Combustível para o fogo
O ambiente pesado – como convém a um velório – só foi quebrado devido à chegada de amigos mais íntimos do morto. -Cirrose? – perguntou um à viúva. -Falência múltipla dos órgãos. – respondeu ela entre prantos. -Cirrose... – vaticinaram os outros amigos. Silveira era a alegria das festas. Com ele o riso era garantido não importando o que fizesse para extraí-lo das pessoas. Cheio de surpresas e histórias costumava agregar os amigos a elas sem nenhum aviso. Turbinava-se com litros e litros de destilados e fermentados. -Era um cu de cana. – disse outro à viúva que corou. -Bebia só um pouco. – tentou consertar um parente não muito próximo. -A cada dez minutos sim: ai bebia um pouco... – todos tentaram em vão segurar o riso. -E naquela festa da firma? – alguém lembrou. -Quando se fantasiou de Papai Noel, mas esqueceu de por as calças? -Sim... – e os risos foram abafados, mas espontâneos. -Quando foi alertado que estava sem as calças ele se saiu muito bem... -Foi, foi... Diss