Enter 2014: sobras do ano que se foi.

Otto Lara Rezende disse uma vez que: “O mineiro só é solidário no câncer”, afinal ser solidário em doença muito grave é fácil.
A possibilidade da morte faz com que seja mais fácil perdoar defeitos e esquecer quaisquer rusgas ou reservas.

O caso de Michael Schumacher não deixa de ser prova.
Enquanto pouquíssimos viam em sua figura um grande esportista, um grande campeão, uma pessoa boa (só descoberto após o acidente com a revelação das doações que fez a diversos fins e fundos), a maioria esmagadora o tachava de mau caráter.
Motivos?  Vários.
Desde suas vitórias após manobras discutíveis do ponto de vista ético, mas muito normais do ponto de vista da competição (Senna jogou o carro em Prost e não venha falar que ele só revidou agressão anterior, não dizem que sempre é melhor dar a outra face?) até o fato de ter contrariado o que muitos têm como fato consumado: o fim da F1 no dia primeiro de Maio de 1994.
Agora, como num passe de mágica até dizer que ele é o maior (números não mentem e não confundam com o adjetivo “melhor”) vencedor de todos os tempos passou a ser “tolerável”.
Há gente sincera, claro, que entende os lados esportivo e pessoal e consegue separá-los de forma racional e expor seus sentimentos a respeito do fato, mas no geral...  Chega a ser deprimente.

Seria melhor se todos usassem como exemplo a genial parafraseada de Nelson Rodrigues sobre a máxima de Otto Lara: “Brasileiro só é solidário no cadarço do sapato”, aludindo à única dificuldade em que o brasileiro realmente se preocupa com o próximo.
“-Ei, psiu... Seu sapato está desamarrado.”
É menos nobre, mas é muito mais sincero.

Comentários

Vander Romanini disse…
É... foi na vêia!!!
Anônimo disse…
Sinais do tempo de Nélson. Hoje ele lembraria da porta do carro mal fechada. Basta ver um por perto que neguinho faz de tudo pra avisar: buzina, grita, faz sinal...
regi nat rock disse…
eitcha... começou com todo o gás.