F1 2018 - EUA: Esticando a agonia

Sempre disse e continuo dizendo que não sou grande fã desta pista americana de Austin.
O copy and paste feito por Tilke não lhe garantiu alma. Não tem graça.
Fora o fato de que, pelo menos, não é uma pista de rua sem possibilidades de ultrapassagem, não vejo nada lá que justifique o alto grau de babação de ovo por seu traçado.
Junto com a monótona lista de vencedores em seus seis anos de existência (cinco vitórias de Lewis e uma de Vettel) é possível afirmar que para vencer lá, basta ter o melhor carro. Ou seja, é uma pista de resultados óbvios.

Para esta edição, mais obviedade: Lewis larga na pole, mais uma e isto porque seu carro nem é o melhor (ironia).
Por uma punição dada em um dos treinos livres, Vettel larga em quarto lugar já que perdeu três posições e só conseguiu um segundo lugar na classificação.
Pior ainda para Max Verstappen que foi punido por ultrapassar os limites da pista em uma das curvas com a quebra da suspensão traseira ao passar por cima de um “quebra molas” apelidado de “verstoppen”.

E a largada foi, xoxa... Apesar de Kimi pegar a ponta da corrida e Hamilton parecer não ter como acompanhá-lo, lá no fundo um pequeno acidente entre as latas velhas de Williams e a McLaren dirigida mal e porcamente por Fernando Alonso colocou bandeira amarela local nos setores 2 e 3.
Enquanto isto, antes de completar a primeira volta, Vettel consegue – novamente- se enrolar todo e rodar. Desta vez tentando ultrapassar Daniel Ricciardo.
Hamilton pode ter e tem o melhor carro (não me venham com argumentos nhé que eu mando se foder) e estar num momento maravilhoso que só os que estão ganhando podem ter, mas o alemão também não ajuda.

Enquanto isto, calçado com pneus mais macios, Kimi mantinha a ponta logo a frente de Hamilton, que em dado momento lembrou ao Bottas qual o papel dele na equipe e passou como quis para a segunda posição.
A corrida, mas que na pista, passava a ser disputada na estratégia.
Na volta onze, a Mercede fez com que Hamilton parasse e fizesse o pit obrigatório e o colocava em uma posição de vantagem total para a vitória.
Kimi teria que parar e torcer para os pneus de Hamilton não suportarem ir até o fim sem mais trocas.
E parou na volta 21.
Kimi foi para os boxes e Hamilton avançou para a ponta com uma vantagem confortável para o segundo colocado que não era ninguém (mesmo) a não ser Bottas. Maior conforto impossível.
Na volta 23, Verstappen vai aos boxes e Bottas na volta 24. Temporariamente Vettel chega a segunda posição em sua corrida de recuperação e naquele momento forçava a decisão do campeonato a ir para a corrida mexicana.
Mas o alemão ainda precisava parar e contava com a estratégia para tentar continuar adiando a decisão.
E a estratégia consistia em deixar Kimi passar e atacar Hamilton o que começou a acontecer a partir da volta 26.
Em uma cena estranha para quem acompanhou esta temporada, Kimi passou Vettel.
Para não perder muito tempo, antes de sua parada, também foi ultrapassado por Verstappen sem oferecer resistência.
Ai sim, Vettel foi para sua parada de boxes.
Na volta 38, Hamilton dá seu pulo e vai aos boxes pela segunda vez.
Cai para quarto colocado com a vantagem de ter a sua frente o ninguém Bottas.
Com pneus mais novos, certamente contava com a vantagem de ultrapassar os carros de pneus gastos com um pouco mais de facilidade.
E assim foi a caça.
Primeiro Bottas, depois Verstappen e por último Kimi.
Passar por Valteri nunca foi problema, mas passar Verstappen para tentar agredir Kimi era.
Além do mais, Verstappen tinha chances claras de ultrapassar Kimi e ficar com a vitória.
Tanto que, quando foi atacado mais claramente por Lewis, defendeu com vontade até que Hamilton forçou a mão e foi parar fora do traçado.
Foi a melhor briga da corrida que, por consequência, garantiu a vitória de Kimi Raikkonen.
Agora, o homem de gelo é o finlandês mais vencedor da F1.
Ao menos não foi óbvio.

Enquanto isto, na volta 55, Vettel ultrapassa o insosso Bottas e garante uma sobrevida do campeonato até a próxima prova no México.
A pergunta é: para que?
Prolongar agonia é coisa de masoquista.
Deem a taça para a Mercedes logo que eles entregam para o Lewis.
Seria o mais justo.