Contos do botequim - 3 - Uma tarde normal

E o fim da tarde chega encontrando toda a fauna que freqüenta o boteco do Canário reunida em torno de mesas devidamente cobertas de cervejas.
Andrade, Dito, o ex-prefeito, Márvio e até Anízio, o homem das funerárias.
As conversas variavam do tradicional futebol e política municipal até os também tradicionais pitacos sobre a mulherada que por ventura passa-se pela porta do boteco.
-Cê viu o jogo?
-Vi... Foi impedimento. O gol não valeu.
-Que gol? To falando do jogo de basquete...
-Basquete? Eu não assisto basquete... Não gosto de nada que põe as mãos na bola...
-Isto explica porque se divorciou...
-O que?
-Nada, nada... Deixa pra lá.

Então Derico, o fiscal da natureza – segundo as más línguas – adentra o bar e puxa uma cadeira...
-Ô Canário, seu safado... Trás uma coca-cola ai e uma porção de salame... Eu falei salame, heim? Vem com porcaria de mortadela não... - e virando-se para os amigos - E ai bando de desocupados? Que manda de novo?
-Mandar de novo em qual sentido? – diz Andrade, professor de português aposentado e chegado nos meandros da língua.
-Como assim em que sentido? – ficou curioso Derico.
-De novo no sentido de “novidade”, ou de novo no sentido de “outra vez”? – explica.
-Bom... Nos dois... – e ri amarelo.
-De novidade, nada...
-E se fosse “outra vez”? O que vocês mandam?
-Você ir tomar naquele lugar... – define o professor aposentado causando risos na turma.

Derico sabe da verve sacana de todos e nem liga.
-Márvio... Cê tem cachorro? – pergunta o ex-funcionario da ferrovia.
-Tenho... – responde - Por quê?
-Nada... É que a cadela lá de casa deu cria... E tem uns filhotes bonitos... São de raça.
-Obrigado... Mas eu não posso criar cachorro. Tenho alergia.
-Sem problemas... Alguém ai quer?
-Que raça que é? – se interessa Canário.
-São Bernardo...
-Para, Derico... Sua cadela nem é tão grande assim pra você dizer que é um São Bernardo... – diz Andrade.
-E nem muito religiosa também... - debocha Lucas, o açougueiro.
-Engraçadinho... E você Lucas? Não quer?
-Não... Não quero não... Tem um em casa que tá dando trabalho já... Por causa do nome...
-Do nome? – se interessa Andrade...
-É... Eu creio que seja... Levei para casa ainda filhotinho... Ficava lá, brincando com todo mundo... Bravinho até! E ninguém se preocupava em dar um nome para ele... Era cachorrinho para lá, cachorrinho para cá... E assim ia sendo... Até que alguém resolveu que ele tinha que ter um nome... E minha sobrinha foi lá em casa e escolheu um nome..
-E qual foi o nome que ela escolheu? – perguntou Dito, como verdadeiro porta voz da curiosidade de todos.
-Fiuk... Ela escolheu: Fiuk.
E todos riram.
-Mas qual o problema em batizar o cãozinho com o nome do filho do Fábio Junior? Ou de uma celebridade qualquer? - comentou Andrade.
-Nenhuma... Mas...
-Mas nada... – interrompe Andrade - Eu mesmo tive uma cachorrinha que levava o nome de Audrey, em homenagem a uma das mulheres mais bonitas da minha época...
-Audrey Hepburn? – pergunta Canário.-É... Conhece?
-Já li sobre... Mas faz tempo isto heim? Não sabia que você era tão velho...
-Ora... Vá se fu... Mas, conta ai Lucas, porque ele tá dando trabalho por conta do nome? – lembra-se Dito.
-É que enquanto a gente o chamava de cachorrinho, o bicho era invocadinho... Todo machinho... Mas foi só colocar este nome ai e pronto... Apareceu um monte de cachorro perto de casa e todos ficam cheirando o rabo dele... E ele nem liga... O silêncio permeia o ambiente até que:
-Cadê a coca com o salame Canário, porra! Tá disfarçando a mortadela para parecer com salame? – grita Derico.
-Não... To escrevendo no prato para o garçom não se enganar: para o Fiuk da mesa quatro, a dos aposentados...
E as outras história do boteco estão aqui: => Funerárias e Açougue.

Comentários

Anônimo disse…
... e M.C., escreve: Voces todos votaram no Restart, né ? Acabou ! O rock eeeeeeeee - rô ! Palavras profétiticas de Lobão, agora, o mansinho paulistano...
" Dizem que o Rock andou errando
Não valia nada, alienado
E eu aqui na maior das inocências
O que fazer da minha santa inteligência
Será que esse é o meu pecado, porque
Errou, errou, errou, errou
Eu sei que o rock errou
Acho que é melhor passar a borracha
Ninguém é perfeito você não acha?
Nem mesmo o bruxo da vassoura
Música do Planeta Terra
Cantiga de guerra
Canto, espanto e fico rouco
E ainda acham pouco porque
Errou, errou, errou, errou
Eu sei que o rock errou
Vivemos num país bem revistado
Uma nova volta ao passado
Muito louco anda solto
De colarinho, é claro
Se eu respiro inspiro mais cuidado
Desse pobre coitado, porque
Errou, errou, errou, errou
Eu sei que o rock errou " ... E bato Restart ! E bato Restart ! E dá-lhe Fiuk ! E dá-lhe Fiuk ! O rock errou ! E é a bundada do Aero ! E é a bundada do Smith ! eeeRRÔ ! E vamu de Júnior ! E vamu de Júnior ! O Rock eeeeeeeeeRROU ! E detona daqui, detona dali ! eeeerrÔ ! O pop é rock ! eeeeeRRô ! Mick " adocica " Jagger ! HAAAAA ! eeeeeerrô ! Ozzy agora é pai de familia ! Morcegos ? eeeeerrrô ! O do KISS, também ! eeeeeeRRÔ ! Só sobrou o Serguei ! Só sobrou o Serguei ! eeeeRRÔ ! Lá em Cabo-Frio...
Anônimo disse…
... e M.C., escreve: Caramba, todo mundo sumiu ! Aí, Groo ! Sempre desconfiei dos teus amigos com textos curtos deles. Amigo que é amigo escreve texto longo. É chato. Voce daí e eu, pá !, daqui. " Valeu, Groo ! Mais um texto maravilhoso "! Isso lá é amigo quem escreve isso aí ? Tem que falááááá ! Téim qui faláááá ! Aí, Groo, gostei do texto mas... coca com salame ? Lá, no final do texto ? Tu tem qui coloca a cerveja do anão ! A cervejinha ! O anúncio é tão engraçado que me esqueci o nome da cerveja, que é uma merda, diga-se de passagem. HA ! O publicitário pensa que eu vou pedir a cerveja do anão... vai nessa, mané ! Só bebo, agora, a Original ! Ou a da latinha "azul". Agora, a japa do anão num é lá essas coisas não. Se fosse a Sato... Te garanto que não esqueceria o nome da cerveja. A Sabrina tá boa pacas ! Tu já viu aquelas coxas de perto ? Cada dia mais boa. Cai direitinho, quando ela fica de perfil, com o bumbum... Já a Valeska Popozuda é que anda meio "Roberto Carlos"... Prá que aquelas coxas todas ? Eu, hein ? Assusta. depois dessa análise dos corpões femininos e cervejas, me despeço. Amanhã eu volto. O Balo sumiu ! O Marcelonso tá indo embora. Não confia no Latueiro e no Kesnault. São traíras os dois. Coca com salame... onde já se viu isso ?
GiglioF1 disse…
Groo,

Butecos são sempre terra fértil a cultura ininteligível e profunda...
Salame canário!!!!

Abraço!!
Marcelonso disse…
Groo,

Mais um belo texto,quisera eu poder ter o mesmo dom!

Mc meu chapa,não abandonamos grandes companheiros,pelo contrário estaremos sempre por perto.
Muitas vezes os dias são curtos demais para tudo que desejamos fazer,apenas isso.

Fique na paz brother!


abs Groo
Anônimo disse…
... e M.C., escreve: ... sei lá. Não confio em quem escreve assim: " grandes companheiros...", " sempre estamos por perto..." e bota a culpa no tempo ! O tempo não pára, já dizia Cazuza, chapa meu. Coisa tão simples de constatar. Mas o amigo é seu, não é meu... Aliás, é um "interamigo" meu. Que já foi um "interinimigo". Na paz, aeeee, tô agora, mermão. Cachimbo da paz, brôu Marcelonso... Tô que nem o Massa e o Barrichello, curtinho a via adoidado, meu ! Só vendo o Alonso e Hulkenberg passarem... aeee ! Vai uma tragada no cachimbão ? Aeeee. Nooooo uúmam nou crái ! Nooooo uúmam nou crái ! Ié !Ié ! Manero, ae ! Cê tão bem na foto, Marcelonso... É no Central Park ? Parece ser no Harlem... Mas voces estão felizes e unidos ! Parceiros ! Aeeee, botaram alguma porra no cachimbão da Paz ! Dêdois, que merda é essa ? Marcelonso é parceiro, brôu ! Não vá deixar o mano chapadão como eu.. aeeee ! Brother !
Anônimo disse…
...E M.C.: UERJ ! Campus da UERJ ! Aeeeee....