Permitam-me definir beleza em dois atos.


Primeiro: Spa-Francorchamps
É ou não é lindo?

Quem gosta de automobilismo, gosta de Spa. Não há como dissociar.
A pista é um espetáculo, sempre foi. E mesmo agora em que com o passar dos anos, por necessidades nem sempre inerentes ao automobilismo ou a competição a pista foi sendo –pontualmente – modificada, nem assim conseguiram tirar a majestade desta seqüência de subidas, decidas, curvas para os dois lados, freadas fortes e muito flat - out no acelerador.

Começa-se pela La Sorce. Travadissíma e que faz com que a largada seja muito, mas muito mais tensa do que normalmente é. Com chuva então é quase um desafio de Titãs.
Não é raro que os pilotos usem – sem vergonha alguma – a área de escape desta curva.
Logo desembocam em uma reta em descida que precede um mito das curvas.
Eau Rouge não é apenas uma curva, é uma entidade.
Vencer a Eau Rouge com o pé em baixo é como chegar ao topo do Everst.
Berger disse que: “-enquanto se desce a pequena reta, a cabeça diz que não é possível contorna-la de pé embaixo. Mas o coração diz que sim e grita por isto como se fosse vital!”.
Nunca estive lá, claro, mas não duvido desta descrição.
A descarga de adrenalina no cérebro deve ser tão forte que apaga qualquer tentativa de raciocínio lógico em prol de uma “segurança” que lhe tiraria preciosos décimos de segundo.
Em resumo: Eau Rouge é para homens!
Ricardo Zonta que o diga...

A reta Kemmel é um trecho muito rápido e bonito, como todo o circuito é bonito, mas é onde se vê que o circuito é também uma bem urdida mistura de velocidade e inteligência na preparação do carro.
E foi nesta reta que Mika Hakkinen fez de bobo o grande Schumacher ao ultrapassá-lo usando como pivô Ricardo Zonta. Schumacher nunca imaginaria uma manobra daquelas e o brasileiro menos ainda. Uma das manobras mais bonitas da história deste esporte.

Diferente de Monza, onde se pede um bólido quase sem asas para aproveitar as retas, Spa pede um refinamento aerodinâmico que não impeça o carro de ser indescritivelmente rápido nas retas, mas também nas curvas.
E é no fim da Kemmel que vem a primeira prova disto: a seqüência Les Combes vem com uma freada tão forte que os estômagos mais sensíveis jogariam para fora o almoço de dois dias atrás.

A Rivage, Malmedy, Pouhon, Fagnes e Paul Frere são em descida, já dentro da histórica floresta de Ardennes, onde na Segunda Grande Guerra travou-se muitas batalhas sangrentas.
A batalha aqui é manter-se vivo e rápido o suficiente para ganhar tempo e força para encarar a subida que desemboca em outra lenda do automobilismo: a Blanchmont..
De pé empurrando o pedal do acelerador até tocar o assoalho do carro a curva é diabolicamente rápida e muito traiçoeira.
Um milésimo de distração e se é apresentado à barreira de pneus que tenta fazer a segurança do local.

A nova seqüência denominada de Bus Stop nada tem com a original. Na verdade é uma chicane das mais comuns, diferentemente do que era alguns anos atrás quando realmente se parecia com uma parada de ônibus.
O enquadramento da TV naquela época mostrava a dificuldade de fazer a chicane.
O carro vinha totalmente acelerado na saída da Blanchmont, freava muito forte e guinava para a direita, uma pequena reta e outro golpe no volante para a esquerda e tome aceleração...
Ayrton Senna fechou sua volta rápida em 1991 com fantásticos 1:47:08, na pole.
E some-se a tudo isto a sempre presente possibilidade de chuva, que se não no traçado todo, ao menos em algum ponto da pista. O que é ainda mais complicado.

E ainda há quem diga que o circuito original era ainda melhor! Para os que duvidam, fica aqui a sugestão. Veja a seqüência da corrida belga do filme Grand Prix, de John Frankenheimer.
A corrida que ele retrata lá á de 1966, com o circuito original.

Segundo: On a melancholy hill

'Cause you are my medicine, when you're close to me... When you're close to me.

Comentários

Ricardo Zonta que o diga... Jacques Villeneuve também!
Net Esportes disse…
a começar pelo nome do circuito e o nome de cada setor ... muito classe. Mas se fosse para definir em apenas um nome eu diria .... 'Eau Rouge'
Anônimo disse…
...senhor Groo. Um dos templos do Automobilismo. Hoje, devido cagadas na Alemanha, Inglaterra e França( Le Mans ... os cortes na super-reta me deixa triste até hoje), diria, o terceiro templo, bem próximo a Indianápolis e do templo máximo, Monza ! Uma delícia Spa. Sparramado na poltrona, estarei assistindo o GP, que deveria ser corrido 2X por ano ! Delícia ! Genial Hamilton virá com a faca entre os dentes ! Verdade ! Farão dois furos no capacete dele para que todos vejam ! Tá rindo ? Tô gargalhando com o seu twiter. @charlesnisz é coisa rara ! O foi o senhor que escrveu coisa tão hilária ? Ele( ou o senhor ) ACREDITA ! HA ! Diria que tudo é farinha do mesmo saco... E os paulistanos não querem nada com à esquerda do saco. HAAAAA ! Mannorusso é o mais direita da esquerda, não ? Ou centro direita da esquerda ? Centro esquerda é o vampiiiro do Morumbi ! No Brasil não existe direita...

Mas, vamos para Spa -Francorchamps !

Isso é que é bão demais ! E depois... MONZA ! Mês de setembro é bão demais na F1.

A ideia não vingou, das mulheres na F1 elétrica ? Caramba... Não vai roubar a minha ideia genial pois já falei com Tio Bernie e Tio Toddynho ! Irá pagar mó mico !



Moleque Chatto
Marcelonso disse…
Groo,

Ano após ano não canso de repetir, essa é uma das melhores pistas da F1.

Em tempos de tilkodromos a rodo, esse é nosso oasis.


abs
Raphael disse…
Não tem como discordar.

Eu também nunca estive lá, mas vencê-la no simulador já é uma pedreira, imagine ao volante de um bólido...
Groo,

Spa e Monza são minhas pistas favoritas na F1...

e o mês de setembro é abençoado...

abs...
Rubs disse…
Mais bonito do que isso só a minha égua manga-larga, Diotima.