F1 2018: Falem bem, falem mal, mas continuem falando

Logo após o fim da corrida na Alemanha, após o troféu já entregue e a champanhe estourada, os comissários da FIA se reuniram e convocaram Lewis Hamilton para dar explicações sobre a manobra que, pelo sim pelo não, lhe deu a vitória.
Lewis já estava se encaminhando aos boxes para troca de pneus quando por algum motivo resolveu não ir mais e cortou para a esquerda na entrada dos boxes, passando por cima de grama e tudo para voltar à pista em um momento em que Sebastian Vettel abandonara a prova.
Dalí em diante, a parada de Bottas e Kimi o colocaram em posição de vencer caso não tivesse mais que trocar pneus. E os seus já estavam bem gastos.

Diz o regulamento que a manobra é terminantemente PROIBIDA e que a punição padrão a quem infringir a regra é a uma adição de cinco segundos ao tempo final da corrida, caso não haja mais paradas de boxe para se cumprir. O que, naquele momento era a situação.
A notícia foi veiculada como deveria: driver 44 under investigation.
E a corrida que acabara de modo fantástico ganhava alí uma sobrevida nos noticiários online e nas discussões de rede social.
Tanto a Liberty teria sua marca ventilada quando a própria FIA que, na melhor das hipóteses, estaria mostrando que não são apenas velhos inoperantes e que trabalham em prol do desporto na categoria.
A FIA, que vale lembrar, é conhecida nas rodas como “Ferrari International Aid” por (quase) nunca punir o time italiano entrava em uma posição em que, punindo Hamilton, acabaria por ajudar Sebastian Vettel de alguma forma e ratificando o apelido.
As especulações tomaram conta e as opiniões em redes sociais e textos em online nos portais dedicados ao automobilismo com alguma violência no sentido de acusar o golpe a favor da Ferrari.

Charlie Whiting chegou a dar entrevista dizendo que não haveria punição nenhuma com a estranha alegação de que Hamilton não fez de propósito e ainda perdeu tempo.
Como se fosse possível perder tempo e ganhar a corrida.
Então as vozes dos “especialistas” com diploma ou não, se levantaram para acusar o golpe a favor de Hamilton.
Só lembrando, não havia ainda uma posição oficial da FIA (e da Liberty) em relação ao desfecho das investigações.

Até aí, já havia se passado algumas horas do fim da corrida em si e o grande prêmio continuava na ordem do dia das redes sendo um dos assuntos mais comentados do dia, embora agora não mais pela beleza mostrada em pista.
Até que pouco mais de três horas depois da bandeirada, os comissários divulgaram que: sim, houve infração ao regulamento e sim, Lewis havia levado vantagem na situação, mas que, como punição, levaria apenas uma “reprimenda” da entidade.
Ou seja, a velha e boa passada de mão na cabeça do infrator.

Regras são regras e se não fossem para ser cumpridas, não haveria necessidade de tê-las, mas por outro lado, seria triste se após uma exibição tão brilhante, Lewis perdesse a vitória para Valteri Bottas daquela forma.
 Este texto, apesar de entender que a punição deveria ter sido realmente aplicada como manda o regulamento, não é para condenar as ações dos envolvidos... É apenas para dizer que alguém dentro das entidades (FIA e Liberty) realmente entende como funciona a cabeça dos “especializados” de diploma ou não, debatendo se a favor ou contra. Citando um ou outro caso semelhante, como Raikkonen em Baku em que o finlandês foi punido.
A entidades entenderam, finalmente, que não importa se bem ou mal, mas é importante que falem, que espalhem a marca F1 para além das horas da corrida.
Ainda que os assuntos não sejam nem épicos e nem heroicos, mas mesquinhos e vergonhosos.
Entenderam finalmente o marketing de rede social e como tirar proveito dele.