Lord


Nos anos 70 os teclados tinham duas funções em bandas de rock.
Ou serviam para preencher espaços deixados entre a guitarra (quando havia apenas um guitarrista na banda) e a seção rítmica do baixo e bateria, ou para criar efeitos que simulavam viagens lisérgicas e/ou espaciais.
Mas Jonathas Douglas Lord fazia muito mais: era o diferencial do Deep Purple.
Doutor honorário em música pela universidade de Leicester

Com sua pegada jazzística complementava os solos da guitarra de Richie Blackmore, quando não, os suplantando.
Fala-se muito no riff de Smoke On the Water, mas a introdução da canção seria menos bombástica sem a tensão injetada pelo Hammond de Lord.
O solo central e insano de Highway Star rivaliza em técnica e beleza com as partes da guitarra.
A introdução de Perfect Strangers sozinha era capaz fazer a platéia ferver.
A condução elegante das melodias de Child in Time e This Time Around.
E para aqueles que acharam ou acham que Woman From Tokio é mero pastiche de Smoke, basta uma ouvida mais atenta no trabalho dos teclados para que a impressão caia por terra definitivamente.

Porém, ao menos para mim, sua obra prima é uma composição lançada no clássico álbum Machine Head de 1973 e que tocou em todas as apresentações desde então: Lazy.
Um misto de técnica jazzística, pegada R&B, e fúria rock and roll que impede o ouvinte de ficar impassível, ainda que seja na base do “ame ou odeie”.
Não era raro que enxertasse trechos de peças eruditas em sua introdução.

Em 2011 a universidade de Leicester, onde nasceu, concedeu a Jon Lord o grau honorário de doutor em música. Nada mais justo.
Tinha 71 anos sofria com um câncer no pâncreas.
Os órgãos Hammond soarão um pouco menos festivos a partir de agora.

Comentários

Rodrigo Dias disse…
Gênio. Jon Lord era o melhor teclado do rock. Para mim foi o primeiro que soube utilizar o instrumento junto com a guitarra, e não pra fazer aquelas punhetagens do The Doors e Iron Butterfly, ou ficar mostrando erudição, como no Yes.
Caro Groo:

Você verbalizou tudo aquilo que eu pensava sobre o tecladista do DP, só não sabia seu nome nem história. Brilhante post.

Grande abraço.
Rubs disse…
Fica-se com a sensação de que o que morre, afinal, são partes de nós mesmos.
E qdo as meninas vêem o pai limpar sua coleção de vinil, dizem estar com mania de velho. Não sou eu que sou velho: é o amor que se renova.
Marcelonso disse…
Groo,

Um belo post que sintetizou muito bem Jon Lord.

A cada dia o rock vai ficando cada vez mais desfalcado...


abs
Rafael Schelb disse…
Que o seu legado continue vivo pra toda a eternidade!
Vander Romanini disse…
Grande perda pra música!!!!!!
Groo,

excelente post... mas a perda é grande... Lord deixou um belo trabalho...

abs...