Música de sexta: Paranoid, o álbum


Em determinada parte de seu livro “Grandes sertões: Veredas”, Guimarães Rosa faz uma lista dos vários nomes do “coisa ruim”.
Além dos protocolares “satanás”, “capeta” e “inimigo” ele ainda cita mais alguns extremamente originais como: “rincha-mãe”; “sangue-d’outro”; o “muitos-beiços”; o “rasga-em-baixo”; “faca-fria”; o “fancho-bode”; “treciziano”; “azinhavre”; o “Hermógenes”...
O Black Sabbath - que provavelmente nunca leu João Guimarães Rosa e a recíproca é mais que verdadeira – deu mais alguns nomes para o “tinhoso” ao escrever talvez sua melhor página: Paranoid, o álbum.
São eles: “o raivoso” e  “o frustrado”

A banda já havia chamado a atenção do mundo com seu disco de estréia onde o blues é levado as ultimas conseqüências de amplificação e que junto com os dois primeiros discos do Led Zeppelin pode ser responsabilizado pela criação do heavy metal enquanto estilo musical.
Porém, sem o verniz de cultura celta e nórdica apresentado pelo zepelim de chumbo o que sobrou aos tabacudos de Birminghan foi a “burrice” de tratar de assuntos obscuros e ou satanistas.
E os nomes do capetoso?
Ouça o disco pela ótica de quem vivia a época de seu lançamento e descubra sobre o que o disco realmente é, e sem se ater a bobagens como definir conceito para o trabalho.
Uma coleção de canções aparentemente sem ligação entre si, mas que dão o panorama dos sentimentos de toda uma geração pós flower power, quando o sonho do “paz e amor” foi trocado por violência, cinismo e hedonismo. Mais precisamente pós Altamont.

E é com raiva que o disco é aberto junto com a frustração de todos os jovens do planeta em ver a campanha sangrenta dos EUA no Vietnã. “War pigs” explode nos auto falantes adiantando tudo que faria parte do universo do Sabbath até os dias de hoje: riff poderoso, bateria truculenta, gritos assombrosos e clima sombrio de filme de terror.
A introdução lenta e arrastada é como um monstro que vai devorando tudo em seu caminho.
A seqüência com “Paranoid” é matadora.
Talvez o maior hit do Sabbath, é uma canção sobre efeitos de heroína, outro nome para o “pé de bode” como também é “Hand of doon”.
Ambas ajudaram a sedimentar a reputação de banda mais sinistra dos anos 70.
O disco ainda tem a balada sombria “Planet caravan” e a fantástica “Iron man”, um petardo ultra sônico com a introdução mais impressionante do rock: uma virada de bateria tão simples quanto magnífica.  Para mim muito mais significativa que a de “Rock´n´roll” do Led Zeppelin, por exemplo.

O fato é que após este disco, tudo que veio ao mundo como heavy metal trouxe elementos dele.
Raivoso, frustrado e claro, fundamental.

Comentários

Danilo Candido disse…
Belo post, Groo, sobre (em minha opinião), sem dúvida, a melhor banda de todos os tempos.
Vale menção honrosa sobre um de seus álbuns, o sexto de estúdio, Sabotage, cuja uma de suas faixas talvez seja uma das mais "assustadoras" do grupo:

http://www.youtube.com/watch?v=cNp5quO11B8

Um abraço,
Danilo Candido.
Marcos Antonio disse…
Um clássico eterno esse album do Sabbath. Muito bom, do começo ao fim!
Manu disse…
Magnífico. Sem mais!

Abs!
Anônimo disse…
... um satanismozinho, numa sexta feira, lua nova... cai bem. Como anda o John "Ozzy" Osbourne ? Com o reality show nos EUA ainda ? Parece que ele voltou pro grupo... Sábado é o dia... Melhor esperar amanhã prá fazer umas macumbinhas de 1° mundo... Já sei o som que vou colocar ! Obrigado, senhor Groo. " Alô, Noschattamus ? Reúna a turma... Chama o Abraão ! Pô, ele tem que ir... que história é essa que amanhã ele estará com a patroa ? Aprontô no SAARA ? Com a filha do Saliiiimmm ? Xiiiii... Vai tê que como morcego, amanhã... morcego de fruta..."



M.C.
André Candreva disse…
Groo,

excelente post...

O Black Sabbath é uma das referências do heavy metal...

abs...
Marcelonso disse…
Groo,

Sem dúvida é um clássico do rock.
Será que tem um cd desses pra vender no posto piranga?

abs
Bem legal o post, Groo. De fato, no final dos 60/início dos 70 começaram a aparecer umas coisas bem mais sombrias e raivosas...
Anônimo disse…
... o Ozzy mora no país que foi pro Vietnã matar o povo sofrido de lá( U.R.S.S., China... faziam o que lá, também ? ). Era um garoto, que como eu... amava os Beatles e Yellowstone...


M.C.
Alex - Ctba disse…
Ótimo álbum, mas o meu predileto do Sabbath é o "Never Say Die", mas gosto muito do Vol. 4 tbm

O show da volta do sabbath com a formação original é aguardado com muita expectativa

Abs
Vitor, o de Recife disse…
Todos os álbuns clássicos do Sabbath são excelentes - embora também goste dos trabalhos com o Dio. E concordo com você, acho que o estilo mais visceral do Sabbath mais significativo que o não menos importante Zeppelin. Claro, é tudo uma questão de gosto.

Abraços.