Chegar a uma Olimpíada não é tarefa para mortais e sim para candidatos a semideuses.
A disputa começa bem antes de chegarem à cidade sede.
Muito antes até de se iniciarem os pré-olímpicos.
Começa quando o sujeito decide ser atleta e precisa vencer – primeiro – seus próprios limites.
É disto que trata o lema: mais rápido, mais alto, mais forte.
Particularmente, vejo os jogos Olímpicos como concursos públicos para vagas no Olimpo, e as provas são as diversas modalidades esportivas.
Ele manda, o COI só cumpre a burocracia |
Os melhores classificados, aqueles que levam o ouro, a prata e o bronze, ocupam por quatro anos as vagas de semideuses.
O emprego tem a prerrogativa de ser estendido por mais quatro anos ou até mais, porém são poucos os que conseguem tal façanha.
Estes - os que prorrogam seu tempo no Olimpo - são mitos e, mais que os outros até, merecem seus retratos nas paredes como funcionários exemplares.
Tudo muito justo, não?
Nem sempre!
O lema, que também pode ser aplicado aos adversários perde o sentido quando entram em cenas agentes externos, fora da zona de confronto direto entre os concursandos.
Nestas horas, quando a política e a politicagem entram em cena, não é suficiente ser o mais rápido, o mais forte ou mesmo o mais ágil.
Nestes casos cai por terra até mesmo o outro lema olímpico que diz que o importante e competir.
Provavelmente o mais impressionante deles, a meu ver, seja a história da final do basquete masculino dos jogos de Munique em 1972 em plena guerra fria.
Faltando três segundos para o fim do jogo os EUA venciam a URSS por apenas um ponto de diferença: 50 a 49.
Os soviéticos haviam pedido tempo e na reposição de bola erraram o arremesso.
Ouro americano.
Não...
Um dos árbitros da partida alegou que a URSS tinha pedido tempo quando faltava apenas um segundo para o fim do jogo.
Nova reposição de bola e novamente os soviéticos erram a jogada.
Agora sim, ouro olímpico para aos americanos.
Novamente não. E desta vez sob a alegação da arbitragem de que a FIBA, na pessoa de seu secretário geral havia detectado uma falha no cronometro.
Nova reposição e desta vez os soviéticos não erram, levando assim a medalha e indignando os americanos ao ponto de sequer irem receber as medalhas de prata.
Por sorte, ou justiça, as histórias de superação suplantam em número – e beleza – os péssimos exemplos como este e podemos nos emocionar com maratonistas que cruzam linhas de chegadas extenuadas, ginastas que se apresentam mesmo com fraturas, cavalos que se recusam a saltar obstáculos entre tantas outras coisas memoráveis.
Que tenha lugar então o concurso público para semideus deste ano.
Que a política e a politicagem fiquem de fora do sistema de apuração e que apenas os mais rápidos, os mais fortes, os mais ágeis sejam as estrelas maiores.
Zeus agradecerá e nós também.
Texto escrito à pedido do amigo Regys Silva e publicado originalmente no blog Surto Olímpico.
Comentários
M.C.
M.C.
Não existe mais competição desportiva. Existe competição entre marcas e é isso que define os resultados.
Zeus foi contratado pela Adidas e Poseidon pela Nike.
E o Sr. pode garantir o pódium ao lado de Jisuis se pagar o boleto da Universal no débito automático.