F1 2016 - Volta das férias: É Spa, moleque!

Quem gosta de automobilismo, gosta de Spa. Não há como dissociar.
A pista é um espetáculo, sempre foi. E mesmo agora em que com o passar dos anos, por necessidades nem sempre inerentes ao automobilismo ou a competição a pista foi sendo –pontualmente – modificada, nem assim conseguiram tirar a majestade desta seqüência de subidas, decidas, curvas para os dois lados, freadas fortes e muito flat-out no acelerador.

Começa-se pela La Source.
Travadissíma e que faz com que a largada seja muito, mas muito mais tensa do que normalmente é. Com chuva então é quase um desafio de Titãs.
Não é raro que os pilotos usem – sem vergonha alguma – a área de escape desta curva.
Logo desembocam em uma reta em descida que precede um mito das curvas.
Eau Rouge não é apenas uma curva, é uma entidade.
Vencer a Eau Rouge com o pé em baixo é como chegar ao topo do Everst.
Berger disse que: “-Enquanto se desce a pequena reta, a cabeça diz que não é possível contorná-la de pé embaixo. Mas o coração diz que sim e grita por isto como se fosse vital!”.
Nunca estive lá, claro, mas não duvido desta descrição.
A descarga de adrenalina no cérebro deve ser tão forte que apaga qualquer tentativa de raciocínio lógico em prol de uma “segurança” que pode custar preciosos décimos de segundo.
Em resumo: Eau Rouge é para homens!
Ricardo Zonta que o diga...

A reta Kemmel é um trecho muito rápido e bonito, como todo o circuito é bonito, mas é onde se vê que o circuito é também uma bem urdida mistura de velocidade e inteligência na preparação do carro.
E foi nesta reta que Mika Hakkinen fez de bobo o maior de todos, Schumacher, ao ultrapassá-lo usando como pivô Ricardo Zonta.
Schumacher nunca imaginaria uma manobra daquelas e o brasileiro menos ainda. Uma das manobras mais bonitas da história deste esporte.

Diferente de Monza, onde se pede um bólido quase sem asas para aproveitar as retas, Spa pede um refinamento aerodinâmico que não impeça o carro de ser indescritivelmente rápido nas retas, mas também nas curvas.
E é no fim da Kemmel que vem a primeira prova disto: a sequência Les Combes - que vem com uma freada tão forte que os estômagos mais sensíveis jogariam para fora o almoço de dois dias atrás -, a Rivage, Malmedy, Pouhon, Fagnes e Paul Frere são em descida, já dentro da histórica floresta de Ardennes, onde na Segunda Grande Guerra travou-se muitas batalhas sangrentas.
Mas a batalha aqui é manter-se vivo e rápido o suficiente para ganhar tempo e força para encarar a subida que desemboca em outra lenda do automobilismo: a Blanchmont..
De pé empurrando o pedal do acelerador até tocar o assoalho do carro, a curva é diabolicamente rápida e muito traiçoeira.
Um milésimo de distração e se é apresentado à barreira de pneus que tenta fazer a segurança do local.

A nova seqüência denominada de Bus Stop nada tem com a original. Na verdade é uma chicane das mais comuns, diferentemente do que era alguns anos atrás quando realmente se parecia com uma parada de ônibus.
O enquadramento da TV naquela época mostrava a dificuldade de fazer a chicane.
O carro vinha totalmente acelerado desde a saída da Blanchmont, freava muito forte e guinava para a direita, uma pequena reta e outro golpe no volante para a esquerda e tome aceleração...
Ayrton Senna fechou sua volta rápida em 1991 com fantásticos 1:47:08, na pole.
E some-se a tudo isto a sempre presente possibilidade de chuva, que se não no traçado todo, ao menos em algum ponto da pista. O que é ainda mais complicado.

E ainda há quem diga que o circuito original era ainda melhor! Para os que duvidam, fica aqui a sugestão: veja a sequência da corrida belga do filme Grand Prix de John Frankenheimer.
A corrida que ele retrata lá á de 1966, com o circuito original.

Comentários

Fabiano disse…
Com tanta pista enjoada, Spa é um alento p quem curte F1.
Marcelonso disse…
Groo,

De longe a melhor pista do calendário! E com a instabilidade naquele quadrante do planeta, as corridas ficam ainda mais apimentadas!


abs
Anônimo disse…
Ótimo ! Maravilhoso ! Algo primeiro mundíssimo ! SPA !
Penso em, com uma picareta, reconstruir Jacarepaguá ! O circuito. Acabou o circo ! O poooooovo(otário) está feliz ! Precisarei de uma mãozinha do Superman, do Thor e seu martelo, do Hulk( bom demolidor ! ), de alguns mutantes( não, a Rata Li, não). A mulher maravilha para ficar comigo, nos trabalhos, digamos, administrativos. Farei uma pista mais larga, box de primeiro mundo, quem sabe um bar temático e um museu. Se me lembro bem, aumentar o retão utilizando o circuito da Indy. Dar uma 'mesclada' nos dois... Ai, meus chifres ! Caí ! Estava escrevendo no meu lapitópi, dormindo !
Um M.C. sonambulo !
Deixa eu ver o que escrevi. Coitadin de mim.
Aê, senhor Groo, aproxima-se outro circo. Vai votar em quem, hein ?


M.C.