Este texto foi originalmente publicado em 2009 aqui no blog e esta semana recebeu uma menção e foram citados alguns trechos dele em um jornal da cidade.
O dia em que a musica morreu.![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifseawkMdKB2xkKjOLeSxAte6U_v3BuzRcqe6FMamlnz2TrlvHJtdhGbCXs_uPoPNt0F834Zeu95Im8EFNmXTMhmTTkEwBIn2cc9vr4k3IpaqyhxPSz92j26t4kAhe7qHPgzXc_LGEXX5V/s400/Holly_Valens_Bopper.jpg)
Tudo é conjectura. Tudo é suposição.
Mas tanto a carreira Buddy Holly quanto as de Richie Valens e Big Bopper talvez não fossem tão celebres se não tivessem sido abortadas ainda efervescendo.
Ok, claro que para muitos, inclusive mercadologicamente Richie Valens equivalesse a um Elvis hispânico. Pegou os caminhos do rock´n’roll e os temperou com as influências do folclore mexicano. Assim como o Rei levou a musica negra (rock era considerado race music, musica feita por negros e para negros, como o jazz dos anos 30) ao publico branco e racista dos Eua, Valens levou o rock´n´roll ao povo mexicano.
Mas do que tratarei aqui é de como o rock e o mundo mudaram após o dia 03/02/1959.Mas tanto a carreira Buddy Holly quanto as de Richie Valens e Big Bopper talvez não fossem tão celebres se não tivessem sido abortadas ainda efervescendo.
Ok, claro que para muitos, inclusive mercadologicamente Richie Valens equivalesse a um Elvis hispânico. Pegou os caminhos do rock´n’roll e os temperou com as influências do folclore mexicano. Assim como o Rei levou a musica negra (rock era considerado race music, musica feita por negros e para negros, como o jazz dos anos 30) ao publico branco e racista dos Eua, Valens levou o rock´n´roll ao povo mexicano.
O dia em que a musica morreu.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifseawkMdKB2xkKjOLeSxAte6U_v3BuzRcqe6FMamlnz2TrlvHJtdhGbCXs_uPoPNt0F834Zeu95Im8EFNmXTMhmTTkEwBIn2cc9vr4k3IpaqyhxPSz92j26t4kAhe7qHPgzXc_LGEXX5V/s400/Holly_Valens_Bopper.jpg)
Suas músicas – de Buddy, Ritchie e Booper - eram dançantes e/ou românticas. Valens tinha a questão latina, mas ainda assim era mais diversão que conscientização.
Então, quando o avião que viajavam bateu numa montanha devido a uma tempestade e tragicamente ceifou a vida dos três foi como se o rock and roll deixasse de ser divertido e simples. No sentido de não ser mais uma musica descompromissada. Tivesse que ter outros propósitos além de divertir.
Da metade da década de sessenta para frente, o rock tomou ares intelectuais e sociais que ainda não tinha. Os Beatles foram divertidos até “Ruber soul” e não deixaram de ser depois, mas passaram à categoria dos ‘geniais’, assim como Dylan e todo o pessoal que participou de Woodstock em 1969. A geração Flower Power, que protestava contra guerras. Mas carecia de um elemento, lá dos primórdios, que dava ao rock seu sobrenome: o ‘and roll’.
O rock já não dançava mais.
A esta altura, 1971, Elvis já era ícone – vivo, mas ícone – Os Beatles já não estavam mais juntos. Os Stones, bem os Stones não contam, afinal até hoje seu rock diz muito mais a eles e ao estilo de vida que eles criaram do que sobre qualquer outra coisa do mundo. Os Rolling Stones viveram sempre no planeta Stones.
E foi isto que percebeu 12 anos após o acidente de 03/02/1959 o cantor e compositor Don McLean.
Compôs então uma canção que chamava de volta o gingado para o rock, de forma cifrada e com uma letra com tantas ou mais citações e armadilhas que as obras de todos os citados juntos: American Pie.
Diz a lenda que o titulo da canção estava pintado na fuselagem do aeroplano, não achei confirmação. Mas como tudo na canção parece ser uma citação de algo, publique-se a lenda então.
As citações vão desde o disco “Book of love” dos The Monotones até o chamado “Verão do amor” de 1968 quando Allen Ginsberg, poeta beat, sugeriu que todos deveriam sair às ruas de San Francisco para gritar poemas e provocar terremotos.
Então, quando o avião que viajavam bateu numa montanha devido a uma tempestade e tragicamente ceifou a vida dos três foi como se o rock and roll deixasse de ser divertido e simples. No sentido de não ser mais uma musica descompromissada. Tivesse que ter outros propósitos além de divertir.
Da metade da década de sessenta para frente, o rock tomou ares intelectuais e sociais que ainda não tinha. Os Beatles foram divertidos até “Ruber soul” e não deixaram de ser depois, mas passaram à categoria dos ‘geniais’, assim como Dylan e todo o pessoal que participou de Woodstock em 1969. A geração Flower Power, que protestava contra guerras. Mas carecia de um elemento, lá dos primórdios, que dava ao rock seu sobrenome: o ‘and roll’.
O rock já não dançava mais.
A esta altura, 1971, Elvis já era ícone – vivo, mas ícone – Os Beatles já não estavam mais juntos. Os Stones, bem os Stones não contam, afinal até hoje seu rock diz muito mais a eles e ao estilo de vida que eles criaram do que sobre qualquer outra coisa do mundo. Os Rolling Stones viveram sempre no planeta Stones.
E foi isto que percebeu 12 anos após o acidente de 03/02/1959 o cantor e compositor Don McLean.
Compôs então uma canção que chamava de volta o gingado para o rock, de forma cifrada e com uma letra com tantas ou mais citações e armadilhas que as obras de todos os citados juntos: American Pie.
Diz a lenda que o titulo da canção estava pintado na fuselagem do aeroplano, não achei confirmação. Mas como tudo na canção parece ser uma citação de algo, publique-se a lenda então.
As citações vão desde o disco “Book of love” dos The Monotones até o chamado “Verão do amor” de 1968 quando Allen Ginsberg, poeta beat, sugeriu que todos deveriam sair às ruas de San Francisco para gritar poemas e provocar terremotos.
Frases ambíguas que emulam tanto a John e Jaqueline Kennedy (Kings and Queens) quanto a Elvis Presley.
Faz referencia a Bob Dylan, quando cita o palhaço que “cantou para o rei e a rainha”. Lembrando que Dylan compôs “Jokerman” – literalmente palhaço.
E aponta que “nenhum anjo nasce no inferno” numa alusão clara ao episódio em que os Rolling Stones contrataram os Hells Angels para fazer a segurança num show em Altamont onde um fã morreu espancado pelos “seguranças”.
Particularmente, penso que a canção não diz só sobre a cena musical. Mas diz muito sobre a perda da inocência dos jovens americanos.
Marca o rito de passagem da adolescência para a vida adulta. Mas sem adolescência.
A guerra no Vietnã; a corrida espacial; o homem na lua e então vieram as mortes de Janis, Jimi e Jim.
O assassinato de Kennedy, o inicio da guerra fria e a corrida louca do relógio nuclear para bater a meia noite da humanidade e detonar o armagedom . Tudo junto e de uma vez só.
A entrada nos anos 70 e seu pessimismo.
De volta ao âmbito havia o rock progressivo e suas musicas etéreas e longas que afastavam o publico dos artistas e que foram responsáveis diretas pelo aparecimento do punk rock e sua violência, por vezes gratuita.
Definitivamente o rock não dançava mais. E os jovens americanos não sonhavam mais.
Comentários
Mas me explica uma coisa: quando o Don McLean foi de Chevy até a represa ("levee" - não, não é parente...rs), o fato de ela estar seca tem algum significado especial no contexto da música?
cara, agora to em endereço novo em http://www.gogpseries.com/ altera meu antigo.
abraços!
Concordo com o Marcão, a resenha ficou muito bacana mesmo, parabéns!
Aguentar essa "pentelhada" não é mole meu camarada.
Vc está concorrendo ao premio "Ezo e Dazo", instituidos pelo glorioso Almir!
abs