Cheguei para visitar um amigo que não via já há algum tempo. Uns oito ou nove anos para ser um tantinho mais exato.
Nos reencontramos através de uma rede social destas que valem bilhões, embora para muita gente sirva apenas para perder tempo.
Ao ver sua foto – não tinha mudado tanto com o passar dos anos – solicitei adicionamento e não demorou para que fosse aceito e assim passamos a conversar com frequência.
Não tanta, mas para quem nem se via há tanto tempo, trocar algumas palavras uma ou duas vezes por semana já era um avanço de cem por cento.
Nestas conversas acabei descobrindo que nem morávamos tão longe e que assim como eu, ele havia casado e tinha filhos.
Marcamos de nos encontrar, mas ele não pode ir, acabou ligando em meu celular e pedindo para que eu fosse até sua casa, disse que era urgente.
Então fui.
Ao tocar a campainha quase que imediatamente a porta se abre, recebo um abraço efusivo e ouço um: “-ainda bem que você pode vir!”
-O que houve? – pergunto.
-A Léia está passando mal, preciso correr com ela ao médico. – ele responde.
Léia era sua esposa, uma antiga conhecida dos tempos de escola. No meu caso claro, porque evidentemente era muito mais que isto para ele... Ela estava gestante. Sete meses.
-E quer que eu leve vocês?
-Deus me livre! Lembro da forma como você dirigia.
-Eu posso ter melhorado... – argumento.
-Não duvido, mas não tenho tempo para descobrir então, fico com a primeira impressão...
-E o que quer que eu faça?
-Tome conta do Rian pra gente. Você pode fazer isto?
-Quem é Rian?
-Nosso filho... O primeiro... Tem oito anos e é super fácil lidar com ele. Por favor, pode?
-Bom... Posso fazer isto sem problemas... Onde ele está?
-No quarto... Eu disse a ele que você é o tio Ron, ele ficou curioso.
-Sem problemas... – e abro um sorriso para tranqüilizar, o que, claro, pode ter efeito contrário...
-Tem leite na geladeira, sucrilhos na cozinha, DVDs infantis na sala... Eu preciso ir. Espero não demorar! – e sai apressado para o carro onde a esposa já o esperava.
A noite transcorre sem problemas. O pequeno é um doce.
Brincalhão, sorridente e muito inteligente. Assistimos Carros, da Disney e ele ficou com sono e pediu que cantasse algo para que dormisse.
Pedido atendido e o garoto dormiu o sono dos justos.
Algum tempo mais tarde o casal está de volta, nada sério.
Conversamos por mais algum tempo e me despedi.
Eis que, outro dia, na mesma rede social, sou interpelado da seguinte forma:
-Ron, que foi que você falou pro Rian?
-Eu? Nada de mais, por quê?
-É que agora, vira e mexe, o menino diz que vai ser bailarina...
-Bailarina? Mas por que você acha que tem algo a ver comigo isto?
-É que ele diz que a bailarina é limpinha... Não tem pereba, remela, unha encardida e nem dente com comida... Que foi o que o tio Ron cantou pra ele dormir...
-Putz...
-Putz? Mas isto nem é o pior...
-Tem mais?
-Tem... Ele toda hora pergunta para alguém diferente: “-O que é pentelho?”
-Putz!
-Putz? Ron... Me diz: Que porra foi que cê cantou pra ele?
Nos reencontramos através de uma rede social destas que valem bilhões, embora para muita gente sirva apenas para perder tempo.
Ao ver sua foto – não tinha mudado tanto com o passar dos anos – solicitei adicionamento e não demorou para que fosse aceito e assim passamos a conversar com frequência.
Não tanta, mas para quem nem se via há tanto tempo, trocar algumas palavras uma ou duas vezes por semana já era um avanço de cem por cento.
Nestas conversas acabei descobrindo que nem morávamos tão longe e que assim como eu, ele havia casado e tinha filhos.
Marcamos de nos encontrar, mas ele não pode ir, acabou ligando em meu celular e pedindo para que eu fosse até sua casa, disse que era urgente.
Então fui.
Ao tocar a campainha quase que imediatamente a porta se abre, recebo um abraço efusivo e ouço um: “-ainda bem que você pode vir!”
-O que houve? – pergunto.
-A Léia está passando mal, preciso correr com ela ao médico. – ele responde.
Léia era sua esposa, uma antiga conhecida dos tempos de escola. No meu caso claro, porque evidentemente era muito mais que isto para ele... Ela estava gestante. Sete meses.
-E quer que eu leve vocês?
-Deus me livre! Lembro da forma como você dirigia.
-Eu posso ter melhorado... – argumento.
-Não duvido, mas não tenho tempo para descobrir então, fico com a primeira impressão...
-E o que quer que eu faça?
-Tome conta do Rian pra gente. Você pode fazer isto?
-Quem é Rian?
-Nosso filho... O primeiro... Tem oito anos e é super fácil lidar com ele. Por favor, pode?
-Bom... Posso fazer isto sem problemas... Onde ele está?
-No quarto... Eu disse a ele que você é o tio Ron, ele ficou curioso.
-Sem problemas... – e abro um sorriso para tranqüilizar, o que, claro, pode ter efeito contrário...
-Tem leite na geladeira, sucrilhos na cozinha, DVDs infantis na sala... Eu preciso ir. Espero não demorar! – e sai apressado para o carro onde a esposa já o esperava.
A noite transcorre sem problemas. O pequeno é um doce.
Brincalhão, sorridente e muito inteligente. Assistimos Carros, da Disney e ele ficou com sono e pediu que cantasse algo para que dormisse.
Pedido atendido e o garoto dormiu o sono dos justos.
Algum tempo mais tarde o casal está de volta, nada sério.
Conversamos por mais algum tempo e me despedi.
Eis que, outro dia, na mesma rede social, sou interpelado da seguinte forma:
-Ron, que foi que você falou pro Rian?
-Eu? Nada de mais, por quê?
-É que agora, vira e mexe, o menino diz que vai ser bailarina...
-Bailarina? Mas por que você acha que tem algo a ver comigo isto?
-É que ele diz que a bailarina é limpinha... Não tem pereba, remela, unha encardida e nem dente com comida... Que foi o que o tio Ron cantou pra ele dormir...
-Putz...
-Putz? Mas isto nem é o pior...
-Tem mais?
-Tem... Ele toda hora pergunta para alguém diferente: “-O que é pentelho?”
-Putz!
-Putz? Ron... Me diz: Que porra foi que cê cantou pra ele?
Comentários
Ron, é verdade que, se eu abastecer o meu Cadett GSI 2.0 Cabriolet 1997 nos postos Petrobras, ganho uma propina como desconto ?
Dinheirinho vivo...
HA !
M.C.
Parabéns, Groo. Vc une cultura e entretenimento com humor sagaz no melhor estilo literário. Vc tem seu estilo proprio e inconfundível. Vc é o Ron Groo e seus textos são groonianos.
Grande abraço, do amigo rabugento.
Abs.
Você não é fraco, não! Tô começando a ficar preocupado com esse moleque...
Muito bom o texto, aliás como sempre.
abs