Kimi chegou naquela manhã à Maranello como se fizesse isto há anos seguidos.
Nem parecia que já havia um tempo desde a última vez que cruzou os portões da fábrica da Ferrari.
Não havia sentimento de nostalgia, muito menos de euforia pela volta.
Na verdade, não havia sentimento nenhum. Era apenas mais um dia de trabalho em um local diferente.
Não tão diferente. Óbvio.
Ao cruzar o portão lembrou-se de algumas coisas.
A moita de capim ornamental delicadamente podada onde escondia um litro de vodca enquanto Luca Di Montezemolo estava presente.
Lembrou-se do velho Giuseppe, com quem trocava algumas palavras antes de vestir o macacão e ir para o simulador ou para o carro fazer ajustes e testes.
Lembrou-se que Giuseppe dizia ter dormido com Sophia Loren e ao vê-lo, após cumprimentar, disse novamente.
Kimi que sempre duvidara com um meio sorriso nos lábios, duvidou de novo.
O armário ainda era o mesmo.
A disposição das roupas dentro dele também: macacões, balaclavas e sapatilhas.
Até a tranca do armário continuava com o mesmo defeito irritante. É necessário bater várias vezes até ouvir o “clic” do destravamento.
Não conseguiu lembrar os nomes de muitos engenheiros, mecânicos, auxiliares de projetista que ia encontrando pelo caminho, mas ao chegar ao simulador lembrou-se de cada botão e cada função do volante.
Não parecia nem um pouco preocupado em esconder o fato de não lembrar.
Pelo contrário, dizia abertamente: “-Não me lembro de você.”.
Só recobrava a lembrança após ser confrontado com alguma história que tivessem vivido juntos, como quando Aldo, técnico responsável pelo simulador, achou que uma modelo sueca estava lhe dando mole em um evento em Madona di Campiglio, mas olhava para Kimi.
Com voz sensual se postou em frente da mesa onde ambos estavam e perguntou para Raikkonen: “-O que eu posso fazer para lhe deixar feliz?”.
E ele responde: “-Veja se tem magnun na geladeira e trás um para mim...”.
Porém, ao encontrar um espanhol com uma tatuagem de um samurai nas costas e uma cara de marrento passa sem falar nada.
O espanhol abre os braços e cumprimenta efusivamente recebendo de volta o mais completo silêncio.
-Qual é Kimi? Vai fingir que não se lembra de mim?
Silêncio.
-Pô! Já corremos um contra o outro várias vezes?
Silêncio.
-Já dividimos curvas? Já te venci já me venceu... Eu vim substituir você quando saiu do time, lembra?
Silêncio.
-Porra Kimi, Alonso! Fernando Alonso!
-Ah tá... Aquele cara que desde que não consegue ganhar do Vettel nem com reza brava... Nem com ajuda do segundo piloto da própria equipe e o da equipe do alemãozinho... Lembrei! E ai? Tá pronto para se foder este ano? Eu não sou o Massa não viu...
Crônica inspirada no título desta matéria de Julianne Cerasoli.
Nem parecia que já havia um tempo desde a última vez que cruzou os portões da fábrica da Ferrari.
Não havia sentimento de nostalgia, muito menos de euforia pela volta.
Na verdade, não havia sentimento nenhum. Era apenas mais um dia de trabalho em um local diferente.
Não tão diferente. Óbvio.
Ao cruzar o portão lembrou-se de algumas coisas.
A moita de capim ornamental delicadamente podada onde escondia um litro de vodca enquanto Luca Di Montezemolo estava presente.
Lembrou-se do velho Giuseppe, com quem trocava algumas palavras antes de vestir o macacão e ir para o simulador ou para o carro fazer ajustes e testes.
Lembrou-se que Giuseppe dizia ter dormido com Sophia Loren e ao vê-lo, após cumprimentar, disse novamente.
Kimi que sempre duvidara com um meio sorriso nos lábios, duvidou de novo.
O armário ainda era o mesmo.
A disposição das roupas dentro dele também: macacões, balaclavas e sapatilhas.
Até a tranca do armário continuava com o mesmo defeito irritante. É necessário bater várias vezes até ouvir o “clic” do destravamento.
Não conseguiu lembrar os nomes de muitos engenheiros, mecânicos, auxiliares de projetista que ia encontrando pelo caminho, mas ao chegar ao simulador lembrou-se de cada botão e cada função do volante.
Não parecia nem um pouco preocupado em esconder o fato de não lembrar.
Pelo contrário, dizia abertamente: “-Não me lembro de você.”.
Só recobrava a lembrança após ser confrontado com alguma história que tivessem vivido juntos, como quando Aldo, técnico responsável pelo simulador, achou que uma modelo sueca estava lhe dando mole em um evento em Madona di Campiglio, mas olhava para Kimi.
Com voz sensual se postou em frente da mesa onde ambos estavam e perguntou para Raikkonen: “-O que eu posso fazer para lhe deixar feliz?”.
E ele responde: “-Veja se tem magnun na geladeira e trás um para mim...”.
Porém, ao encontrar um espanhol com uma tatuagem de um samurai nas costas e uma cara de marrento passa sem falar nada.
O espanhol abre os braços e cumprimenta efusivamente recebendo de volta o mais completo silêncio.
-Qual é Kimi? Vai fingir que não se lembra de mim?
Silêncio.
-Pô! Já corremos um contra o outro várias vezes?
Silêncio.
-Já dividimos curvas? Já te venci já me venceu... Eu vim substituir você quando saiu do time, lembra?
Silêncio.
-Porra Kimi, Alonso! Fernando Alonso!
-Ah tá... Aquele cara que desde que não consegue ganhar do Vettel nem com reza brava... Nem com ajuda do segundo piloto da própria equipe e o da equipe do alemãozinho... Lembrei! E ai? Tá pronto para se foder este ano? Eu não sou o Massa não viu...
Crônica inspirada no título desta matéria de Julianne Cerasoli.
Comentários
Alonso terá um ano dificil pela frente com certeza.
Algo me diz que essa mistura não vai dar certo.
abs
Mas consegui imaginar nitidamente o retorno do Kimi. Principalmente a parte do Magnum xD
Abs!