Após se debater e revirar na cama, Galvão Bueno acorda assustado.
Assustado e completamente molhado de suor.
Diferente de outras noites e outros sonhos consegue se lembrar perfeitamente do pesadelo que lhe tornou a noite tão mal dormida.
Balança a cabeça negativamente como que querendo afastar as lembranças, coça os olhos e firma a vista na escuridão do quarto procurando algo ou alguém.
Como nada encontra, levanta-se. Toma um banho, troca-se, mas, porém, passa ao largo da mesa do café da manhã. Não tem animo para comer.
Entrou em seu carro e rumou para o autódromo de Mônaco para a transmissão do tradicional GP de F1.
Lá o esperavam Reginaldo Leme e Rubens Barrichello e sua habitual equipe de trabalho.
Todos o veem chegar e estranham que passe direto para a posição de transmissão sem um bom dia sequer.
Faz a transmissão do treino de forma correta, porém um detalhe incomoda e surpreende a todos: não faz sequer uma menção a Ayrton Senna.
Ao fim do treino, após se despedir e marcar novo encontro com sua audiência para o domingo pela manhã, Galvão se levanta para ir embora, mas é barrado por Reginaldo Leme.
-Galvão, está tudo bem?
-Tá... Tá sim...
-Você chegou meio estranho, nem deu bom dia...
-Ah, me desculpe, mas foi uma noite terrível. Dormi muito mal. Tive pesadelos.
-Ah, normal. Acontece com todo mundo.
-Mas parecia tão real!
-Quer contar?
-Bom... Assim... Eu sonhei que uma luz muito forte brilhava no meu quarto e eu não conseguia de forma nenhuma diminuir o brilho. Por mais que eu tentasse, não tinha jeito de escapar daquela luz.
-Continua...
-Então me levantei e fui até ela, pra ver o que era e então a luz se materializou e – veja só! – era Jim Clark.
-Jim Clark? Caramba!
-É... E ele dizia assim: “-Galvão! Depois que morremos, todos os pilotos vão para o céu e disputam GP´s. Lá temos mecânicos, chefes de equipe... O Collin Chapman continua criando e tudo o mais.”.
-Caraca! Que doideira... E ai?
-Ai eu perguntei do Senna e ele disse: “-Está lá também, mas pediu para eu vir dizer para você parar de citá-lo em todas as transmissões que faz, por que você não o deixa evoluir. Para ter uma ideia, ainda está correndo de Tolleman após este tempo todo que está lá...”.
-Putz! E você? Disse o que?
-Eu engoli em seco e prometi que não ia citar mais, daí acordei assustado.
-Isto explica porque você passou o treino oficial todinho sem tocar no nome do Senna e interrompendo toda vez que o Rubinho ia falar dele...
-Pois é.
-Mas foi só sonho né? Você não devia levar isto tão a sério.
-Você acha?
-Claro...
-Então tá certo... Vamos embora que amanhã a corrida promete.
Então, no domingo Galvão se solta.
Cita Senna a cada duas voltas, diz um monte de vezes que o piloto brasileiro é o maior vencedor daquele circuito. Fala da histórica corrida em que Senna bloqueou Mansell nas voltas finais, da corrida em que não venceu porque a direção de prova acabou a corrida antes do tempo, das voltas fantásticas, rasga o verbo enfim.
Tudo parece ter voltado ao normal.
Naquela noite, nem bem se deitou e a tal luz aparece.
Porém, agora Galvão tem certeza de que não está dormindo.
-Galvão... – diz Jim Clark iluminado.
-Mas, mas... Eu estou acordado!
-Eu sei... Você se lembra da nossa conversa?
-Lembro sim...
-Lembra que lhe disse que você ficar citando o Senna nas suas transmissões não o deixava evoluir?
-Lembro...
-Pois é... Por ter passado o treino oficial todo sem falar nele, Senna teve uma ascensão meteórica e saiu da Tolleman e já foi direto para a Williams.
Galvão fica mudo.
-Mas por ter falado tanto nele durante a corrida...
-Já sei... – diz Galvão interrompendo – Voltou para a F3 Inglesa?
-Pior... Bateu tão forte dentro na saída do túnel que caiu dentro do mar e morreu de novo...
Assustado e completamente molhado de suor.
Diferente de outras noites e outros sonhos consegue se lembrar perfeitamente do pesadelo que lhe tornou a noite tão mal dormida.
Balança a cabeça negativamente como que querendo afastar as lembranças, coça os olhos e firma a vista na escuridão do quarto procurando algo ou alguém.
Como nada encontra, levanta-se. Toma um banho, troca-se, mas, porém, passa ao largo da mesa do café da manhã. Não tem animo para comer.
Entrou em seu carro e rumou para o autódromo de Mônaco para a transmissão do tradicional GP de F1.
Lá o esperavam Reginaldo Leme e Rubens Barrichello e sua habitual equipe de trabalho.
Todos o veem chegar e estranham que passe direto para a posição de transmissão sem um bom dia sequer.
Faz a transmissão do treino de forma correta, porém um detalhe incomoda e surpreende a todos: não faz sequer uma menção a Ayrton Senna.
Ao fim do treino, após se despedir e marcar novo encontro com sua audiência para o domingo pela manhã, Galvão se levanta para ir embora, mas é barrado por Reginaldo Leme.
-Galvão, está tudo bem?
-Tá... Tá sim...
-Você chegou meio estranho, nem deu bom dia...
-Ah, me desculpe, mas foi uma noite terrível. Dormi muito mal. Tive pesadelos.
-Ah, normal. Acontece com todo mundo.
-Mas parecia tão real!
-Quer contar?
-Bom... Assim... Eu sonhei que uma luz muito forte brilhava no meu quarto e eu não conseguia de forma nenhuma diminuir o brilho. Por mais que eu tentasse, não tinha jeito de escapar daquela luz.
-Continua...
-Então me levantei e fui até ela, pra ver o que era e então a luz se materializou e – veja só! – era Jim Clark.
-Jim Clark? Caramba!
-É... E ele dizia assim: “-Galvão! Depois que morremos, todos os pilotos vão para o céu e disputam GP´s. Lá temos mecânicos, chefes de equipe... O Collin Chapman continua criando e tudo o mais.”.
-Caraca! Que doideira... E ai?
-Ai eu perguntei do Senna e ele disse: “-Está lá também, mas pediu para eu vir dizer para você parar de citá-lo em todas as transmissões que faz, por que você não o deixa evoluir. Para ter uma ideia, ainda está correndo de Tolleman após este tempo todo que está lá...”.
-Putz! E você? Disse o que?
-Eu engoli em seco e prometi que não ia citar mais, daí acordei assustado.
-Isto explica porque você passou o treino oficial todinho sem tocar no nome do Senna e interrompendo toda vez que o Rubinho ia falar dele...
-Pois é.
-Mas foi só sonho né? Você não devia levar isto tão a sério.
-Você acha?
-Claro...
-Então tá certo... Vamos embora que amanhã a corrida promete.
Então, no domingo Galvão se solta.
Cita Senna a cada duas voltas, diz um monte de vezes que o piloto brasileiro é o maior vencedor daquele circuito. Fala da histórica corrida em que Senna bloqueou Mansell nas voltas finais, da corrida em que não venceu porque a direção de prova acabou a corrida antes do tempo, das voltas fantásticas, rasga o verbo enfim.
Tudo parece ter voltado ao normal.
Naquela noite, nem bem se deitou e a tal luz aparece.
Porém, agora Galvão tem certeza de que não está dormindo.
-Galvão... – diz Jim Clark iluminado.
-Mas, mas... Eu estou acordado!
-Eu sei... Você se lembra da nossa conversa?
-Lembro sim...
-Lembra que lhe disse que você ficar citando o Senna nas suas transmissões não o deixava evoluir?
-Lembro...
-Pois é... Por ter passado o treino oficial todo sem falar nele, Senna teve uma ascensão meteórica e saiu da Tolleman e já foi direto para a Williams.
Galvão fica mudo.
-Mas por ter falado tanto nele durante a corrida...
-Já sei... – diz Galvão interrompendo – Voltou para a F3 Inglesa?
-Pior... Bateu tão forte dentro na saída do túnel que caiu dentro do mar e morreu de novo...
Comentários
Soube que os restos mortais da princesa Izabel serão exumados. Se ela lhe aparecer, vc pode dar uns amassos, Ron. Não pode ser classificado como traição objetiva.
Abs!
Faz tempo que não escuto a narração desse cara na corrida. Costumo desligar o audio da TV e sintonizar na BandNews FM - Odair José, Fabio Seixas, Ico Ramos, Carsughi, Alessandra Alves - companhias bem mais agradáveis que esse falastrão...
Mais uma vez,a sua criatividade é espetacular...parabéns
abs
Colocar o Jim Clark na história foi sensacional!!!!
Parabéns!!!
Agora deu pra mexer com as coisas do espaço. Ai ai ai. Eu, se fosse vc, deixaria isso pra lá, a menos que esteja querendo mandar um recado ao falastrão do Galvão. Porém, embora eu jamais tenha falado a esse respeito, acho para ele não há mais volta. Realmente ele não deixa o falecido evoluir e descansar em paz, fazendo-o reviver seu karma terrestre indefinidamente como se não o tivesse cumprido e passado a outro plano.
Realmente o Galvão é "a coisa" e até como tal já passou dos limites há tempos.
Abs.
Mas às vezes o Ron Groo exagera um cado nas crônicas dele... Como é que é???? "Faz a transmissão do treino de forma CORRETA" Hahahahahahahaha