Quando chegou ao bar, Andrade já encontrou a turma de aposentados toda reunida.
Alguns estavam junto ao balcão e outros sentados às mesinhas espalhadas pelo salão. Cumprimentou todos cordialmente, e foi logo pedindo:
-Ô Canário! Me dá ai uma cerveja... Gelada, heim!
Canário – o dono do boteco – pega uma estupidamente gelada e serve.
Andrade dá um gole e pigarreia.
-Sabe gente... A nossa língua tem algumas peculiaridades...
Pronto!
Com esta frase conseguiu ganhar a atenção de todos.
Formado em letras pela USP, lecionou durante muito tempo em um colégio particular da cidade e sempre que começava a divagar sobre “as peculiaridades da língua” arrancava algumas risadas da audiência.
Estivesse ela em um botequim ou em um velório, quando como da vez em que um antigo companheiro de bocha faleceu e em seu funeral alguém disse que ele era uma boa pessoa: “... apesar de enfezado!”.
Nesta hora Andrade inflou o peito e discorreu sobre a formação da palavra “enfezado”. Como de acordo com sua raiz a imagem que poderia ser construída a partir da ultima frase era a de uma pessoa coberta de cocô...
E como já havia ganho a atenção dos presente continuou.
-E uma destas peculiaridades chega a ser muito engraçada... E está na palavra “açougueiro”.
Todos se aproximam para ouvir a explicação.
-Como pode... Vejam bem... Como pode uma palavra como esta designar alguém que trabalha com carnes e não – como diz a raiz da palavra- com aço?
Um murmúrio é ouvido no bar como se aprovassem o que foi dito, mas tinha mais ainda.
-Só que também para isto há uma explicação, e é muito mais simples do que podem imaginar todos vocês...
Mais uma vez o ar se enche de curiosidade, embora ninguém pergunte nada.
-O fato é que tudo começa com um erro de grafia e, ai os sigficados ficaram todos embaralhados. É que na verdade a palavra em questão não foi criada para designar nem o profissional da carnearia e nem o que trabalha com aços, e sim, homossexual...
A continuação da explicação causou espanto e agora quase todos os presentes no local se acotovelavam em torno do velho professor para tentar entender aquela miscelânea.
-Deixem-me explicar melhor... – diz ele abrindo passagem entre os ouvintes para chegar até a pequena lousa que era usada para marcas o placar dos jogos de bilhar – Vejam bem como era a grafia correta da palavra antes de algumas reformas ortográficas...
Pega um giz e escreve na pequena lousa: açou-gay-ro, e sublinha o vocábulo “gay”, para comprovar sua tese.
Alguns estavam junto ao balcão e outros sentados às mesinhas espalhadas pelo salão. Cumprimentou todos cordialmente, e foi logo pedindo:
-Ô Canário! Me dá ai uma cerveja... Gelada, heim!
Canário – o dono do boteco – pega uma estupidamente gelada e serve.
Andrade dá um gole e pigarreia.
-Sabe gente... A nossa língua tem algumas peculiaridades...
Pronto!
Com esta frase conseguiu ganhar a atenção de todos.
Formado em letras pela USP, lecionou durante muito tempo em um colégio particular da cidade e sempre que começava a divagar sobre “as peculiaridades da língua” arrancava algumas risadas da audiência.
Estivesse ela em um botequim ou em um velório, quando como da vez em que um antigo companheiro de bocha faleceu e em seu funeral alguém disse que ele era uma boa pessoa: “... apesar de enfezado!”.
Nesta hora Andrade inflou o peito e discorreu sobre a formação da palavra “enfezado”. Como de acordo com sua raiz a imagem que poderia ser construída a partir da ultima frase era a de uma pessoa coberta de cocô...
E como já havia ganho a atenção dos presente continuou.
-E uma destas peculiaridades chega a ser muito engraçada... E está na palavra “açougueiro”.
Todos se aproximam para ouvir a explicação.
-Como pode... Vejam bem... Como pode uma palavra como esta designar alguém que trabalha com carnes e não – como diz a raiz da palavra- com aço?
Um murmúrio é ouvido no bar como se aprovassem o que foi dito, mas tinha mais ainda.
-Só que também para isto há uma explicação, e é muito mais simples do que podem imaginar todos vocês...
Mais uma vez o ar se enche de curiosidade, embora ninguém pergunte nada.
-O fato é que tudo começa com um erro de grafia e, ai os sigficados ficaram todos embaralhados. É que na verdade a palavra em questão não foi criada para designar nem o profissional da carnearia e nem o que trabalha com aços, e sim, homossexual...
A continuação da explicação causou espanto e agora quase todos os presentes no local se acotovelavam em torno do velho professor para tentar entender aquela miscelânea.
-Deixem-me explicar melhor... – diz ele abrindo passagem entre os ouvintes para chegar até a pequena lousa que era usada para marcas o placar dos jogos de bilhar – Vejam bem como era a grafia correta da palavra antes de algumas reformas ortográficas...
Pega um giz e escreve na pequena lousa: açou-gay-ro, e sublinha o vocábulo “gay”, para comprovar sua tese.
Imediatamente, do fundo do bar se levanta e dá um tapa na mesa que ocupava.
-Tá bom Andrade, tá bom... Eu me rendo e peço desculpas. Vendi mesmo carne de segunda como se fosse de primeira. Te enganei, mas foi sem maldade. Era só pra ver se você conhecia mesmo carne como sempre diz que conhece... Agora para com isto ai antes que o povo acredite nesta historia louca e caia na minha alma pro resto dos nossos dias...
Comentários
Este mereceu.
Mas, a maneira como foi feita, ficou espetacular.
kkkkkkkkkkkkkkkkkk
SHOW DE POST GROO...será que o professor em questão é cearense?
esses textos sempre me fazem rir..
agora, como diz Daniel:
andrade? Esse personagem devia se chamar Aurélio!
haha, tem razão;;
Ron, te espero no meu blog, se voce quiser passar por lá:
http://theformula1.wordpress.com/
abraço;Tomás
Muito bom, Ron!
Já comeu língua pensando que era carne de primeira?
Beijos.