Jesus built my hotrod


O ano era 1992 e era comum dizer que o Guns´n´Roses era a maior e mais pesada banda da terra. Ainda que os Stones ainda estivessem (e ainda estão) na ativa, e que houvesse “n” grupos que soavam – e eram – mais pesados que a turma de Axl.

O lugar era um bar que aqui seria chamado de “pé sujo”, “boteco”, “bitaca”, “inferninho” entre outros nomes nada elogiosos.
Cerveja era o forte da casa, claro. Homens vestidos de couro ou jeans, motos paradas na porta e um cheiro forte de confusão no ar. Como se fosse vapor de gasolina esperando um fósforo para fazer o maior esporro.

De um lado do balcão um imigrante mexicano, provavelmente ilegal, tatuado, mal encarado e vestido com uma camiseta do Anthrax já há muito desbotada.
Do outro, um sujeito filho de refugiados cubanos, de cabelos pretos ensebados, cavanhaque mal desenhado, óculos escuros e um chapéu roto de abas desbeiçadas enterrado na cabeça até quase a altura dos olhos.
Junto dele um branquelo raquítico de olhos arregalados.
Vinham de uma longa jornada de mixagens em seu estúdio particular onde – segundo os próprios – “-Consumia-se drogas como se fossem mentex”.

-Dá uma cerveja ai, chicano... E nada deste mijo que você serve. Queremos coisa boa. – diz o homem da cartola rota.
O barman mexicano serve duas cervejas – as mesmas que todos tomavam – e fica olhando para os dois com um sorriso de satisfação.
-Nós não vamos pagar, porque nós somos o Guns´n´Roses. Eu sou o Slash e este aqui é Axl...

O Mexicano que passava um pano seboso sobre o balcão então gargalha e devolve.
-Não precisa pagar, mas o caralho que são do Guns... Vocês são Al Jourgensen e Paul Barker e a banda de vocês é fudida!

Estava ali no balcão daquela birosca a espinha dorsal do Ministry.

Comentários

Caro Groo:

Fui conhecer o trabalho do Ministry através do grupo de garagem dos anos 1990 de um amigo meu que era guitarrista. O som, com toda a certeza, é bem mais pesado que os Guns.

Grande abraço.