Verso da discórdia?

A Plebe Rude chega para passar o som em seu debut no Rio de Janeiro, no legendário e mítico Circo Voador.
De longe, Jander Bilaphra vê que o equipamento da guitarra já está ligado e sendo usado por um sujeito de óculos ao qual reconheceu sem nenhum esforço como sendo Herbert Vianna, guitarrista e líder dos Paralamas do Sucesso.
Achou melhor não falar nada já que a banda do cara era uma das atrações principais da noite e estava então capitaneando de alguma forma a chegada das bandas brasilienses ao sul/sudeste do país.

Porém, mais tarde quando o dono do equipamento, Philippe Seabra foi passar seu som e ensaiar um pouco descobriu que seu pedal de efeito predileto não estava funcionando. Ficou puto da vida e quando ficou sabendo que quem mexera nele por último tinha sido Herbert, resolveu ir tirar satisfação.

-Poxa! Será que ele fez isto porque colocamos o nome dele no meio “Minha Renda”? – pensou.
A canção em questão questiona a forma como alguns produtores queriam tratar o nascente rock brasileiro e a primeira vista a menção ao nome do guitarrista dos Paralamas não parecia lá muito elogiosa.
Mas Philippe foi assim mesmo, nem que fosse só para espairecer a raiva.
Viu Herbert de longe, sentado e de cabeça baixa e foi chegando e pensando em dar um pito no “baixinho”.
Só que quando encostou o paralama já se levantou e foi falando em um tom pouco amistoso:
-Quer dizer que você tá dizendo por ai que fui eu que estraguei seu pedal? Quem foi que te disse isto? Por que eu faria uma coisa destas?
Herbert de pé era bem maior que Philippe e mais corpulento e agitado ficava assustador.
Seabra só conseguiu balbuciar que estava tudo bem.

Durante o show ficou com os dois pés atrás de cantar o verso que em seu pensamento havia deixado Herbert bravo.
Quando chegou a hora, mandou:
“(...) Vou mudar meu nome para Herbert Vianna.”
E com os olhos procurou por Herbert que estava ao fundo da lona com um sorriso satisfeito e encantador.
Mais tarde soube Herbert havia adorado não só o verso, mas todo o repertório da banda, cantando - inclusive - o verso na gravação original do disco.
E muito mais tarde ainda, recebeu um pedal novo em folha, igualzinho ao que havia sido quebrado junto com a confissão:
-Cara, tinha sido eu mesmo, desculpa aê!

Comentários

Vander Romanini disse…
Cara, que hostória!!!!
Anônimo disse…
Groo,

Desconhecia essa história...Figuraço esse Herbert Viana


abs
Marcelonso