
Procurei chegar cedo para testar bem a rede wi-fi do estabelecimento.
Com alguma dificuldade consegui conectar com razoável segurança e velocidade.
Aberto o twiter para registrar em tempo real a reação dos frenquentadores da Padaria da Cruz, me ajeitei para o inicio da corrida.
E não era qualquer corrida, era a o GP de Mônaco.
“-Mas por que logo o GP de Mônaco?” – alguém pode perguntar.
Afinal, a corrida no Principado que por mais bonita e importante, não costuma agradar – e com razão – aos que não são fãs do esporte, aqueles que assistem apenas trechos da corrida ou sabem do resultado final em algum telejornal.
E era destes que eu queria buscar as reações.
Assim que a transmissão oficial “voltou em definitivo” deixei de lado meu café e passei a dividir a atenção em duas frentes: a TV e o balcão em frente a ela.
Confesso que a largada me prendeu mais ao aparelho, o balcão que se danasse, afinal, sou fã da coisa...
A ultrapassagem de Michael Schumacher sobre Lewis Hamilton na curva mais lenta do campeonato me fez erguer a voz e comemorar, o que ajudou a chamar a atenção dos fregueses e freqüentadores para a corrida.
Quando gritei: “-Tá velho, mas ainda sabe guiar!” consegui notar alguns pescoços se torcendo para olhar a TV buscando o replay da manobra.
Então comecei a prestar mais atenção nos “torcedores de padaria”.
Como esperado ao menos quatro pessoas disseram em alto e bom som que “bom era na época do Senna”, porém, além de Piquet não souberam dizer o nome de um só oponente do tri campeão.
Outros cinco disseram não terem nunca mais visto uma corrida após a morte do brasileiro em San Marino.
Uma senhora, já conhecida minha foi comprar um frango assado e me vendo veio trocar algumas palavras.
Dona Marina tem 68 anos de idade, apesar da aparência não entregar.
Lúcida, por duas vezes pediu que eu esquecesse o Rubinho que em suas palavras era um “enganador”.
Juro que nunca falei com ela sobre este assunto e sequer sabia que ela gostava de corridas de carros.
Um cidadão entrou, olhou para mim e tentou ler o que eu colocava no twiter, depois olhou para a TV por alguns segundos voltando a me olhar fuzilou: “-E o Arnoux?”.
Tarefa árdua explicar o porquê dos pneus serem o fator preponderante para a emoção no fim da corrida, do desgaste da Red Bull frente aos pneus da Ferrari já que novos, ou quase, apenas os da Mclaren eram.
Se tocasse no assunto “equilíbrio diferente entre cada carro” então provavelmente ficaria falando sozinho...
Os mais curiosos, além do cidadão que perguntou sobre René Arnoux – e ficou sem resposta – foram: um gordinho que entre um sonho e outro pedia para trocar de canal e por no “Desafio ao Galo” que eu nem sabia que ainda era transmitido e um outro que por volta das 10 e 15 da manhã pediu para assistir ao Globo Rural.
Ainda assim todos assistiram mudos a sequência final da prova, até a bandeira vermelha aparecer e alguém gritar: “-Acabou... Bandeira vermelha é fim de prova!” e todos irem embora quase que simultaneamente.
Foi divertido e no fim acabei indo embora sem pagar os cafés que tomei...
Com alguma dificuldade consegui conectar com razoável segurança e velocidade.
Aberto o twiter para registrar em tempo real a reação dos frenquentadores da Padaria da Cruz, me ajeitei para o inicio da corrida.
E não era qualquer corrida, era a o GP de Mônaco.
“-Mas por que logo o GP de Mônaco?” – alguém pode perguntar.
Afinal, a corrida no Principado que por mais bonita e importante, não costuma agradar – e com razão – aos que não são fãs do esporte, aqueles que assistem apenas trechos da corrida ou sabem do resultado final em algum telejornal.
E era destes que eu queria buscar as reações.
Assim que a transmissão oficial “voltou em definitivo” deixei de lado meu café e passei a dividir a atenção em duas frentes: a TV e o balcão em frente a ela.
Confesso que a largada me prendeu mais ao aparelho, o balcão que se danasse, afinal, sou fã da coisa...
A ultrapassagem de Michael Schumacher sobre Lewis Hamilton na curva mais lenta do campeonato me fez erguer a voz e comemorar, o que ajudou a chamar a atenção dos fregueses e freqüentadores para a corrida.
Quando gritei: “-Tá velho, mas ainda sabe guiar!” consegui notar alguns pescoços se torcendo para olhar a TV buscando o replay da manobra.
Então comecei a prestar mais atenção nos “torcedores de padaria”.
Como esperado ao menos quatro pessoas disseram em alto e bom som que “bom era na época do Senna”, porém, além de Piquet não souberam dizer o nome de um só oponente do tri campeão.
Outros cinco disseram não terem nunca mais visto uma corrida após a morte do brasileiro em San Marino.
Uma senhora, já conhecida minha foi comprar um frango assado e me vendo veio trocar algumas palavras.
Dona Marina tem 68 anos de idade, apesar da aparência não entregar.
Lúcida, por duas vezes pediu que eu esquecesse o Rubinho que em suas palavras era um “enganador”.
Juro que nunca falei com ela sobre este assunto e sequer sabia que ela gostava de corridas de carros.
Um cidadão entrou, olhou para mim e tentou ler o que eu colocava no twiter, depois olhou para a TV por alguns segundos voltando a me olhar fuzilou: “-E o Arnoux?”.
Tarefa árdua explicar o porquê dos pneus serem o fator preponderante para a emoção no fim da corrida, do desgaste da Red Bull frente aos pneus da Ferrari já que novos, ou quase, apenas os da Mclaren eram.
Se tocasse no assunto “equilíbrio diferente entre cada carro” então provavelmente ficaria falando sozinho...
Os mais curiosos, além do cidadão que perguntou sobre René Arnoux – e ficou sem resposta – foram: um gordinho que entre um sonho e outro pedia para trocar de canal e por no “Desafio ao Galo” que eu nem sabia que ainda era transmitido e um outro que por volta das 10 e 15 da manhã pediu para assistir ao Globo Rural.
Ainda assim todos assistiram mudos a sequência final da prova, até a bandeira vermelha aparecer e alguém gritar: “-Acabou... Bandeira vermelha é fim de prova!” e todos irem embora quase que simultaneamente.
Foi divertido e no fim acabei indo embora sem pagar os cafés que tomei...
Comentários
Abs!
Fascinante observar que depois de trinta e tantos anos de F1 pela Rede Globo, o nível de conhecimento e interesse ainda é esse.
Na média, os torcedores de futebol são capazes de armazenar uma infinidade de nomes de jogadores, times, torneios, jogadas e fazer as conexões corretas entre tudo isso. Mas quando o assunto é F1, só os nomes de Senna e Piquet são lembrados espontaneamente.
Agora, aquela pergunta sobre o René Arnoux foi simplesmente genial. O cara que perguntou só podia ser um connaisseur.
Acho que esse pessoal de padaria é igual a maioria que vê em casa também, sei lá, uns 80% talvez ... o que o Galvão falar é lei ... se ele disser que a troca de pneus na bandeira vermelha determinou o resultado todo mundo segue ele. Tenha dó !!!!
E ficamos sempre atentos apenas ao futebol, uma lástima! Mas pra mim, não há melhor esporte que esse!
Belo texto como sempre!
Bom post. Amo essas incursões na vida real.
abs!
O texto é ótimo.
Quanto ao nível de conhecimento das pessoas é difícil cobrar que saibam, a final nem tudo que assistimos na tv, é o que nos interessa de verdade. Eu mesmo assisto umas partidas de tênis na em algum lugar público e não sei nada. Idem para alguns programas que mostram obras de engenharia e etc... Em fim acredito que tem mta gente que só assiste a F1 passivamente, ou pra torcer pra algum brasileiro
e essa do Senna é padrão, sempre tem alguém que fala...rs
Seu comentário me fez pensar que pelo menos aqui temos a santa instituição da padaria pra nos socorrer nesses momentos. Em 1996, eu estava na Bélgica e queria assistir o GP da França, que estava rolando a poucas centenas de quilometros dali. Parei o carro em uma localidade de veraneio perto de Ostende e fui procurar um bar ou restaurante com TV. Andei, andei, andei - e nada feito. Não foi nem possível acompanhar pelo rádio do carro, já que a única coisa que dava pra captar era a transmissão do Tour de France.