
Sexta a feira a tarde é um convite ao happy hour e no bar do Canário, ainda que freqüentado por aposentados ou desocupados notórios não é diferente.
Sentados às mesas ou ao balcão estavam lá: Pedro Márvio; Andrade; Derico, o fiscal da natureza; Dito Fernando, o ex-prefeito; Anízio; Lucio, o açougayro, nas palavras do professor aposentado entre outros menos cotados...
Tomavam cervejas, refrigerantes e cafés, comiam os bolinhos de arroz receita na qual a cozinheira de Canário havia se especializado, usando o arroz não consumido nos almoços servidos diariamente.
-Ô Canário! Trás mais uma porção de resto ai e um coca gelada com limão... – grita Derico.
-Não é resto não... É bolinho de arroz! Iguaria, coisa fina... – responde o dono do bar.
-É nada, é só uma forma de você reaproveitar o que não consegue vender... E empurra na gente. – emenda Dito.
-E por acaso tem lingüiça calabresa no arroz? Queijo, bacon? Tem? – retruca Canário.
-Mais resto... – resmunga Pedro Márvio.
-Que isto! Que absurdo! É tudo fresco, novinho... – se defende o vendeiro.
-Ok, Canário! Não é resto, a gente capitula... São sobras, se isto te faz mais feliz. Certo? – apazigua Andrade, já mastigando um deles.
-Assim, sim... – concorda e se retira para trás do balcão.
Então um silêncio curioso se abate sobre o salão do bar.
É que em sua porta principal aparece um chinês, ou coreano já que a primeira vista ninguém - nem Andrade – soube identificar.
Trajando uma calça de sarja clara, uma camisa florida de mangas curtas e nos pés calçava os mesmos modelos de tênis que trazia dentro de uma sacola de lona e começava a oferecer aos presentes...
Os “nãos” vão se seguindo, até que ele oferece para Derico, que - chegado a um produto falsificado, desde que barato – se interessa e abre negociação.
-Quanto é? – pergunta ele.
-Naique. – responde o chinês ou coreano...
-Não... Não é a marca... É o preço! How much? – Tenta novamente.
-Ah! Pleço? Oitenta leal… Naique.
-Tá caro… Oitenta tá caro… Pago cinquenta.
-Cinquenta? Non… Oliginal Naique… Oitenta.
-Pago só cinquenta, nem um centavo mais…
-Non... Ointenta. Naique...
-Cinquenta, e nem vem com esta história de nike... De nike aqui só tem o logotipo...
-Non... Naique, eu plova... Paga oitenta leal e eu plova Naique.
Derico ficou desconfiado, pensou um pouco e olhou para os colegas como se procurasse aprovação que, óbvio, ninguém expressou nem facialmente. Problema dele.
-Ok, china, eu pago oitenta reais, mas quero ver se é nike mesmo... – e tira o dinheiro da carteira entregando ao chinês/coreano que lhe entrega um par de tênis branco e vermelho, iguais aos modelos air da marca americana original.
-Agora prova... Vai, prova que é nike mesmo...
O chinês/coreano então abre a carteira para guardar o dinheiro e de dentro dela saca seu documento de identidade RNE (registro nacional de estrangeiros) onde se lê: Kwang Young Naique.
-Eu fablica... Tênis meu é Naique oliginal... Obligado. – e sai pela porta sob o olhar espantado de todos.
-Não quero comentários! – diz Derico antes de ouvir a explosão de gargalhadas.
Em tempo: o par de tênis não durou duas semanas completas...
Sentados às mesas ou ao balcão estavam lá: Pedro Márvio; Andrade; Derico, o fiscal da natureza; Dito Fernando, o ex-prefeito; Anízio; Lucio, o açougayro, nas palavras do professor aposentado entre outros menos cotados...
Tomavam cervejas, refrigerantes e cafés, comiam os bolinhos de arroz receita na qual a cozinheira de Canário havia se especializado, usando o arroz não consumido nos almoços servidos diariamente.
-Ô Canário! Trás mais uma porção de resto ai e um coca gelada com limão... – grita Derico.
-Não é resto não... É bolinho de arroz! Iguaria, coisa fina... – responde o dono do bar.
-É nada, é só uma forma de você reaproveitar o que não consegue vender... E empurra na gente. – emenda Dito.
-E por acaso tem lingüiça calabresa no arroz? Queijo, bacon? Tem? – retruca Canário.
-Mais resto... – resmunga Pedro Márvio.
-Que isto! Que absurdo! É tudo fresco, novinho... – se defende o vendeiro.
-Ok, Canário! Não é resto, a gente capitula... São sobras, se isto te faz mais feliz. Certo? – apazigua Andrade, já mastigando um deles.
-Assim, sim... – concorda e se retira para trás do balcão.
Então um silêncio curioso se abate sobre o salão do bar.
É que em sua porta principal aparece um chinês, ou coreano já que a primeira vista ninguém - nem Andrade – soube identificar.
Trajando uma calça de sarja clara, uma camisa florida de mangas curtas e nos pés calçava os mesmos modelos de tênis que trazia dentro de uma sacola de lona e começava a oferecer aos presentes...
Os “nãos” vão se seguindo, até que ele oferece para Derico, que - chegado a um produto falsificado, desde que barato – se interessa e abre negociação.
-Quanto é? – pergunta ele.
-Naique. – responde o chinês ou coreano...
-Não... Não é a marca... É o preço! How much? – Tenta novamente.
-Ah! Pleço? Oitenta leal… Naique.
-Tá caro… Oitenta tá caro… Pago cinquenta.
-Cinquenta? Non… Oliginal Naique… Oitenta.
-Pago só cinquenta, nem um centavo mais…
-Non... Ointenta. Naique...
-Cinquenta, e nem vem com esta história de nike... De nike aqui só tem o logotipo...
-Non... Naique, eu plova... Paga oitenta leal e eu plova Naique.
Derico ficou desconfiado, pensou um pouco e olhou para os colegas como se procurasse aprovação que, óbvio, ninguém expressou nem facialmente. Problema dele.
-Ok, china, eu pago oitenta reais, mas quero ver se é nike mesmo... – e tira o dinheiro da carteira entregando ao chinês/coreano que lhe entrega um par de tênis branco e vermelho, iguais aos modelos air da marca americana original.

O chinês/coreano então abre a carteira para guardar o dinheiro e de dentro dela saca seu documento de identidade RNE (registro nacional de estrangeiros) onde se lê: Kwang Young Naique.
-Eu fablica... Tênis meu é Naique oliginal... Obligado. – e sai pela porta sob o olhar espantado de todos.
-Não quero comentários! – diz Derico antes de ouvir a explosão de gargalhadas.
Em tempo: o par de tênis não durou duas semanas completas...
Outros contos do botequim aqui: Açougue, Funerárias, Tarde normal, Virado à paulista,sashimi, sambista 1 e sambista 2
Comentários
Naique é soda. Mas o bolinho De Lavoisier é melhor..rsrs.
Abs.
Essas histórias são divertidas, sempre nos convidando a uma viagem pelo universo "Grooniano".
abs