mesma coisa com o seu...

A ira era visível nos olhares de ambos.
Ele foi até sua gaveta e achou os dois chocolates dentro de uma cueca sua. Ele odiava quando ela o chamava de “bolinhas”.
Ela foi até seu closet e descobriu o gigante ovo de páscoa, já aberto, separado e com suas duas metades devidamente instaladas uma em cada bojo de um sutiã seu. Odiava quando ele gracejava com o tamanho de seus seios.
Provavelmente não vão se falar até o natal...


Comentários

Unknown disse…
jejeje, curtí este conto na primeira vez e curtí de novo... cé tem a rara capacidade de saber criar o contexto com poucas palavras.
Anselmo Coyote disse…
Ótimo conto, Groo.
Feliz Páscoa para vc e pra os seus.
Grande abraço.
A. Coyote.
Ron Groo disse…
Muito obrigado Anselmo, a você e a todos os seus também: uma ótima páscoa.