Hórus

-Anselmo, eu tô dizendo... O Rubs tem um cachorro que sabe dirigir...
-Para Ron, mentira dele... Aquele baixinho inventa muito.
-Não Anselmo, eu to falando por que eu vi...
-Viu? Mesmo?
-Vi sim...  E nem tinha bebido.
-Mas, o que você viu?
-A gente estava na frente do bar do Canário...
-A gente quem?
-Tonho Platão, Boquita, Zé Nerso e eu. E então ele chegou com o cachorro e...
-A pé?
-Não, não... Naquele Opalão preto, o Diplomata dele...
-Ele nunca quis me vender aquele carro... – e suspira – Mas continua...
-Então, ele chegou e chamou a gente para ver, falamos para ele que o carro a gente já conhecia e ele disse que não era o carro, mas o Hórus...
-Hórus? Então o cachorro dele que sabe dirigir é aquele dog alemão burro?
-Não é tão burro assim... Dirige um diplomata hidramático...
-Bah... Besteira... Cê ta inventando...
-Tô não... O cachorro senta no banco e o Rubs põe o cinto nele, daí ele põe as patas dianteiras no volante, as traseiras nos pedais de acelerador e breque e vai...  Pode perguntar pro caras que estavam lá.
-Vou fazer melhor... Vou procurar o Rubs e tirar isto a limpo... Mas não do Opalão dele, que aquele carro deve ser trucado... Mas no meu.
-Qual dos seus?
-O Kadett Turim...
-O Lazzaroni? Cê vai deixar um cachorro entrar no Lazzaroni?
-Se for pra desbancar o Rubs, vou...

Os dois se despedem e horas mais tarde se encontram novamente no bar do Canário.

-E ai Anselmo?
-Eu fui lá no Rubs, chamei pra provar a história que aquele cachorrão burro sabia dirigir.
-E então?
-Ele foi logo assobiando pra chamar o cachorro e tirando o Opala da garagem.
-E?
-E eu chiei... Qual é? E falei pra ele: “-Este seu carro ai é trucado, não vem não... Se o Hórus dirige mesmo, põe ele no Lazzaroni que eu quero ver...”
-E o Rubs?
-Ficou meio receoso, mas colocou o cachorro no banco, colocou o cinto nele e ia sentando no banco do carona, só que eu falei pra ele que era pra ir pro banco de trás, pra não ter chance de querer me enganar...
-E ele foi?
-Foi...
-E o cachorro?
-Ah... Besteira, eu falei que aquele cachorro era burro.
-Mas porra Anselmo! O cachorro não dirigiu então?
-Dirigir até dirigiu, mas porra, toda vez que ia engatar a terceira deixava o câmbio arranhar... Demorou quase uma hora pra entender que tinha que pisar no desembreia... Bicho burro...

Comentários

Anônimo disse…
Seth.

Um avião, pilotado por um covarde deprimido, foi jogado nos Alpes.
Um ministreco maluquete, da deseducação, pediu prá cagar num desgoverno que coloca ser o país que desgoverna uma pátria educadora.
O país sendo roubado do jeito que está; a questão é sociopática, no mínimo, pois não são só de ptelhos esquerdóides debilóides delirantes o problema mas de uma elite horrorosa( veja, falo como conservador, por favor. Elite sempre existirá) já que ninguém do topo tem a coragem de falar contra o lulopetelhismo dilmaquiavélico sejam eles artistas, intelectuais, jornalistas, empresários, industriais e todos os bichos - neste país passaram a ser - esquisitos, todos, obviamente, de rabudão preso.
O PIBINHO dilmático - desde sempre, desde 2011, pequenino -, piruzinho..., 0,1% em 2014 !
A Paloma Oliveira tem uma bunda maravilhosa !

E você vem falar de cachorro que dirige ?

Não, Seth. Não dá. Tem algo dentro da sua cabecinha brilhante que precisa ser estudado.



M.C.
Marcelonso disse…
Groo,

Sensacional! Esses seus contos merecem publicação...



abs
Anônimo disse…
Sim... Eu me lembro dessa. Como haveria de esquecer? Isso me comove. O cão morreu e não foi acidente, não. Um dia, Anúbis, o cachorro do Coyote, também conhecido como Chacal, apertou os pinos das portas e prendeu o coitado dentro do opalão, em pleno sol do meio-dia numa encruzilhada de Barbacena. Nunca mais encontrei o Coyote.
Mas minha mágoa passou. Horão me enviou uma mensagem psicografada e disse que está bem.
E, pelo Cão, muito obrigado, Ron, por se lembrar do meu cão da guarda.
Net Esportes disse…
Hahahhaha .... história com personagens reais comentaristas do blog! Podem confirmar tudo !!!!
Anselmo Coyote disse…
Anselmo burro. Não é um Coyote.
Rubs disse…
O Java estava desabilitado. Uma "deferença" comovente. Só fico triste de pensar no tempão que o coitado foi sendo cozido dentro do opalão. Mas, quem não tem cão, caça com gato. Vou pedir para o Bastet arrebentar esses invejosos.
Abs.
R.