
-Quem convidou? – pergunta Pedro Marvio. – Quem foi o louco que você enganou?
-O grande empresário Manolo.
-Manolo é picareta! – observa Dito, o ex prefeito. – Tentou vender para a prefeitura um show de musica clássica sem nem ter uma orquestra.
-E o pior é que você comprou o show, não foi? – diz Derico.
-Detalhe... Detalhe... Mas continua. – finaliza o ex mandatário.
-Claro... Dizia eu – caprichando na empáfia – Manolo me convidou para ir a Hungria cantar alguns sambas e eu fui. Chegando a Budapeste o grande Manolo agendou três shows em uma casa chamada Ingnoiev. Que recebe o pessoal húngaro da terceira idade... Na primeira noite e mandei meu repertorio: “Samba do Avião”, “Regra três”, “Você abusou” e “Tonga da mironga do kabuletê”. Foi um sucesso! Mas a certa altura o publico começou a pedir insistentemente: “-Julio, Julio, Julio...” e eu pensei que devia ser o cantor oficial da casa, mas Manolo veio me dizer que o publico queria ouvir uma musica do Julio Iglesias. Que eles queriam algo mais brasileiro.
-Espera ai canastrão... Desde quando as musicas que você cantou são suas? Cê tava cantando Jobim, Vinicius e Toquinho! E os caras pediram Julio Iglesias? E desde quando Julio Iglesias é brasileiro? - se indigna Andrade.
-Calma mestre, eu sei, você sabe e talvez a torcida do Corinthians saiba, mas os húngaros não sabem que as canções não são minhas e que Iglesias não é brasileiro. E deixa eu continuar... Então aleguei ao Manolo que não cantaria, afinal, nem gosto de Julio Iglesias, não sei uma musica dele sequer e nem falo espanhol. Mas ele disse: “-Ou canta, ou não recebe!”. Na casa do sem jeito, aceitei... Peguei o violão, me sentei no banquinho e me esforcei para lembrar de algo do homem e num rompante de luz me recordei: “As veces tu, as veces yo”! E não tive duvidas, mandei um espanhol mandraque e quando chegava ao refrão, dava uma sacaneada básica e cantava: “-As veces c*, as veces b**da. Um dia mete outro no, quando no mete quer brigar...” e no fim era aplaudido de pé.
-Mas é safado mesmo... Enganou todo mundo – recrimina Andrade – Mas já que ganhou dinheiro desonestamente, use para pagar as bebidas ai... Vai!
Um “ehhhhh” foi ouvido até que:
-Não vai dar! – disse Camargo - No ultimo show, logo no ultimo quando eu cantei o refrão da musica do Julio, uma turma se levantou no fundo da casa de shows e entre xingamentos e ameaças disse que aquilo era uma afronta! Que eu era uma fraude... O dono da casa foi até lá saber o que estava acontecendo e o porta voz do grupo explicou que o que eu estava cantando era uma indecência, uma imoralidade e que Julio Iglesias nunca cantaria aquilo... E traduziu pra ele o que era... Fui expulso da casa sem receber um tostão...
-Húngaros que falavam espanhol? – pergunta Derico. – Bem feito pra você, pilantra...
-Não... Um bando de argentinos mesmo em excursão pela Europa... Tinha que ser... O povinho safado estes argentinos... Não podem ver ninguém trabalhando honestamente...
Comentários
Essa vida de blogueiro não é mole hein!
Tô achando que o MC é argentino!
abs