-Era só o que faltava. Pronto... Não falta mais! – e comemoraram gritando “eeeeee”.
Os dois que haviam rachado entre si a compra dos outros instrumentos – uma guitarra e um baixo – mais uma vez se cotizaram para comprar a bateria.
O motor de uma banda |
Branca, modelo bem antigo sem os abafadores para as peles dos tambores que acabavam soando como latões vazios e era composta por: bumbo, dois tons, tambor surdo e um set modesto de pratos de latão.
Um grande tipo “ping rider” e um "splash". Ambos com um incrível som de... Gongo!
E também o chimbau, com pratos rebitados. Em suma, um horror.
A esteira da caixa estava amarrada com arame o que conferia um som agudo e desagradável ao instrumento.
Após um monte de palpite sobre apertos nas borboletas para mudar o som dos couros, sem nenhum funcionar – e pior – estourando varias delas, alguém diz que o interessante seria abafar as peles por fora mesmo.
-Como é que faz isto? – perguntam.
-Cola algo na pele... – responde.
-O que? Por exemplo?
-Ah, sei lá... Um modess. – diz o palpiteiro já sem muita paciência.
-Ok!
E lá vão os dois para a farmácia.
-Moço! Tem modess?
para hemorroida? |
-Tem...
-Dá um pacote.
-Qual quer? Com aba, sem aba, noturno, fino, super aderente, ultra seco...
-Ih... Tem tudo isto?
-Tem... Sua mãe não disse qual ela queria?
-Não é pra ela... É pra mim mesmo?
O balconista, meio pasmo, pergunta um: “o que?” quase gritado no espanto.
-É pra abafar a pele da bateria... – sorri meio constrangido.
-Ufa... Pensei que: ou vocês eram baitolas ou algum dos dois estava com sei lá... Hemorróidas... – e sorri.
-Não... – diz ficando vermelho.
-Então, eu já toquei bateria também. – diz o balconista da farmácia – Melhor usar um emplastro e você recheia ele com algodão.
-Emplastro?
-É... Tipo aquele “Sabiá”, pra dor muscular. – e pega um envelope e um pacote de algodão, explica como fazer, cobra e se despede.
Realmente deu certo, os sons dos tambores e da caixa chegaram perto de ser o que realmente tinham de ser. Um pouco desafinados, mas melhorara em cem por cento.
Só o bumbo não chegava ao que queriam.
Mesmo abafado com o emplastro recheado de algodão, algo estava estranho com uma reverberação muito prolongada.
Sem a pele de resposta |
Os palpiteiros de plantão recomendaram encher o bumbo com cobertores velhos e – vejam só! – funcionou perfeitamente.
De tosco apenas a fuga de meia dúzia de felinos que aproveitavam os cobertores dentro do bumbo no primeiro ensaio em uma manhã de inverno.
Comentários
PêGê.
Enfim, belo texto Groo, me vi em "começo de carreira" nele. Adorei!
Abraço!
M.C.
Nu, muita coisa melhora muito… hehehehehe " ! Nada do hipnotizador do Méier que usas aqui !
http://rafaelschelb.wordpress.com/2012/05/30/naked-f1-lotus-100t/
Aliás, bela foto do interior do monstrengo amarelo cameludo ! A Tolus do Piquet. Carro porcaria... mas Piquet tem culpa no cartório da máFIA. Mesmo levando o motor, deixou a equipe sem recursos... Muquirana...
M.C.
M.C.
Quem foi que disse que vida de baterista é molezinha?
abs