Acordou naquela manhã e pensou: “-Mais um dia diferente...”.
E não era retórica.
Em vinte e cinco anos de vida nunca tinha visto nada parecido com aquilo.
Seus pais disseram que a revolução islâmica tinha salvado o país de um alinhamento com o ocidente decadente.
E agora via o regime que governava seu país cometendo os mesmos pecados que qualquer governo opressor do ocidente comete.
Quando chegara em casa, na noite anterior, nem viu onde caiu para dormir tamanho o cansaço.
Trocara apenas a camisa por uma menos suja e saia de novo às ruas, sem nem fazer uma refeição decente.
A história esta se fazendo diante de seus olhos e da lente de sua maquina fotográfica digital. Quem vai se importar com o estado de suas roupas?
O que importa, e muito, é o estado de suas almas.
A grandeza que lhes invade o espírito.
O sentimento de liberdade que não lhes é possível – ao menos por enquanto – e um gosto amargo de injustiça e arbitrariedade que precisa ser corrigido.
Ele sai às ruas, fotografando tudo: Pessoas com adereços verdes – assim como ele - em apoio ao reformista Houssein Mousavi. Contrários também.
Fotografou o corpo sem vida de Neda Agha-Soltan, que reconheceu ter estado junto a ele no dia anterior, quando foram duramente reprimidos pelas forças oficiais.
Sem esforço, lembrou-se de ter lido num lugar qualquer, talvez a wikipedia quando a internet não era tão censurada quanto hoje, que um jovem na Tchecoslováquia ateara fogo ao próprio corpo em 1968 durante protestos na famosa “Primavera de Praga”.
Comparou os dois casos e entendeu estar nascendo ali um ícone destes novos tempos.
O primeiro mártir destes protestos, a face publica da “primavera de Teerã”.
Fez uma prece e depois voltou fotografar tudo o que via.E não era retórica.
Em vinte e cinco anos de vida nunca tinha visto nada parecido com aquilo.
Seus pais disseram que a revolução islâmica tinha salvado o país de um alinhamento com o ocidente decadente.
E agora via o regime que governava seu país cometendo os mesmos pecados que qualquer governo opressor do ocidente comete.
Quando chegara em casa, na noite anterior, nem viu onde caiu para dormir tamanho o cansaço.
Trocara apenas a camisa por uma menos suja e saia de novo às ruas, sem nem fazer uma refeição decente.
A história esta se fazendo diante de seus olhos e da lente de sua maquina fotográfica digital. Quem vai se importar com o estado de suas roupas?
O que importa, e muito, é o estado de suas almas.
A grandeza que lhes invade o espírito.
O sentimento de liberdade que não lhes é possível – ao menos por enquanto – e um gosto amargo de injustiça e arbitrariedade que precisa ser corrigido.
Ele sai às ruas, fotografando tudo: Pessoas com adereços verdes – assim como ele - em apoio ao reformista Houssein Mousavi. Contrários também.
Fotografou o corpo sem vida de Neda Agha-Soltan, que reconheceu ter estado junto a ele no dia anterior, quando foram duramente reprimidos pelas forças oficiais.
Sem esforço, lembrou-se de ter lido num lugar qualquer, talvez a wikipedia quando a internet não era tão censurada quanto hoje, que um jovem na Tchecoslováquia ateara fogo ao próprio corpo em 1968 durante protestos na famosa “Primavera de Praga”.
Comparou os dois casos e entendeu estar nascendo ali um ícone destes novos tempos.
O primeiro mártir destes protestos, a face publica da “primavera de Teerã”.
Mais tarde usaria as fotos para revelar ao mundo o que o governo dos Aiatolás tentava esconder. Curiosamente usando uma ferramenta criada no tal ocidente decadente: O Twitter, que ninguém explica até agora como ainda não foi bloqueado pelas autoridades.
Ele já sabia, e nós agora passamos a entender que os protestos iranianos têm menos compromisso com o esclarecimento das fraudes que reelegeram Ahmadinejad, o louco, embora este tenha sido o estopim, e mais com o desejo de liberdade de um povo.
Agora acordado e atento para o mal de viver sob um estado que teima em misturar política – interna e externa - com religião.
Talvez ele só se recinta de não ter uma trilha sonora para este momento, e ai entramos nós que lemos o que de Teerã nos mandam estes neo street fighting man. Que nos chocamos com as imagens e nos emocionamos com a coragem deles.
No fundo mesmo, nós invejamos nunca ter tomado uma atitude ao menos parecida em defesa de nossos próprios interesses.
E se não podemos oferecer ajuda, mão de obra para a nova revolução iraniana, ao menos ofereçamos a eles uma música.
Que como disse Wilson Simonal um dia: “-Com uma canção também se luta irmão.”.
Rolling Stones - Street Fighting Man
Comentários
Lindo texto. Fiquei super chateado com essas imagens oriundas do oriente médio. E o pior, que só o povo de lá pode conseguir uma mudança. Vc lembrou bem essa história da Primavera de Praga. Confesso ter lembrado do cara que se projetou contra os tanques na praça da paz celestial, na China. Que os ventos tragam mudanças também para o povo do Irã, que já não aguenta mais tanta violência...
mas eu acho que tem que mostrar e todo mundo tem que falar disso.
Não pode acontecer uma brutalidade dessas...pessoas matando pessoas.
Todo tipo de assassinato deveria ser mostrado, sem censura.
Lucidez invejável, Groo! A fraude nas eleições iranianas foi uma ação quantitativa, não qualitativa que resultou nos protestos. Espero que um dos povos mais fantásticos do mundo tenham coragem de fazer o que não fazemos.