Sittin´on the dock of the bay, mas não perdendo tempo...


Brian Jones, guitarrista e um dos fundadores dos Rolling Stones, declarou que nem por um milhão de libras aceitaria subir ao palco após uma apresentação de Ottis Redding.

Brian sabia o que estava dizendo.
De trás do palco viu Ottis abrir seu show no festival Pop de Monterrey com “Shake” de outro monstro sagrado do soul: Sam Cooke. Emendar a sua “Respect” que Aretha Franklin elevou ao status de clássico, “Satisfaction” original da banda de Brian entre outras e finalizar com “Try a little tenderness” que levou a platéia às lagrimas.
Entre as canções que apresentou naquele show estava a primeira versão de um soul sensacional no qual Ottis vinha trabalhando já há algum tempo: (Sittin´ on the) Dock of the bay.
A introdução com o baixo parecia vir em ondas, como as águas do mar batendo na praia. A batida do violão - nada simples - era sinuosa, sensual... E a letra autobiográfica.
O Stone, que não chorou, ficou bastante impressionado e ainda viu e ouviu Ottis dizer – emocionado - que não queria ir embora.
Depois daquele show, Redding mexeu algumas vezes no arranjo da música e fez sua gravação definitiva em 22 de Novembro de 1967, dezoito dias antes de falecer.
A canção só foi lançada - em um compacto extraído de um disco póstumo com uma compilação do que havia de melhor em sua obra e mais algumas canções inéditas - um ano após o acidente e foi direto para o primeiro lugar das paradas.

Diz a história que o parceiro e co-autor da canção, Steve Crooper, ficou impressionado por ser aquela a primeira vez que Ottis teria escrito uma letra sobre si mesmo e acabou achando o verso “I left my home in Georgia, headed for Frisco bay” (deixei minha casa na Georgia em direção à baía de Frisco) meio que premonitório.
Curiosamente, a introdução foi acrescida de sons de ondas quebrando e gaivotas, num simulacro sinistro do cenário do acidente.
O avião em que viajava caiu dentro das águas geladas da baía de Monoma, no Wiscosin. Com ele também morreram parte da sua banda, os Bar Keys, seu empresário e uma das mais promissoras carreiras de um cantor de soul em todos os tempos.

Comentários

Caro Groo:

Não conhecia a história, muito triste a carreira meteórica deste excelente músico.

Grande abraço,
Marcelonso disse…
Groo,

Também não conhecia essa triste história.


abs
Rubs disse…
Eu não conhecia este viés premonitório.
A solidão que não deixa em paz...
E pensar que a solidão pode ser condição da paz.
Estar a sós consigo mesmo pode ser um tormento, se a alma for uma tormenta.
Eu gostava dessa música cantada por Johnny Cash e Willie Nelson.
Mas gosto também dos cantores de rua do Playing for Change:


http://www.youtube.com/watch?v=Es3Vsfzdr14&feature=youtube_gdata_player


Ontem, no dia do Rock, dei um salve ao Iron Maiden, aqui, no Rock & Beer.

Abs.
Ron Groo disse…
Este Play for change é sensacional!
Carlos Del Valle disse…
Sonzera. Lembrei da "Let's Stay Together" do Pulp Fiction. Taí um tipo de música que eu deveria lembrar mais, valeu!