A F1 moderna e a chuva

A qualificação para o GP de Monza/2017 foi conturbada, cheia de punições e água na pista com a seção se arrastando por horas com adiamentos a cada quinze minutos.
A despeito dos primeiros três minutos onde alguns carros aquaplanaram na freada da chicane ao fim da reta de largada e Romain Grosjean acabou batendo, aparentemente não havia tanta água.
E ainda assim a seção foi interrompida com bandeira vermelha e todos tiveram de voltar para suas garagens.

A alegação era a falta de aderência e por consequência, segurança. E o motivo foi bem aceito mesmo tendo em mente que até bem pouco tempo atrás os carros iam à pista molhada com naturalidade e apenas em casos extremos eram acionados os SC ou mesmo mostrada a bandeira vermelha.
E vale lembrar também que os carros eram – em termos de segurança – muito mais frágeis que os de hoje em dia.

Logo, evocaram-se lembranças do GP do Japão de 2014 quando, sob chuva, Jules Bianchi sofreu o acidente que viria vitimá-lo nove meses depois.
Mas seria justa a comparação?
Claro que a agua na pista, o lusco fusco e uma ignorada básica nos limites impostos pelas bandeiras amarelas contribuíram para a tragédia, mas o fato de ter um trator em local totalmente inapropriado ainda é o maior responsável pelo ocorrido.
Mas em Monza algumas destas particularidades não existiam.
A saber: o trator e o lusco fusco.

Então porque a classificação foi interrompida?
Algumas informações que vieram à tona sobre a construção dos pneus de chuva e de sua eficiência ajudam a entender um pouco.
Segundo a Pirelli, o pneu de chuva (composto identificado com faixa azul e ranhuras) escoa pouco mais de 60 por cento da água. Junte isto a uma drenagem insuficiente da pista de Monza.

Outro detalhe: os carros têm menos peso e muito mais potência. Este ano principalmente com as alterações feitas na parte aerodinâmica.
Tudo isto é importante e relevante, assim como as hipóteses levantadas por Paulo Alexandre Teixeira em seu texto sobre o assunto publicado no sábado (e que pode ser lido neste link) e que tinha como mote as novas orientações da FIA sobre segurança no trânsito onde a F1, como um exemplo a ser seguido, coloca a responsabilidade acima da emoção mesmo se tratando de um “esporte” de competição, onde a segunda deveria estar, ainda que levemente, acima da primeira.

Outra coisa que pode ajudar a entender toda a situação é a rigidez das regras de parc ferné  onde, após a classificação, é proibido voltar a mexer nas regulagens dos carros sob pena de perda de posições.
Este tópico, levantado por um dos leitores do espaço Continental Circus do Paulo, lembra que se as equipes fizerem uma regulagem de suspensão e mapa de motor para pista molhada na classificação e por obra da natureza as condições mudarem totalmente (como aconteceu nesta edição de 2017) para a corrida, nada poderá ser feito e vantagens serão perdidas. O mesmo vale para a situação contraria.

O assunto é polêmico e pode ser (bem) defendido pelos dois lados da questão, mas só cabe no momento esperar que as entidades promotoras da F1 (FIA e Liberty) revejam estes tópicos todos para acabar com o que jornalistas e fãs classificaram de “anti marketing”. Quem sabe criando um canal aberto para discussões com representantes da mídia, fãs, pilotos, chefes de equipes e os principais automóveis clubes ao redor do planeta.
Se isto viesse a acontecer, seria a maior revolução que a nova gestão da F1 poderia promover e assim ganhar, de vez, o coração dos apaixonados pelo esporte.

Comentários

Al Unser Jr. disse…
Reclamam dos yankes... mas um tratorzinho com soprador, para tentar fazer alguma coisa, é foda hein?!?!?!

Se fosse nos States, seria uma Dodgejona com turbina de helicoptero, mais umas trocentas traquitanas. kkkk

A verdade é que a F1, quando chove, esta uma frescura de dar dó.
Anônimo disse…
Sei não.
Antes, um bom dia !
. Bem... o carro ser menos pesado e mais potente, balela. Quem dá peso ao carro é a aerodinâmica. Quanto mais rápido, o dow force surge. O pneu da foto me parece adequado. 'Espirra' água para fora. Direciona os jatos( sprays) d'água para fora mas como sou pouco entendido em pneus, fico na mesma podendo ser mais um caso de incompetência da PIRadELLI. Como faz falta uma competiçãozinha, não ? Good Year, Michelin, Bridgestone.
. Maasss...
. Asas ! A McLaren do James Batida. Como era fácil mexer nelas, não ? E, hoje em dia, a asinha que abre e fecha não poderia ser utilizada em caso de chuva, acredito, se não for um brasileiro o diretor da prova. Mas não é só isso. O ajuste ocorrerá, na asa traseira, molinho, acho, mas o ajuste da asa dianteira será um Deus nos acuda. Um F1, com frente boba, na chuva, hein ? Chamem o Villeneuve pai ! Ou o Saudoso Tiozão apesar que GH-3 taí mesmo para a responsabilidade.
. Bom, só estou supunhetando. Melhor pôr a culpa nos pneus.
. Segurança, leia-se, 'frescurite atualis'. Esporte, entre aspas, senhor Groo ?
Esporte, sim.
. É. O Parc Fermé. É por aí a zona criada. Digamos que tenham feito toda regulagem para chuva e, aí, no outro dia, amanhece chovendo e, na nona volta, sai um sol de rachar telha. Imaginem regular o carango veloz em tempo 'hábil'. Principalmente as asas. Pára a corrida ! Gagálvão vai chiar e chamar o Esporte Espetacular ! Ibope... Ibope... Quanto as 'vantagens perdidas', é do jogo há séculos. Vejo problema na hora da regulagem com a corrida comendo. Mas o Zacarias poderá vencer uma se o pai do Lança permitir.
Ou seja, a La Bocca della Verità, não veremos mais uma Toleman-Hart e seu intrépido e saudoso piloto.
Não tô dizendo que o politicamente correto nefasto da escola de Frankfurt travestido de segurança atrapalha até corrida de F1 ? Aliás, escola de Frankfurta. Socialistas, em certo grau da 'carreira', aprendem a roubar. Tô mentindo ? Perguntem ao Mineirinho ou ao Vizinho Careca do psdbunda. Ou ao Amigo e amigos do Amigo, todos ptelhos. Agora, chegamos ao Supra-sumo da Trairagem Federal.
. Nada disso. Botar esta gente toda para opinar, senhor Groo ?
'Democracia' ? Nãnãninã-não ! Criariam os 'Comitês', esquerdice perigosa.
Nada de 'canal aberto'.
. Por asas mais simples e pneus de chuva confiáveis. Eu apoio.


M.C.