Durante o GP de Mônaco me instalei em uma padaria para registrar as reações dos tais torcedores que apenas vêem pedaços da corrida lá dentro. Os famosos “torcedores de padaria”, aqueles que só viam corridas quando Senna era vivo.
Desta vez, quis conversar com alguém que mesmo não sendo fã já tivesse ido alguma vez a uma corrida.
Luis Carlos é esta pessoa. Nunca acompanhou a F1 ou o automobilismo. E nem passou a acompanhar depois.
Em 2010 ganhou ingressos de uma revendedora de pneus e resolveu se aventurar pelo maravilhoso mundo dos roncos de motor.
Quis saber dele o que sentiu. As coisas pelas quais passou naqueles dias e ele muito solícito, atendeu. Começou contando que saiu de casa no sábado pela manhã para acompanhar o treino de classificação só que começaria as 14.
“-Autódromo é longe de tudo...”.
Saltou do ônibus à porta do autódromo chovia muito e então resolveu que era melhor comprar uma capa já que assistir o que quer que fosse segurando um guarda chuva não era o melhor dos cenários, aliás, nem guarda chuva tinha trazido.
Um ambulante resolveu o problema.
Vendeu-lhe por quinze reais uma capa que em dias normais custaria cinco.
“-Coisa boa chefe, pode levar sem susto, está até lacrada ó...”.
Nem quis conferir, confiou no camelô.
Na porta do autódromo comprou um par de protetores auriculares, não porque soubesse que era necessário, mas por recomendação.
Também por recomendação – maldosa, diga-se – ficou um tempo sem os protetores para “se ambientar”.
“A dor de cabeça proveniente me acompanhou por alguns dias...” – disse.
Quando chegou ao setor G, composto de arquibancadas tubulares a chuva começava a cair caia com força, o que prejudicaria o andamento do treino.
Naquele dia a classificação durou mais de duas horas.
Tempo então de tirar da embalagem a capa de chuva e ter a desagradável surpresa de encontrar uma peça de tamanho infantil, cor-de-rosa e com uma estampa da Moranguinho às costas.
-Ainda assim achei melhor usar que ficar ensopado. – ponderou ainda que com uma capa infantil e nada fosse a mesma coisa. Ficou ensopado.
Contou que vibrou muito com a pole da Williams, que pensou sinceramente ser de Rubens Barrichello.
Quando foi avisado que aquele era o carro de Nico Hulkemberg, o companheiro de equipe do brasileiro ficou com um pouco de vergonha que só passou quando percebeu que ninguém ali esperava que Rubens fizesse algo de bom mesmo.
Quando lhe perguntei do que mais se lembrava além do que havia contado pensou um pouco e disse que havia ficado curioso para saber quem era um tal Rosberg.
Intrigado, perguntei por que e ele respondeu.
-É que ficavam se referindo a mim como: “o fã do Nico Rosberg”.
-Acho que era por conta da capa de chuva... – eu disse.
-Tá, mas o que tem a ver? – insistiu.
Achei melhor não explicar.
Em tempo: ele não foi assistir a corrida no domingo...
Desta vez, quis conversar com alguém que mesmo não sendo fã já tivesse ido alguma vez a uma corrida.
Luis Carlos é esta pessoa. Nunca acompanhou a F1 ou o automobilismo. E nem passou a acompanhar depois.
Em 2010 ganhou ingressos de uma revendedora de pneus e resolveu se aventurar pelo maravilhoso mundo dos roncos de motor.
Quis saber dele o que sentiu. As coisas pelas quais passou naqueles dias e ele muito solícito, atendeu. Começou contando que saiu de casa no sábado pela manhã para acompanhar o treino de classificação só que começaria as 14.
“-Autódromo é longe de tudo...”.
Saltou do ônibus à porta do autódromo chovia muito e então resolveu que era melhor comprar uma capa já que assistir o que quer que fosse segurando um guarda chuva não era o melhor dos cenários, aliás, nem guarda chuva tinha trazido.
Um ambulante resolveu o problema.
Vendeu-lhe por quinze reais uma capa que em dias normais custaria cinco.
“-Coisa boa chefe, pode levar sem susto, está até lacrada ó...”.
Nem quis conferir, confiou no camelô.
Na porta do autódromo comprou um par de protetores auriculares, não porque soubesse que era necessário, mas por recomendação.
Também por recomendação – maldosa, diga-se – ficou um tempo sem os protetores para “se ambientar”.
“A dor de cabeça proveniente me acompanhou por alguns dias...” – disse.
Quando chegou ao setor G, composto de arquibancadas tubulares a chuva começava a cair caia com força, o que prejudicaria o andamento do treino.
Naquele dia a classificação durou mais de duas horas.
Tempo então de tirar da embalagem a capa de chuva e ter a desagradável surpresa de encontrar uma peça de tamanho infantil, cor-de-rosa e com uma estampa da Moranguinho às costas.
-Ainda assim achei melhor usar que ficar ensopado. – ponderou ainda que com uma capa infantil e nada fosse a mesma coisa. Ficou ensopado.
Contou que vibrou muito com a pole da Williams, que pensou sinceramente ser de Rubens Barrichello.
Quando foi avisado que aquele era o carro de Nico Hulkemberg, o companheiro de equipe do brasileiro ficou com um pouco de vergonha que só passou quando percebeu que ninguém ali esperava que Rubens fizesse algo de bom mesmo.
Quando lhe perguntei do que mais se lembrava além do que havia contado pensou um pouco e disse que havia ficado curioso para saber quem era um tal Rosberg.
Intrigado, perguntei por que e ele respondeu.
-É que ficavam se referindo a mim como: “o fã do Nico Rosberg”.
-Acho que era por conta da capa de chuva... – eu disse.
-Tá, mas o que tem a ver? – insistiu.
Achei melhor não explicar.
Em tempo: ele não foi assistir a corrida no domingo...
As fotos que ilustram este post me foram gentilmente cedias por Fábio Campos, que as fez durante os treinos classificatórios do GP do Brasil de 2008.
Comentários
Uma capa de chuva dessa é pra acabar - derruba qualquer mortal...
abs
A excelência de um país é a justiça; a de um homem, o caráter; a do duscurso, a verdade; a de um piloto, a performance.
Censurar o elogiável e elogiar o censurável, injustiça.
Rosberg pode ser gay. Freddie Mercury, era. Um e outro são excelentes.
Recorrer ao ridículo e ao ataque pessoal é o pior dos erros de lógica não formal, porque não só baseia-se no preconceito, mas o estimula mediante a recompensa do riso.
O mesmo resultado pode ser obtido seja pela violênci, seja pelo recurso da adesão voluntária suscitada pela argumentação razoável.
É fato que se pode agredir e atacar pelo discurso. Mas, por princípio, 'argumentar' já implica a renúncia ao emprego da violência.
Quem argumenta já passa a mensagem de que renunciou à agressão e que demonstra apreço e respeito à adesão autônoma do interlocutor. Significa levar em conta as crenças do interlocutor e não pretender impor as próprias pela força.
O ridículo é uma forma de agressão que desconsidera o mérito do objeto de discussão, como forma de desqualificar quem argumenta. Os adversários de Sócrates, não sendo capazes de refutá-lo, usavam destes expedientes, como alegar que seu nariz estava catarrento, que passar o tempo a discutir com jovens era coisa de efeminado e muitos outros ataques do gênero.
Não podendo mais ridicularizar, apelaram para a violência factual.
Próprio dos espíritos mais baixos, intolerantes e preconceituosos, o ridículo é a ante sala da agressão física.
Por essa razão, não se deve argumentar com qualquer um. Pois, argumentar já é demonstrar respeito às crenças e ao caráter do interlocutor. Ocorre que certas elucuções estão muito abaixo do direito de resposta.
Um verme pode consultar dicionários de citações latinas, pode aludir ao imperador Adriano, pode proferir imprecações e agressões, mas não pode discutir as Tusculanas ou as Cartas a Lucílio e, sobretudo, não pode deixar de ser um verme, ainda que decore frases latinas.
Por essa razão, Winston Churchill proibiu os diplomatas ingleses de sequer responder aos diplomatas alemães. Como grande orador, sabia que ouvir já implica demonstração de respeito. Como o principal atributo de um orador é o caráter, é indigno argumentar com quem está abaixo da dignidade.
Não é o seu caso, Ron Groo.
Mas, veja: Rosberg, a despeito de sua aparência metrosexual, é consistentemente mais rápido do que Schumacher e, quem sabe, ele nao será tão excelente quanto Freddie Mercury.
Abs.
Mas faz parte da piada.
E como me ensinou um amigo jornalista: Se a versão é melhor que o fato, publique-se a versão.
M.C.
Nunca fui, mas morro de vontade. Um amigo da minha irmã e um colega disse que jamais deixariam que eu fosse sozinha ou com um grupo de meninas. Os dois disseram que não era ambiente para mulher. As meninas do Octeto falaram que se ouve muita coisa, muita chacota... Mas acho que isso não aconteceria muito comigo. passo por criança numa boa hehehehehe... Tanto é que uma capa de chuva com estampa da moranguinho me ajudaria muito nisso, e devido minha baiza estatura, não ficaria ensopada. ^^
Abs! Boa corrida!!!
Hilária a história dele...
Pior que todo santo ano alguns se ferram naquele setor G, que é o mais porra loca de todos os setores de Interlagos em época de GP.
M.C.