Nomes e utilidades (ou A sacanagem é azul)

Sentados em um banco da praça, prontos para jogar algumas partidas de damas, Claudemir e Rafael começam a discutir sobre um amigo que julgam hipocondríaco.

-Eu estou te falando... Ricardo é hipocondríaco. – diz Claudemir.
-Não é... É só velho... Que nem a gente.  – tenta defender Rafael.
-Como assim que nem a gente? Você por acaso toma aquela quantidade de remédio que ele toma?
-Não... Mas assim como você tomo alguns.
-Eu só tomo um... Para controlar a pressão arterial.
-Aquele roxo?
-É... Este mesmo.
-Bom! Muito bom! Quase não tem efeito colateral. Eu tomo este e tomo um complemento vitamínico.
-Eu não tomo vitamina, prefiro tirar dos alimentos.
-Eu também iria preferir, mas nem tudo eu consigo comer...
-É que cê tá velho... – ri Claudemir.
-Pelo menos eu não tomo aquele azul! – irrita-se Rafael.
-Claro que não... Nem com aquilo tem jeito, é uma paumolecencia só...

E então chega Ricardo, como de praxe, trás uma sacolinha plástica de farmácia.
-Opa! Beleza? – cumprimenta.
-Tranquilo! – Respondem os dois ao mesmo tempo.
-Quer jogar uma partida de damas com a gente? – pergunta Claudemir.
-Até quero... Mas preciso ir ao banheiro antes.
-Então fazemos assim... Eu jogo uma com o Rafael enquanto você vai lá, e o vencedor joga com você quando voltar do banheiro... Certo?
-Pra mim tudo bem... – diz Rafael.
-Então fechou! – concorda Ricardo – Mas enquanto vou lá, tomem conta da minha sacola, por favor.
-Sem problemas! – concordam os dois ao mesmo tempo novamente.
E Ricardo vai.

-Vamos olhar o que tem dentro?  - pergunta Claudemir.
-É só remédio... – contemporiza Rafael.
-Eu sei... Mas vamos ver que remédio é. Ai você vai ver que é coisa de hipocondríaco. Deve ter coisa aqui que ele toma sem precisar.
-Acho que não... Mas vamos olhar então, não tem problema olhar. Tem?
-Não...
E abrem a sacola, olhando rapidamente alguns rótulos, sem ler para o que serve exatamente deduzindo sacanamente a utilidade.
Viagra liquido?
-Bronxol? Que porra é esta, Claudemir?
-Sei lá... Dever ser genérico do Viagra...
-Mas é liquido!
-Genérico pô...
-Hum... Olha este aqui: Virillon!
-Deve ser pra virilha... Deve ser algum complemento pro Viagra liquido.
E os dois caem na risada, só parando quando Ricardo finalmente retorna.

-E ai? Quem ganhou? – pergunta.
-Nem jogamos... – diz Rafael.
-Não? Por quê?
-Ficamos olhando alguns dos teus remédios... Tá broxa, camarada? – sacaneia Claudemir.
-Como assim?
-É que vimos aqui na sua sacola: Bronxol, pra gente broxa e Virillon, pra virilha. – diverte se Rafael.
-Porra gente... Bronxol é expectorante e Virillon é complemento vitamínico com ginseng!
-Ah ta...  – e ri Claudemir – Mas pelos nomes... A gente pode deduzir qualquer coisa. - ironiza.
-Verdade, Claudemir, verdade... – concorda Ricardo – Mas me diga: você já se curou das hemorróidas?
-Hemorróidas? Mas eu não tenho hemorróidas! – espanta-se Claudemir.
-Não? Sério? É que outro dia fui ao seu escritório e achei uns envelopes de Apracur em cima da mesa e então...
Para hemorroidas?

Comentários

Quem fala o que quer, escuta o que não quer.
Anônimo disse…
... e nesse papo escatológico, faltou um dos experientes manés convidar todos para um almoço onde a iguaria servida seria ... um pacú assado: " Zé ! Sarta um hipoglós, aí, que nós tamo cum fome !"


M.C.
Rafael Schelb disse…
Apracur é perigoso... hehehe
Marcelonso disse…
Groo,

Faz sentido...

abs
Anônimo disse…
...tem algum gaúcho vermelhinho aí ? Umzinho só ? NENNNNSE !



M.C.