Lejzor Czyz era um judeu polonês que ao desembarcar em Chicago em 1928 tem seu nome trocado para Leonard Chess.
Depois de tentar a sorte com clubes noturnos em Chicago – o mais famoso foi o Macomba Lounge - resolveu investir suas economias em uma gravadora. Compra então parte da Aristocrat Records, especializada em pop negro e jazz, aos poucos vai assumindo o controle total da empresa, guinando sua orientação para o blues.
Gênero que ajuda a sair da fase rural/acústica e ingressar na era urbana/elétrica gravando Howlin´ Wolf e Muddy Waters, John Lee Hooker, que cultivavam uma rivalidade gigantesca, além de Bo Didley, Buddy Guy, Lowell Fulson entre outros.
Sem contar o maior compositor de blues em todos os tempos: Willie Dixon.
Chess, como bom judeu, pagava pouco para seus contratados, mas generosamente lhes presenteava com Cadillacs novinhos a cada disco de sucesso. Então quando estes precisavam de dinheiro ou de um aumento em seus cachês ele respondia: “-Já lhe dei, ou acha que os carros são de graça?”.
Porém há uma passagem nos estúdios Chess que chama a atenção...
Em sua sala de gravação a banda tenta gravar com uma jovem promessa não uma, nem duas, mas vinte e quatro vezes a canção: All I could do was cry:
-Esquece... Você não é mulher para esta música... – diz Chess.
-Eu sou mulher para qualquer música. – responde Etta.
-Menos para esta... O que sabe você sobre perdas? O que sabe você sobre abandono? – continua ele.
-E o que sabe você sobre mim?- devolve a cantora com ódio no olhar.
Leonard, que até então realmente pouco sabia sobre sua contratada deu de ombros para a pergunta.
-Mais uma vez! – pede ela a banda e ele aceita. Dá ordem aos músicos para que toquem.
O diretor musical então conta: “-All I Could was cry, vigésimo quinto take...” e a banda ataca um blues suave, quase um soul.
Enquanto canta seus olhos marejam, e se eles são a janela da alma, ali podia-se ver a dela. Sem disfarces, sem retoques.
Os presentes sentem que não é apenas mais uma interpretação de Etta, mas a história de uma vida.
Em sua cabeça passa um filme descolorido pelo tempo, mas vivo o bastante para impulsionar sua voz às alturas, sobrepondo-se aos instrumentos.
Lembra-se do pai que a perdeu em um jogo de sinuca, dos homens que passaram pela sua vida e a exploraram de uma forma ou de outra, dos amores perdidos, da fome, do frio... De sua história enfim...
Chess sabe que tocou no ponto, só não sabia qual exatamente. Apaixonou-se por ela e tiveram um caso que atormentou sua moral judaica – era casado - até falecer.
Muddy Waters - presente a gravação - sabia...
Não se mexe nos fantasmas que um verdadeiro artista guarda no armário da alma sem pagar um preço alto por isto...
O video é um enxerto de Cadillac Records, filme de 2008 que narra a trajetória de Leonard Chess à frente de sua gravadora. Etta James é interpretada magistralmente por Beyoncé.
Depois de tentar a sorte com clubes noturnos em Chicago – o mais famoso foi o Macomba Lounge - resolveu investir suas economias em uma gravadora. Compra então parte da Aristocrat Records, especializada em pop negro e jazz, aos poucos vai assumindo o controle total da empresa, guinando sua orientação para o blues.
Gênero que ajuda a sair da fase rural/acústica e ingressar na era urbana/elétrica gravando Howlin´ Wolf e Muddy Waters, John Lee Hooker, que cultivavam uma rivalidade gigantesca, além de Bo Didley, Buddy Guy, Lowell Fulson entre outros.
Sem contar o maior compositor de blues em todos os tempos: Willie Dixon.
Chess, como bom judeu, pagava pouco para seus contratados, mas generosamente lhes presenteava com Cadillacs novinhos a cada disco de sucesso. Então quando estes precisavam de dinheiro ou de um aumento em seus cachês ele respondia: “-Já lhe dei, ou acha que os carros são de graça?”.
Porém há uma passagem nos estúdios Chess que chama a atenção...
Em sua sala de gravação a banda tenta gravar com uma jovem promessa não uma, nem duas, mas vinte e quatro vezes a canção: All I could do was cry:
-Esquece... Você não é mulher para esta música... – diz Chess.
-Eu sou mulher para qualquer música. – responde Etta.
-Menos para esta... O que sabe você sobre perdas? O que sabe você sobre abandono? – continua ele.
-E o que sabe você sobre mim?- devolve a cantora com ódio no olhar.
Leonard, que até então realmente pouco sabia sobre sua contratada deu de ombros para a pergunta.
-Mais uma vez! – pede ela a banda e ele aceita. Dá ordem aos músicos para que toquem.
O diretor musical então conta: “-All I Could was cry, vigésimo quinto take...” e a banda ataca um blues suave, quase um soul.
Enquanto canta seus olhos marejam, e se eles são a janela da alma, ali podia-se ver a dela. Sem disfarces, sem retoques.
Os presentes sentem que não é apenas mais uma interpretação de Etta, mas a história de uma vida.
Em sua cabeça passa um filme descolorido pelo tempo, mas vivo o bastante para impulsionar sua voz às alturas, sobrepondo-se aos instrumentos.
Lembra-se do pai que a perdeu em um jogo de sinuca, dos homens que passaram pela sua vida e a exploraram de uma forma ou de outra, dos amores perdidos, da fome, do frio... De sua história enfim...
Chess sabe que tocou no ponto, só não sabia qual exatamente. Apaixonou-se por ela e tiveram um caso que atormentou sua moral judaica – era casado - até falecer.
Muddy Waters - presente a gravação - sabia...
Não se mexe nos fantasmas que um verdadeiro artista guarda no armário da alma sem pagar um preço alto por isto...
O video é um enxerto de Cadillac Records, filme de 2008 que narra a trajetória de Leonard Chess à frente de sua gravadora. Etta James é interpretada magistralmente por Beyoncé.
Comentários
Sensacional a canção, muito bem interpretada diga-se.
abs
Vou de Dilma, odeio a tucanalha.