Gilles

Ontem, 8 de maio, foi a data em que se lembra da morte de um ícone do esporte canadense e um dos grandes nomes da F1.
Grande, ao menos, na lembrança dos inúmeros fãs que deixou.
Gilles tinha um estilo impulsivo, arrojado, corajoso e um tanto... burro.
O fato de ter partido antes de conseguir ao menos uma título mundial da categoria abriu-lhe a janela da eternidade que sempre é associada aos campeões mundiais.
Por melhores que são os pilotos em suas passagens pela F1, o grande público sempre vai se lembrar dos que levaram os títulos ao fim das temporadas, ainda que sejam apenas nomes apagados e circunstanciais como Button, Scheckter, Damon Hill, Alan Jones, os Rosberg e o próprio filho de Gilles, Jacques.
Nico ainda foi esperto o suficiente para garantir seu título e se mandar da categoria como campeão logo em seguida. Os outros, nem isto.

Mas quem foi exatamente Gilles?
O piloto que era o queridinho do Comendador Enzo Ferrari conseguiu seis vitórias em sua passagem pela F1 que foi de 1977 até ser interrompida bruscamente em 1982.
Foram duas pole positions com treze pódios e cento e sete pontos (101 contando com a regra estúpida dos descartes).
Não são números desprezíveis se pensarmos que a F1 daquele tempo era muito diferente e só os seis primeiros pontuavam.
Porém, se analisarmos onde ele pilotou, a coisa fica um pouco menos glamourosa.
Após a estreia em 1977 com um terceiro carro da McLaren (modelo 1974, diga-se), foi imediatamente convidado a ser piloto da Ferrari, onde correu até falecer.
Neste tempo, seu melhor resultado em termos de colocação no campeonato foi um vice em 1979.
Seu grande momento como piloto, sem dúvida, é a disputa com René Arnoux no GP da França de 1979, onde o arrojo (dos dois) brindou os fãs da categoria com uma das mais belas sequencias de ultrapassagens da história moderna (e registrada em vídeo) da F1 valendo o segundo lugar daquela corrida.



Mas ele também é lembrado, e muito, pelas provas onde andou com apenas três rodas, com o spoiler lhe tapando a visão ou coisas do tipo.
E isto posto, dá para dizer que não é legado o suficiente para ser tão lembrado e amado pelos fãs da F1.
Arrisco dizer que se tivesse se aposentado alguns anos mais tarde, sem o título mundial que perseguiu, não seria cultuado ao nível que é.

No fundo, sem demérito, dá para dizer que Gilles é o Max Verstappen de seu tempo e que, bate na madeira, se acontecer algo com Max, ele será o Gilles do seu.
De qualquer forma: Salut, e obrigado.

Comentários

Anônimo disse…
Bom dia.

. Villeneuve. Comparando-o com o Verstappadinho, tinha uma coisa que o holandês não tem: caráter. Precisa de QED ? Quod erat demonstrandum ?
. Não conseguiria ser campeão. Puxando das lembranças, era o quinto ou sexto nome a pensar ser campeão, naquelas épocas.
. Penélope teve ajuda. Da equipe. Malásia 2016.
. Um Lockeed F-104 Starfighter atrás da Ferrada de Villeneuve ? Já era antigão na época mas... um clássico ! Olha a asinha dele ! Só 'andava' no paaaauuu !
E ainda pensam que a fuselagem não ajuda na sustentação dos aviões...
. Verdade. Como um filho o seu Enzo o tinha.
. A Ferrari, nos anos de Villeneuve, não era essa Brastemp toda não. Essa, da foto, asa pura. Teve o Scheckter campeão 1979 onde foi o Villa foi vice. Saiu o sul africano, que entendia, foi mal pacas em 1980. Ou seja, não era bom acertador de carros o nosso Villa. Coragem pura tinha. E não era desleal.
. Dijon... Para mim, uma das mais belas disputas que se tem notícia no mundo do automobilismo. Dijon... mostarda e Luíza Brunet, novinha...
Por favor, verstappadinianos. Não entreguem o vídeo para o enrolandês voador porque o Mini pode achar o que ele faz, hoje, o que Villeneuve fazia e não é bem assim...
. É. Naqueles tempos, podia. Hoje, se fizer isso aí que o Villeneuve fez, andar com a aerofólio dianteiro tampando a visão, não só perde a FIA Super Licence como, de quebra, a carteira do Detran também. Bom, se for 'O Protegido', sei não. Talvez ficar de castigo no box da Rédibuuu, de frente prá parede. GH-4 perde as duas.
. Acho que seria cultuado, sim. Não por mim mas pelos mengolinos e corintinenses, tenho certeza que beijariam os pés dele. Ah, e pelos vertappadianianos que não entendem de xongas da mironga formulaúnica. Precisam encontrar algo que acham parecido no passado.
. Não, não. Diferença: caráter. A prova está no vídeo. Uma disputa braba. UMA ! Mas, quem quiser comparar... 7 disputas desleais mandarei... SETE ! Faltando a última já que o vídeo é de antes de Baku. Mas em Baku, Riccardão mandou recado prá equipe...

https://www.youtube.com/watch?v=lkAoSghdD6Y

Com GH-4, Mini já sifú duas...
. Villeneuve foi sozinho. Não levou ninguém com ele.


M.C.
walter disse…
Décadas depois, se fala do Villeneuve 'de memória', sem análise efetiva.
Se não morresse, Villeneuve seria o campeão de 1982.
Primeira temporada em 1978, foi segundo piloto do Reutemann e não comprometeu. Venceu no Canadá, sua terra Natal.
Em 1979, deixou Schecketer ganhar, não porque fosse frágil, mas por ter um senso de lealdade que a Ferrari assassinou, em Imola/1982. Venceu três vezes.
Em 1980, sofreu com um carro-lixo (imaginem que Schecketer, campeão de 1979, teve até DNQ para corridas, com esse carro).
1981 foi temporada confusa para a Ferrari, com a estréia do carro turbo, já ao lado de Pironi. Ganhou duas provas épicas, que fazem parte da história da F1: Mônaco, duelo épico com Jones; Espanha, duelo épico com uma fila que não teve coragem de passar por ele.
Em 1982, em Maio, morreu.
Conclusão: hoje, falta ANÁLISE da carreira do Villeneuve.
Ele é lembrado porque era fera. Não foi campeão porque morreu, no começo de sua quinta temporada na F1.
Irônico que, considerado 'queridinho' de Enzo Ferrari, sua morte decorre de ter sido traído pela equipe em Abril/1982 e de seu carro ter-se esfacelado, como se fosse de papel. Se isso é ser queridinho, quero ser detestado.
Ron Groo disse…
Então Walter... O "se" não entra na pista, não sobe no carro e não faz curva acelerando.
Ele morreu, ponto.
Era o querido sim de Enzo, não do time em si, talvez, mas o Comendador o tinha como um filho.
Brigas épicas na pista? um monte de piloto tem aos montes em suas carreiras. Nada demais já que são competidores e fazem, veja só: competição!
De fato, apenas que morreu e a partir daí tudo ficou épico, histórico em torno de sua carreira.
Guardadas as devidas proporções, Roland Ratzemberger foi igual, Ao menos em ter morrido.
Por azar, Roland morreu num fim de semana em que se apagou uma das maiores estrelas deste esporte, se não...
Não falta analise, falta concordar com ela.
Ituano Voador disse…
Acho que uma análise mais aprofundada não deixaria as coisas assim menos 'glamourosas'...
Vejamos: Gilles correu quatro temporadas completas, e foi vice-campeão em uma delas. E mais, considerando os 67 GPs que Gilles disputou, só dois pilotos venceram mais corridas do que ele nesse mesmo período: Alan Jones, que ganhou 11 GPs, e Carlos Reutemann, com 7 vitórias. GIlles, com 6, estava entre os mais fortes de seu tempo.
Se tinha cabeça para ser campeão? Não acho, embora respeite quem pensa diferente. Mas ele fez por merecer a idolatria que lhe existe em torno até hoje, e, quem diria, surgiu ainda antes de sua morte!
Abs.
Ron Groo disse…
concordo... merece sim.
É uma análise bem pertinente, mas como o fã de F1 não é obcecado só por estatísticas, mas também por uma boa história, o Gilles conseguiu construir uma narrativa bem interessante em cima disso.

De fato, fazia barbeiragens, tinha seus excessos dentro da pista, mas foi um piloto de personalidade e encantou o público, principalmente os tifosi, que são mais passionais.

Até o ponto de vista do Ituano Voador complementa bem a questão. Gilles construiu um personagem e marcou o seu nome na história. Agora compará-lo a outros pilotos (campeões ou não), é uma questão muito subjetiva e cada analista trará um ponto de vista diferente.
E ainda em cima da temporada de 1982, houve um "Ratzemberger" daquela geração, que foi o Riccardo Paletti, que morreu em um acidente na largada do GP do Canadá, quase um mês depois.
fabehr disse…
meu, esse cara colocou 11 s de vantagem em cima do companheiro de equipe (q foi o 2o colocado) num treino com chuva em Watkins Glen em 1979.
Laffite comentou; "He's different from the rest of us. On a separate level."

só isso já é o bastante pra mim.
Anônimo disse…
Ih. Apaixonite aguda detectada !

. 1982. Para ser campeão faltavam 11 provas. Nas duas primeiras quebrou.
Na terceira prova, desqualificado, fooora, por motivo que não procurarei agora mas Piquet dá dica. O Vascaíno voador era cotado para ser piloto da Ferrari e após morte de Villeneuve culpou a Ferrari( construção do torpedo...) tomando uma sentença Aiatoládiana do senhor Enzo que dura até hoje. 'Nenhum Piquet correrá pela Ferrari'. Graças a Deus. Quarta prova, Villeneuve foi segundo. Na quinta prova, espetacularmente, morreu. Ou seja, achar que seria campeão faltando 11 provas.... esse entende do babado.
Aliás, 2018, faltam 17 provas. Chutaí, mermão !
. 1978. Reutemann foi 3º colocado no mundial ganhando 4 corridas e quebrando 3 vezes. Villeneuve, 9º, ganhando a última no Canadá( terra dele...) e quebrando 6 vezes. Villeneuve ganhou quando a Lotus e Andretti já tinham levado OS canecos e vemos isso até hoje quando as últimas provas as equipes que disputam geralmente maneram. Aliás, o argentino pilotava o fino !
. 1979. Jody David Scheckter... Campeão mundial de 1979. 1974, foi terceiro colocado no campeonato com Tyrrell. 1976, terceiro colocado com Tyrrell, o tanque de 6 rodas. Com a lendária Wolf( que sabe, sabe... lendária...) foi segundo colocado em 1977 e, campeão em 1979. Flamenguices corintianóides, mermão ? Jody era um tremendo piloto !
. 1981 ? Piquet !

Análise rápida.


M.C.
walter disse…
Tem razão, Groo: "Se" não existe e o fato é que Villeneuve não é campeão.
Sobre ser o queridinho do comendatore, tem uma história no youtube, de um jornalista de Torino, que foi convidado pelo Ferrari, para ir almoçar em Maranello; o jornalista falou, "não dá tempo, aqui já é meio dia"; o comendatore insitiu e disse, "meu motorista está aí na porta".. O cara desceu, tinha uma Ferrari, com o Villeneuve ao volante, e foram em uma hora de Torino a Maranello. Brincadeirinha de pai e 'filho".
Quando eu morrer, deve ter um jeito "do lado de lá" de saber o que daria do "Se"; aí psicografo para o MC, com a licença do Groo, para provar meu ponto: Villeneuve era o campeão de 1982.
Ron Groo disse…
rssrsrs... por estas histórias é que amamos a F1 né não Walter?
Mas assim, de verdade, eu queria que o seu ponto fosse o certo e que ele realmente tivesse ganho em 82