F1: Barrichello X Massa

Não se trata de debater ou de demonstrar quem foi melhor ou pior. Até porque seguindo a máxima desde espaço de que números não se contestam (por isto Schumacher é maior que Senna, por exemplo) os dois vice-campeonatos no bolso de Rubens Barrichello o fariam ficar à frente de Felipe Massa.
Mesmo com o equilíbrio no número de vitórias – ambos com onze - se contássemos o tempo de carreira de cada um, Felipe (2002, 2004 até 2016) teria uma média proporcional de vitórias maior que Rubens (1993 até 2011).
Massa levaria pequena vantagem com uma média de 0,79 vitórias por ano enquanto Barrichello teria 0,58.

Trata-se aqui de tentar saber quem se divertiu mais durante sua passagem pelas pistas da na categoria máxima do automobilismo.
Mas não consegui concluir muita coisa...

Rubens surgiu como promessa pilotando uma Jordan antes da morte de Ayrton Senna, evento este que culminou em transformar a palavra “promessa”  em um fardo pesado que atrapalhou carreiras promissoras como lastro nos carros.
Rubens fez grandes corridas pelo time de Eddie Jordan com um segundo lugar como melhor resultado (Canadá 1995) e chegando até a ombrear com Senna em seu momento mais brilhante, aquela primeira volta em Donington Park, 1993 quando saiu de décimo segundo e ao fim da primeira volta já era o quarto colocado tendo ultrapassado (nas mesmas condições horrorosas de tempo e pista) oito carros.
Vale lembrar que era apenas a terceira largada de Rubens na F1.

Felipe chegou à F1 em 2002 como piloto da Sauber e teve como melhor resultado em seu ano de estreia um quinto lugar no Japão.
Ao fim do ano se retirou para ser – posto então relevante – piloto de testes da Ferrari.
Retornaria à pista pela mesma Sauber em 2004 onde ficaria até o fim da temporada de 2005 obtendo dois quartos lugares (Bélgica 2004 e Canadá 2005) como melhores resultados seguindo assim para a Ferrari para substituir exatamente Rubens Barrichello.

Rubens, que após sair da Jordan em 1996 ainda pilotaria pela simpática equipe de Jack Stewart onde fez ótimas corridas e chegou a beliscar um pódio (segundo lugar em Mônaco, 1997) após duelar com Michael Schumacher, que já pilotava uma Ferrari.
São desta época as melhores histórias de Rubens na F1, como aquela em que ganhou um relógio de Jack Stewart após uma aposta sobre resultados.
Quando a pequena Stewart se tornou Jaguar, Rubens seguiu para a sua grande chance de pilotar para um time grande.
Barrichello se uniu à Ferrari no ano 2000 para ser o companheiro de equipe de uma lenda deste esporte Michael Schumacher que estava em pleno processo de dominação da categoria que culminaria com sete títulos mundiais (cinco com o carro italiano) e não deixaria muita coisa sobrando para ninguém no circo, muito menos para seu companheiro de equipe que por várias vezes foi acusado de ser apenas capacho do alemão.
Convenhamos, pouquíssimos pilotos na história fariam frente ao sete estrelas em seu auge e menos pilotos ainda suportariam a enorme pressão por resultados após a morte de Senna.
Rubens aguentou e ainda levantou dois vice-campeonatos (2002 e 2004) com nove vitórias

E aguentou também ser motivo de piada quando o grande culpado de suas mazelas eram as carroças da equipe oficial da Honda, principalmente em 2007 e 2008.
A redenção viria em 2009 quando Ross Brawn assumiu a Honda e a transformou em Brawn GP, assombrando o mundo na primeira metade do campeonato com as vitórias do sem sal Jenson Button e dando a Rubens mais duas vitórias (GP da Europa em Valência e na Itália).

Neste mesmo tempo, Felipe só havia pilotado pela Ferrari e levado um vice-campeonato (2008) quando perdeu o título para Lewis Hamilton por apenas um ponto.
Também ficou marcada em sua passagem pela Scuderia o acidente em 2009 na pista da Hungria quando foi acertado por uma mola que – ironia do destino – havia se soltado do carro exatamente de Rubens Barrichello.
Saiu da Ferrari direto para a Williams, onde teve passagem apagada e bastante questionada até sua aposentadoria.

Barrichello venceu em lugares com mais tradição que Felipe
Rubens levou a melhor em templos como o velho Hockenheim, Monza por três vezes sendo que duas pela Ferrari, o que é muito relevante, Indianápolis (circuito misto), Suzuka e Silverstone.
Felipe, por sua vez teve como resultados mais expressivos em pistas tradicionais suas duas vitórias em Interlagos. Não se leva em conta a “vitória” em Spa-Francorchamps por ter sido herdada após a desclassificação e punição de Hamilton e Raikkonen.

Apesar ser uma comparação com muitos pontos de equilíbrio entre as duas carreiras, tendo até pilotado pelos mesmos times (Ferrari e Williams) não dá para cravar que 1B passou pela categoria se divertindo mais que Felipe, até levaria pequena vantagem já que conseguiu resultados melhores com carros piores.
Por outro lado, Massa teve (ou ainda está tendo) uma festa de despedida, coisa única entre pilotos brasileiros na F1 e venceu por duas vezes a corrida no quintal de casa (Interlagos) algo que aparentemente Rubens se recente um pouco por não ter obtido.
De qualquer forma, resta aos dois a honra de terem sido os melhores brasileiros a pilotar carros de F1 após Senna.
O que pode até parecer bem pouco aos olhos mais exigentes, mas quem viu Ayrton e não é idiota pachequista/ufanista sabe o quanto isto vale.
Pena que – aparentemente – serão os dois últimos também a ter uma história com vitórias.

Comentários

Juliano GO disse…
Parabéns pelo texto Groo!
A escolha por uma abordagem de quem se divertiu mais sai fora da comparação de quem foi melhor e comparar contra o Senna é uma injustiça tremenda.
Não sou de comentar mas ficou tão legal que não podia deixar passar!
Al Unser Jr. disse…
Como piloto acho o 1B melhor que o Molinha...

...mas o Molinha tem mais garra e não me lembro de ele ter ficado "de mimimi, que sou Br, que sou prejudicado bla bla bla".

Destaco apenas que os vices de 1B não tem o mesmo peso do que do Molinha, pois, o 1B nunca este em uma posição real de disputa de titulo, apenas tinha um carro muito melhor que o terceiro colocado. O Sr. Molinha, até campeão chegou a ser... por alguns segundos.
Israel David disse…
Vejo da seguinte forma:

Massa tinha tudo pra ser campeão em 2008, mas não o foi.

Barrichelo nunca teve chances contra Schumacher. Talvez se Barrichelo já estivesse na Ferrari quando schumacher se acidentou em Silverstone....
José Coutinho disse…
Amigo Ron,
Sei que você não é bom com números, afinal como pode 1,18 > 1,63 ?
Além disso, os valores corretos das médias são
Massa= 0,79 e Barrichello= 0,58 [vitórias/temporada]

Gosto muito dos seus textos, mas deste terei de discordar.
1B Na Jordan venceu Boutsen, De Cesaris, Irvine, Brundle; na Stewart bateu o pai do Kevin (Magnussen), o pai do Max (Verstappen) e o amigo do Alonso (Herbert); Foi pra Ferrari ser exatamente o escudeiro do Schumi e ficou tão acostumado a perder que nem o Button ele venceu na época de Honda/Brawn;
Mas encerrou a carreira sendo superior ao na época promissor, Nico Hulkenberg e Maldonado (este nem conta).
Zaca 'tomou coro' de Heidfield e Fisichella na Sauber; Virou capacho do Alonso na Ferrari e só superou o Kimi em 2008, sendo q o bebum levou a taça em 2007; e ainda andou sempre atrás do outro finlandês Bottas ou seja não venceu quase nunca os companheiros de time.
Já li em algum lugar que o estilo de pilotagem do Felipe parece não ter se adaptado a esta nova fase da F1, com menor aderência e motores menores. Mas isso não faz sentido porque ainda que ele tenha sido rápido em algum momento da carreira, não duvido disso, ele e FRACO de ultrapassagem. FRAQUÍSSIMO. Já Rubens, nunca demostrou dificuldades com isso.
Ambos são azarados. E pilotos medianos. Mas se eu tivesse de escolher o melhor seria Barrichello. #SóAcho
Anônimo disse…
Pô, senhor Groo. Assim não dá. Tô feliz da vida, aqui, no Rio, dois ex-governadores lalaus presos, Garotinho e Cabral, Crivella e Trump eleitos( também o Dória, por quê não ? Um empresário ! Emplumado mas empresário !). Madame Le Pen com todas as chances na França ano que vem e o senhor me aparece com essa aí ? Tá. Número não se contestam. Certíssimo. Mas F1, futebol, é diferente. Não é contabilidade, engenharia, astronomia. Rato, que não gosto como pessoa, suas 14 vitórias na F1, são mais importantes que todas as vitórias de Senna e Piquet juntas ! Por quê ? História ! Esses dois manés aí, vamulá. Barrilbello e Zacarias. Vale a cláusula ? Não ? Tá. Esses segundérrimos rilotos, o melhor ? Deixa eu ver. Vale as duas freadas dos bobocas, uma, 100 metros antes da linha de chegada pro Schummy e a outra pro Afonso ? Deixa eu ver... Tá difícil. Quem é o me... me... meior ! O Pilhor ! Desde 1994... Ai. Ai, ai. 22 anos de humilhações. Não dá. Vou esperar para ver quem será o melhor comentarista. Acho que o Barrilbello dará uma lavada no Zacarias. É mais inteligente, sem dúvidas. Enrolou com mais perfeição. Deu nome a cláusula até...


M.C.
Marcelonso disse…
Groo,

Barrichello e Massa a meu ver, se equivalem. Ainda que muitos contestem, tiveram belas carreiras. É evidente que a comparação com Emerson, Nelson e Ayrton é injusta.

O que difere Massa de Barrichelo, é que ele Felipe soube o momento de parar e curtiu cada momento. Rubens, perdeu a chance de uma bela despedida.

abs
PH Miniaturas disse…
Groo,

Muito bem escrito como sempre. Acho que podemos dizer que somos privilegiados em certa medida, por termos visto Senna correr e ser sucedido por essas duas feras.

(No meu caso, sou mais jovem, não cheguei a ver Piquet e Emerson.)

Forte abraço!
Rubs disse…
Barrica foi o melhor piloto depois de Schumacher. #VaiBarrica
Anônimo disse…
Concordo o Rubinho não venceu pilotos com muito talentos mas pilotos medianos igual a ele , já até cansava de superar Ex: Jordan,Stewart e Williams ....então sim eu acho que o Rubens e o Massa são bons ? sim são bons mas tecnicamente falando o Rubens foi melhor , porque o Massa tomou pau para companheiro e na Sauber nem se quer fez um Pódio, k
Já Rubens Barrichello fez pódio com todas as equipes que frequentou, Menos a Williams mas acredito que se tivesse ficado para 2012 ele teria tido tbm.

Resumo : Concordo Plenamente.
Fā do Emerson disse…
Eu resumo assim: naqueles carros de 2 lugares eu iria de carona com o Barrichelo. Com o Massa eu pensava duas vezes.