Palavras duras em voz de veludo: What´s going on

Quando Marvin Gaye entrou no escritório de seu patrão – e sogro – Berry Gordy para pedir que sua “What´s going on” fosse lançada em compacto ouviu um sonoro “não” como resposta.
Berry, dono da gravadora Motown, argumentava que a canção não tinha apelo comercial:
“-Aqui se faz disco pra vender, não pra ser obra de arte...”.

Revoltado com a decisão, Marvin lançou o ultimato: “-Ou é assim ou não gravo mais uma canção sequer nesta casa.”.
Berry podia ser tudo, mas não era burro.
Marvin não só era um cantor e compositor de sucesso como também um produtor antenado com o gosto popular e responsável por vários discos de sucesso lançados pela Motown.
Cedeu .
E “What´s going on” vendeu tão bem que o contrariado sogro/patrão, animadão, pediu um álbum com canções similares.

Marvin já tinha algumas prontas, entre elas “God is love”, “Sad Tomorrows” e uma versão do que viria a ser “Fly high (in the friendly sky").
Criou mais clássicos instantâneos -“Mercy mercy Me”. "Save the children" e “Inner city blues (make me wanna holler”) – estruturou o álbum para que todas as faixas tivessem o mesmo direcionamento fortemente marcado pelas preocupações sociais, espirituais e pioneiramente ecológicas. Embaladas por uma elegante mistura de funk, soul e jazz.


Resultado: o álbum What´s going on é considerado um dos mais importantes da música norte americana e provavelmente o mais conhecido do artista.

Este sucesso garantiu a Marvin Gaye o total controle de criação e produção de seus trabalhos futuros e abriu os mesmos precedentes à outros artistas contratados pela Motown, o que possibilitou o surgimento de outro monstro da musica: Stevie Wonder.

E para os que à época ficaram pensando que Marvin Gaye se tornaria apenas um compositor canções engajadas, ainda que suingadas, uma ouvida na faixa título do disco seguinte, Let´s get it on, colocaria a teoria por terra, mas isto é assunto para outra crônica.

Comentários

Marcelonso disse…
Groo,


Muitas vezes sou rotulado de saudosista, por afirmar que a boa musica era feita há muito tempo atrás.

Hoje o apelo é comercial. Bons tempos aqueles em que compravamos o LP de vinil, e já começavamos interagindo com a capa.
Escutavamos o LP de cabo a rabo, pois as musicas tinham uma conexão...

abs
Marcos Antonio disse…
como te disse antes, sou ignorante musical em relação a marvin gaye, mas essa musica eu conheço e acho excelente e sei d aimportancia desse album. vou baixa-lo e ouvi-lo nesse fds.
Anônimo disse…
Sexual Healing... cadê ? http://www.youtube.com/watch?v=F9LTtCJgT_E . Com o Marvin todo charmosão e taradão... HA ! 1982, todo mundo ficou chocaaaado ! Menos eu. Ora, ora... Meu Ipad tem o grande Marvin e suas várias músicas... grande voz que se foi em 1984 assassinado pelo próprio pai. Falando numa cura sexual... cadê a Namu, hein ? Tu deverias falar do Barry White, senhor Groo !E do Isaac Hayes ! http://www.youtube.com/watch?v=CHbYLjWEEQA ! "Shaft", tem neguin que pensa ser do Barry ! Bom, chega. Quem quiser assista o filme... o antigão e o novão. Blaxploitation, o antigão !


E M.C., o que entende de tudo por isso mesmo não entende nada - e vice-versa - disse.
Rubs disse…
A propósito, caro Ron, os roceiros do Texas fazem parte da antologia imortal da música. Stevie Ray Vaughan e seu irmão Jimmie (meu maior ídolo vivo), inventaram o blues texano em Austin.
Os Fabulous Thunderbirds, Marcia Ball, Keri Leigh, Eddie Taylor,
Hubert Sumlin, James Cotton, Sunnyland Slim,e Jimmy Rogers, trouxeram novo sopro de vida ao Blues.
A estátua de Setvie Ray é um lamento perene de que qualquer um pode ser apanhado na armadilha do fogo cruzado.
Eu queria ser um hillbilly desses.

http://bit.ly/u9mNCt
Anônimo disse…
.... e M.C., escreve: Não adianta, Ribs, pega a sanfona e começa a tocar uma: " Olé, mulé rendeira/ Olé, mulé rendá/ Tu me ensina a fazê renda/ eu te ensino a namorá..."
Rubs disse…
Caríssimo MC, eu queria ser um cabra como Pontes de Miranda, Ruy Barbosa, Manoel Bandeira, José de Alencar, Graciliano Ramos e tantos outros que seria impossível enumerar. Mas, sou só um roceiro do cerrado mineiro que resolveu estudar depois de velho e, graças ao Prof. Porfírio de Uberabinha, conseguiu o diploma do supletivo no Colégio Inconfidentes.
Abs.