Erasmo Carlos conta em seu livro Minha Fama de Mau (Ed. Objetiva/2009) que o careca apareceu no bairro vindo do nada e sem ser convidado. E o pior: vinha de mãos dadas com Eleonor, a menina mais bonita, gostosa e desejada do lugar.
A turma, que por anos sonhou com a menina que só saia de sua casa acompanhada dos pais e, nunca, nem olhava para os lados - quanto menos para a turma – resolveu que aquilo era uma provocação.
Aquilo teria consequências...
Pensaram e decidiram que não usariam de violência, que tratariam o caso de forma anônima, mas avassaladora. Que atacariam a moral do careca.
O plano era o seguinte:
Primeira parte seria pichar nos muros do bairro por onde o careca passasse coisas como:
“O careca é terrível”, “O careca é perigoso.”, “O careca é imoral.”. “O careca é careca!”
A principio aquilo parecia ter surtido efeito. Era só ver as expressões faciais do careca ao passar pela rua e ler os “elogios” da galera...
Porém, agora já não só andava de mãos dadas com Eleonor, como também namorava no portão, trocando beijos recatados na bochecha e sob a supervisão dos irmãos menores na janela da casa.
A segunda parte foi infame: Nos banheiros dos botecos da região, nos banheiros dos mercados, das igrejas e principalmente nos banheiros públicos começaram a aparecer mais pichações: “O careca é viado”, “Careca é aberração”, “Careca é sonso”...
No sistema de alto falantes do bairro, de hora em hora apareciam mensagens do tipo: “E Madalena manda um beijo para o careca que namora Eleonor e lhe oferece uma musica.”.
Invariavelmente tocava logo em seguida a marchinha “Nós os carecas”, aquela que diz que é dos sem cabelo que elas gostam mais...
Neste ponto, todos no bairro já desconfiavam quem estava por trás das ações contra o cuca lisa e passaram a olhar torto para a turma. Até os familiares reprovavam.
Porém a ultima parte do plano foi posta em prática e, de diversas agencias de correio espalhadas pela cidade, começaram a chegar cartas à residência da agora noiva do careca desancando ainda mais o pouca telha: “O careca é brocha”.
Aquilo foi a gota d´água, todos, absolutamente todos se viraram contra a turma e até os irmãos da menina sumiram da janela, em um claro sinal de que agora até a família dela apoiava incondicionalmente o namoro e confiava no cabeça pelada. Em uma manhã de sábado o careca veio pessoalmente falar com a turma que estava reunida a sombra de uma arvore.
Chamou primeiro Tonho Croco, o líder do pessoal para um conversa particular que se desenrolou ali mesmo. Os outros assistiam prontos para a ação, porém, quando viram que Tonho e o careca apertavam as mãos, relaxaram e ouviram de Croco o seguinte discurso:
“-Gente, beleza, vamos acabar aqui a campanha contra o careca... Ele é de paz, é de boa, só não tem cabelo... E mais, a gente vai dar porrada em quem chamar o careca de careca. Ah, ele disse que não tem jeito, vai casar com a Eleonor de qualquer forma... E que vai se formar dentro em pouco em medicina e que não pega bem se ele ficar conhecido pelo apelido de careca... Então fica assim: vai na paz case com ela e tenha muitos carequinhas, pra gente poder chamar eles de “filhos do doutor careca”...
O careca ficou contente com o resultado e foi embora enquanto a turma arrumava outra diversão...
História contada só para celebrar o mais novo lançamento do Trmendão apenas com os lado B de seus maiores sucessos.
E também porque eu quis, oras...
A turma, que por anos sonhou com a menina que só saia de sua casa acompanhada dos pais e, nunca, nem olhava para os lados - quanto menos para a turma – resolveu que aquilo era uma provocação.
Aquilo teria consequências...
Pensaram e decidiram que não usariam de violência, que tratariam o caso de forma anônima, mas avassaladora. Que atacariam a moral do careca.
O plano era o seguinte:
Primeira parte seria pichar nos muros do bairro por onde o careca passasse coisas como:
“O careca é terrível”, “O careca é perigoso.”, “O careca é imoral.”. “O careca é careca!”
A principio aquilo parecia ter surtido efeito. Era só ver as expressões faciais do careca ao passar pela rua e ler os “elogios” da galera...
Porém, agora já não só andava de mãos dadas com Eleonor, como também namorava no portão, trocando beijos recatados na bochecha e sob a supervisão dos irmãos menores na janela da casa.
A segunda parte foi infame: Nos banheiros dos botecos da região, nos banheiros dos mercados, das igrejas e principalmente nos banheiros públicos começaram a aparecer mais pichações: “O careca é viado”, “Careca é aberração”, “Careca é sonso”...
No sistema de alto falantes do bairro, de hora em hora apareciam mensagens do tipo: “E Madalena manda um beijo para o careca que namora Eleonor e lhe oferece uma musica.”.
Invariavelmente tocava logo em seguida a marchinha “Nós os carecas”, aquela que diz que é dos sem cabelo que elas gostam mais...
Neste ponto, todos no bairro já desconfiavam quem estava por trás das ações contra o cuca lisa e passaram a olhar torto para a turma. Até os familiares reprovavam.
Porém a ultima parte do plano foi posta em prática e, de diversas agencias de correio espalhadas pela cidade, começaram a chegar cartas à residência da agora noiva do careca desancando ainda mais o pouca telha: “O careca é brocha”.
Aquilo foi a gota d´água, todos, absolutamente todos se viraram contra a turma e até os irmãos da menina sumiram da janela, em um claro sinal de que agora até a família dela apoiava incondicionalmente o namoro e confiava no cabeça pelada. Em uma manhã de sábado o careca veio pessoalmente falar com a turma que estava reunida a sombra de uma arvore.
Chamou primeiro Tonho Croco, o líder do pessoal para um conversa particular que se desenrolou ali mesmo. Os outros assistiam prontos para a ação, porém, quando viram que Tonho e o careca apertavam as mãos, relaxaram e ouviram de Croco o seguinte discurso:
“-Gente, beleza, vamos acabar aqui a campanha contra o careca... Ele é de paz, é de boa, só não tem cabelo... E mais, a gente vai dar porrada em quem chamar o careca de careca. Ah, ele disse que não tem jeito, vai casar com a Eleonor de qualquer forma... E que vai se formar dentro em pouco em medicina e que não pega bem se ele ficar conhecido pelo apelido de careca... Então fica assim: vai na paz case com ela e tenha muitos carequinhas, pra gente poder chamar eles de “filhos do doutor careca”...
O careca ficou contente com o resultado e foi embora enquanto a turma arrumava outra diversão...
História contada só para celebrar o mais novo lançamento do Trmendão apenas com os lado B de seus maiores sucessos.
E também porque eu quis, oras...
Comentários
Anderson Lutti
R.
http://bit.ly/1LkNjt9