Que este canto torto feito faca corte a carne de vocês

Em excesso até fracasso faz sucesso.
 (Leindecker, Duca in Força do Silêncio).

Enquanto alguns ganham superexposição e fazem sucesso mesmo sem talento apenas xerocando uma ou outra fórmula esperta criada por produtores e seguem infestando TV´s, rádios e timelines, outros – com muito mais talento e conteúdo – precisam de divulgação quase que boca a boca para ter seu trabalho difundido.
E não se trata de dizer se é ou não cultura.
Cultura tudo é, afinal, a minha é diferente da sua e assim por diante, goste-se ou não.
Mas que é injusto é.

Um caso bem exemplar é o do cearense Belchior.
É certo que seu nome andou na mídia há bem pouco tempo, mas não pelos motivos que se desejaria.
É certo também que não movimenta sua obra há mais tempo ainda.
Não faz shows, não aparece em programas (nem os melhores e nem os piores) de TV e pior: não lança nada novo.
Só que pela qualidade de sua obra, que não é pequena, chega a ser trágico que o tenham esquecido.

Mas será que o esqueceram mesmo?
Será que ninguém mais reconhece a importância do legado do bigodudo fanho?
Não... Definitivamente não!
Um tributo à sua obra foi engendrado pelo jornalista Jorge Wagner e resgata o clássico disco do artista Alucinação (1976) e se chama: Ainda Somos os Mesmos.
Segundo Jorge, o disco iria se chamar "Apaixonado e Violento" por que: “-Mesmo após quase 40 anos de seu lançamento, é assim que ele soa ainda hoje.”.

O resultado, obviamente, é desigual já que agrupa grupos diferentes com diferentes visões sobre a obra, porém, não é nada que comprometa o resultado final.
Os grandes destaques do disco ficam por conta da versão “paulomikloniana” (de Paulo Miklos mesmo) dos mineiros do Transmissor em Fotografia 3x4 e da pegada indie pop do Nevilton com Sujeito de Sorte.
Mas vale muito a pena dar uma ouvida com mais atenção no disco todo e descobrir o que mais lhe agrada.
O disco pode ser baixado neste link gratuitamente => BIGODUDO

De brinde, vem um EP chamado Entre o Sonho e o Som, com mais releituras de faixas que não são do mesmo álbum e não fariam sentido estar nele.
Aqui o destaque é o peso da banda The Baggios com Todo Sujo de Batom e a delicadeza da versão de Paralelas feita por João Erbetta.
O ponto baixo é versão lotada de clichês de voz e violão cometida por nana (assim, em minúscula mesmo, vai saber por que) em Coração Selvagem.
Única faixa realmente dispensável de todo o tributo.

Não repara os anos de esquecimento à Belchior, mas ajuda a dar uma refrescada na memória e mostra para as novas gerações que o cearense fanho está ali, pau a pau com Raul Seixas, por exemplo, mas que leva vantagem por não ter uma legião de fãs malas.


Comentários

Vander Romanini disse…
Bom, vou ouvir, mas nunca me interessei por sua música.
Anselmo Coyote disse…
Sempre gostei. Muito.
Vou ouvir e depois vou dar minha opinião sobre o post. Ou não. Mas, de cara já digo que a Nana Caymmi é a minha preferida.
Abs.