O rock no Brasil não acabou 4: Apanhador só e o futuro. Meio que tudo é um

Quando surgiu no cenário do rock brasileiro, as primeiras impressões (de gente que provavelmente nem tinha ouvido o disco) davam conta que era uma banda que emulava Los Hermanos... Coitados.
Depois, por serem gaúchos, diziam que era um sub Engenheiros. Ai deu pena dos críticos.
Nada contra EngHaw, que eu adoro, mas bastava ouvir o primeiro disco da Apanhador Só (Alexandre Kumpinski, Fernão Agra e Felipe Zancaro que se revezam nos instrumentos e funções) para ter certeza de que era algo novo, pungente e que apesar do sabor pop das canções, a banda tinha muito mais a apresentar.

No primeiro disco, Apanhador Só, (2010) ruídos estranhos - ainda tímidos -  já causavam uma estranha sensação, mas não afastava o ouvinte do som pop fofinho.
E sim, eles tinham mais a mostrar.
Tanto que regravaram (sempre em esquema de financiamento coletivo) um EP (Acústico sucateiro, 2011) com músicas do primeiro disco tocadas apenas com “instrumentos” alternativos. Baldes, rodas de bicicleta, chaleiras, violões de brinquedo entre outras coisas.
Já para o segundo long play, a banda se reinventou, depurou seu som e mandou para os ouvintes um produto completamente diferente, novo!
Antes que tu conte outra (2013) é um disco ruidoso, violento (e ainda assim poético) onde as poucas concessões ao passado pop (“Liquido Preto” e “Torcicolo”) da banda soam como piadas jocosas embora sejam músicas ótimas.
Pode-se dizer que o disco já nasceu clássico por ser quase impossível ter um paralelo no BRock para ele.

Eis que chega 2017 e a banda lança seu novo disco: Meio que tudo é um.


Se o segundo era a depuração do estilo da banda, o terceiro pode ser considerado seu suprassumo.
Corajoso e sem concessões, a Apanhador dá uma aula de modernidade, inventividade, criatividade e talento ao longo das quinze faixas do disco.
As letras de Alexandre Kumpinski (com diversas parcerias) são poemas dignos do nome.
E algumas como a poderosa “O creme e o crime” são enormes!
Algumas passagens soam tão geniais (e bonitas) que grudam na cabeça feito chiclete no asfalto quente, manja? Estica, mas não larga da sola do tênis.
No caso, te acompanha por dias e dias na ponta da língua.
Duvidou? Ouça “Teia” e tente não ficar repetindo o refrão desta canção alegre e solar:
“O problema é quando a gente está puxando duma corda / Do mesmo jeito de quem tá do outro lado puxando da mesma corda”.

A citada “O creme e o crime” em sua letra quilométrica e de métrica complicada joga uma luz diferente sobre a discussão sobre “merecimento”, “esforço” e “sorte” ao falar de um personagem, filho de pais separados, que - aparentemente - não passou por dificuldades financeiras ou maiores traumas.
A letra tem um refrão carregado:
“Desculpa nenhuma
Nem tua, nem minha
De ter na maminha
O herdado conforto
De berço nos beiço
O tererê”

O disco flerta com samba para falar de São Paulo (“Metropolitano”) e do Rio de Janeiro (“RJ banco imobiliário”), reggae desconstruído na maravilhosa e já citada “Teia” e muita, muita poesia.
A veia romântica fica por conta de “Linda, louca e livre” que traz alguns dos versos mais bonitos sobre relacionamento já escritos.

Se o disco vai fazer sucesso é uma incógnita neste mercado musical esquisito do Brasil. Ainda mais sendo um produto independente, mas que já pode ser considerado sério candidato a melhor disco do ano, não há dúvida alguma.
Ouça inteiro, e ouça atento.

Comentários

Anônimo disse…
Bom dia senhor Groo.
Estou sentindo falta dos amigos. Ninguém mais aparece !
. EngHaw ? FFAA, CapCom, DefCom... tú virô militar ? Engenheiros do Rau-uai!
Bom. Claro que o Rock não morreu mas, sinceramente, por aqui, está bem adormecido como a Bela.
' O Creme e o Crime ' é mais do mesmo. Não conheço os integrantes mas tomara sejam eles realmente pobres mas difícil porque a visão estereotipada vem de 'dentro'. Se tiver um classe média, já está dando uma de Boulos. Se tiver um riquinho na banda, aí, um novo Chic Buáááárgh poderá surgir ! O famoso rebelde esquerda caviar dentro dele poderá se chatear porque o pai toma suco de laranja de manhã no café e o menino da África, não. Como não dará para ser arquiteto ou médico, notas baixíssimas e repetência não permitem, como a mãe é, mira no pai, um empresário de sucesso que dá todo o conforto para ele junto, óbvio, com a mãe...
Viagem marcada para Suíça em Janeiro, com a mana, já na PUC de POA, será economista, e lá vai o rebeldezinho 'enojado' com tudo aquilo. Mas vai.
Ai, ai... Tomara todos eles sejam pobres mas se forem, estariam mais irritados com a situação ao redor, e, gênios que nascem em qualquer lugar, em qualquer classe social, saberiam em quem bater forte ( e aparecer!).
GOVERNO corrupto de mais de 20 anos ! Falsos artistas, amigos do povo, atrás de uma bocada, seria uma boa. Um povo abobado já serviria...
Roque em rou, se não for assim, errou, mermãos...
Que isso ? Tropicália MPB ? Essa 'Teia' não tem guitarra ? Caê Leãozinho e Berto Gil Berto vão gostar... bom, cabo de guerra. Moçada, vão se acostumando. Cabos de guerra estão em todos os lugares onde haja interação humana. Até com interação com outras espécies. Que seus braços não virem cabos de guerra com um crocodilo do Nilo... Se virar, o braço um cabo de guerra, a dica: não se afobe. Meta o braço dentro da goela do bicho. Tem uma membrana que se tú abrir, o bicho te larga porque entra água e ele terá medo de se afogar. Bom, o difícil da parada é não se afobar. Acho que existem, sim, cabos de batalhas mas isso sou eu. Várias batalhas enfrentamos no dia a dia.
Rj Banco Imobiliário. Vamos lá. Gaúcho adora o Rio de Janeiro e nós, cariocas, adoramos as gaúchas.
'Paragadinquidingudincudigundarundêra
Zigdagundêra zignaruná ', só por isso aqui eu gostaria de ver os caras. E tem mais ! 'Paragatinquidinguidingudingunarunêra
Zignarunêra zigdaradal'.
Posso dizer a verdade ? Bingo, quem escreveu a letra passou o réveillon no Rio, ou seja, classe média ou riquinho revoltado. Letra bem infanto juvenil.
Isso ele está certo, busão aqui, tu pede prá parar, não pára. Só na cordinha( coisa antiga) ou no botão.
Guris... Falem da capital da sua terra, POA, capital nacional do suicídio e o motivo de ser que talvez vocês vençam o país. O Rio de Janeiro é uma das cidades mais 'cantadas' do mundo. E gente daqui mesmo - aí a gente atura - cantou 'mal' a cidade. Ocês, mal mesmo. Rio 40 graus, Cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos... Capital do sangue quente do Brasil, Capital do sangue quente, do melhor e do pior do Brasil...
Evamunóis.


M.C.
Anônimo disse…
. E tô mentindo?
. Aborto Elétrico, 'Que País É Este', UNB, 1978.
Legião Urbana, 'Perfeição', 1993.
Por favor, não quero um novo Renato Russo.
Só mostro que no regime militar e nos anos traumáticos do início da nova democracia pindoramense, havia quem mandasse recado. E tem muito mais !
De 1995 até hoje, nada para cantar ? Crack, cracolândia, suicídio de montão, falsa retomada e clara recessão econômica, Mensalão, Petrolão, violência nas ruas, multiculturalismo, marxismo cultural, artistas engajados tipo porta dos fundos, politicamente correto, corruptos, do dem ao pcb passando pelo psdb e pt, tv, net, netflix, hbo, seriados enlatados como GoT, violência das 'minorias' contra a maioria. Só a piranha senadora do petê daria música... Muito cinismo por aí...
Caramba, tanta coisa e as bandas de hoje, uma delas canta o Rio ?
Aaaah, vão... catar coquinho em Copabacana e tomem cuidado porque tá uma ressaca danada e podem virar... música ! 'E a onda fez tchê', uma balada do gaúcho afogado...
. Vou me tornar compositor. Senhor Groo, quer ser meu parceiro ?
MCroo and Moonlight Band. Lembrei do KC and... Ou 'Os Lobisomens'! Ou para ser mais moderno, 'Os Cerverós'!
Teremos que uivar nas apresentações. No início e no fim dos shows.
Estou trocando a gaitinha do SuperTramp que enunciava o início e término dos shows. Lembra ? Vai se preparando.
As mulheres vão adorar ! Não tem gogó ? Eu tenho mas anda falhando. Tem o Zezim, o faz tudo( não faz nada o malandro mas é querido no prédio, faxineiro) que uiva pacas. Maluquinho. Uiva nas escadas do prédio após alguns més. Peguei ele uivando, aliás, ele pegou a vizinha, coroa do 1001( adoro coroas até os 55), com 46 primaveras e já vovó, 'com tudo encima', como Rei Julian preza, no papo do Jacaré - meu outro apedido, sou um apanhador só...-. Damos um 100 paus, gravamos o Zezim e pronto. Damos uma mina com uns més prá ele, sempre haverá uma e que gosta de uma cachacinha. Todas as bandas têm várias e fizemos assim justiça social... Tá, tu é roqueiro, ele virará nosso rodie ! Mas é perigoso pois pode ficar descontrolado e adentrar o palco ! Bom, antes de cada show vestimos ele de Angus Young com uma guitarra de papelão. Teatro ! Até na F1 tem...
. Se a rapeize aí quiser um compositor de prima, cá estou.
. Me chama, me chama, me chamáááááá....
. Mas quero 50% prá mim se estourar nas rádios. 60% se for pro Faustão.
E o Zezim vai querer um Prisma zero. Adora o carango. Num papo com ele, mostrei uma Mercedoca zero, Mercedez-Bens S 63 AMG 5.5 V8 Bi-Turbo( viu a malandragem que fiz ? Troquei algo...) e ele gostou mais do Prisma Zero. Bom, economizaremos 700 mil reais.





M.C.
Anônimo disse…
senhor Groo. Bom dia. Estou caqui novamente furibundo da vida porque nunca, eu disse ' nunca !', tinha ouvido a canção Hino do Cafajestes, do Ultraje A Rigor. Como sempre, os jormaulistas da época, fizeram cara de paisagem se surfaram na onda do polititicamente careta, vulgo politicamente correto, que até hoje está em muitos que falam e escrevem e ainda se achando os bãbãbãs .
A pérola esporrenta do Ultraje procê - e pros sumidos - quase 30 anos depois e muito, muito atual.

' Nós, os cafajestes do Brasil
temos como missão cafajestar
queremos nossas esposas pra chifrar
e o povo pra enganar

Filhos nos quatro cantos do Brasil
pensões que nós deixamos de pagar
contamos com o respaldo popular
em qualquer lugar

Canalhas!
em qualquer posto dessa nossa sociedade
os cafajestes do Brasil
podem viver com toda liberdade'

As duas últimas estrofes, geniais, pois, sabemos, o povão gosta. HA !

https://www.youtube.com/watch?v=TZ_Lj2EmokU

Atualíssima !


M.C.